Num discurso de vitória após as eleições presidenciais deste domingo, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu uma postura de estado e começou por recordar as vítimas da pandemia de Covid-19 no seu pior dia de sempre em Portugal.
“Deixem-me dizer, de coração aberto, como me sinto profundamente honrado e agradecido por essa confiança em condições tão mais difíceis do que as de 2016”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, que começou a sua intervenção referindo os dados de novos casos de infeção, de internamentos e de doentes com covid-19 nos cuidados intensivos.
“A 2 de novembro, no dia da evocação das vítimas da pandemia no Palácio de Belém, havia 2.590 mortos. São agora 10.469. Para eles, assim como para os mortos não Covid, destes quase 11 meses de provação, vai o meu, o nosso primeiro emocionado pensamento”, disse o presidente. “Para eles, assim como para os mortos não covid destes quase onze meses de provação, vai o meu, o nosso primeiro emocionado pensamento”.
“Conter primeiro; abreviar depois a pandemia para que possamos passar definitivamente ao resto tão essencial que temos que fazer”, resumiu. “Tudo começa no combate à pandemia. Se a pandemia durar mais, e for mais profunda, tudo o resto que queremos tanto, correrá pior, durará mais, será mais difícil de enfrentar.
Reeleito com 60,7% dos votos, o presidente manifestou gratidão pessoal aos portugueses, partidos e grupos de cidadão que o apoiaram, mas estendeu este agradecimento também aos que não votaram nele, considerando que “sabem que o Presidente é um só e só um e representa todo o Portugal”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a eleição de hoje proporcionou inequívocas respostas acerca do nosso futuro imediato. “Tenho a exata consciência de que a confiança agora renovada é tudo menos um cheque em branco“.
“Quem recebe o mandato tem de continuar a ser um Presidente de todos e de cada um dos portugueses. Um presidente próximo, um presidente que estabilize, um presidente que una, que não seja de uns, os bons, contra os outros, os maus. Que não seja um Presidente de fação”, acrescentou Marcelo.
Os portugueses “querem combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão, querem um sistema político estável, com governação forte, sustentada e credível e alternativa também forte para que a sensação de vazio não convide a desesperos e a aventuras”, numa aparente referência ao resultado de André Ventura e crescimento do Chega, “não querem radicalização e extremismo nas pessoas, nas atitudes e na vida social e política”.
Os portugueses querem, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa, “um Presidente que respeite o pluralismo e a diferença. Um Presidente que nunca desista da justiça social”.
Marcelo Rebelo de Sousa foi este domingo reeleito à primeira volta para um segundo mandato como Presidente da República com 60,76% dos votos. Ana Gomes ficou em segundo com 12.93%, seguindo-se André Ventura com 11.89%.
ZAP // Lusa