Os serviços postais culpam Washington por não lhes ter dado tempo suficiente para se prepararem para as novas regras aplicáveis a envios postais após as tarifas impostas pela Administração Trump.
Os serviços postais de alguns países da Europa vão deixar de enviar encomendas para os Estados Unidos, à medida que entram em vigor, no final do mês, novas tarifas sobre a importação de bens com valor inferior a 800 dólares.
O presidente norte-americano, Donald Trump, aboliu no mês passado por ordem executiva, com efeito a partir de 29 de agosto, a isenção fiscal sobre bens de baixo valor, conhecida “minimis”.
Os correios nacionais de França, Espanha, Alemanha e Reino Unido anunciaram que vão suspender temporariamente os envios para os EUA a partir da próxima semana, para se adaptarem às novas medidas, diz o Politico.
O operador belga Bpost já tinha interrompido os envios para os EUA na passada sexta-feira, segundo um comunicado da empresa.
As suspensões dos envios, que não abrangem cartas nem pequenos volumes de valor inferior a 100 dólares, terão início nesta segunda-feira e manter-se-ão em vigor até que os serviços postais encontrem soluções práticas.
“A suspensão manter-se-á pelo tempo estritamente necessário para adotar as medidas operacionais indispensáveis ao cumprimento das novas obrigações impostas pelos Estados Unidos”, afirmou na sexta-feira o serviço postal espanhol Correos.
O Royal Mail do Reino Unido disse esperar que a interrupção dure apenas alguns dias, após os quais terá “um novo sistema em funcionamento”, noticiou a BBC.
Alguns dos serviços postais responsabilizam os EUA por não lhes terem dado tempo suficiente para se adaptarem às novas regras.
“Apesar das conversações com os serviços aduaneiros norte-americanos, não foi concedido qualquer prazo aos operadores postais para se organizarem e garantirem os desenvolvimentos informáticos necessários ao cumprimento das novas regras estabelecidas”, afirmou a francesa La Poste, citada pelo Le Monde.
As tarifas sobre pequenos volumes surgem precisamente no momento em que os EUA e a União Europeia chegaram a acordo sobre um novo pacto comercial, pondo fim a meses de tensões crescentes em torno das tarifas impostas entre os dois blocos económicos.
Até agora, a política fiscal norte-americana permitia que encomendas de baixo valor chegassem aos EUA com pouca burocracia e sem pagamento de tarifas, o que favorecia o crescimento de plataformas como a Shein e Temu.