Comissão Europeia

Representantes de UE e EUA, depois da assinatura do acordo comercial
Von der Leyen parece aliviada na fotografia – mas basta olhar para o lado, para ver a “petrificada” Sabine Weyand e o estado de espírito real da UE.
O acordo comercial abrangente entre União Europeia (UE) e Estados Unidos da América (EUA) foi anunciado no domingo passado: tarifa de 15% na maioria dos produtos.
É metade da ameaça de Donald Trump, presidente dos EUA, que tinha avisado que as importações vindas da UE chegariam aos 30%.
Na fotografia oficial, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, aparece sorridente e a levantar o polegar. Tal como Trump, aliás.
Mas basta olhar um pouco mais para o lado, mais precisamente para a pessoa mais pequena na foto acima, com óculos: é Sabine Weyand, especialista em negociações da Comissão Europeia; e no seu rosto “petrificado” vê-se o “estado de espírito real” da UE.
Porque Sabine sabe que este acordo não é motivo para comemorar, continua o Handelsblatt.
Inédito, sucumbência
É que este desfecho é inédito: a União Europeia nunca tinha aceitado assinar um acordo comercial com os Estados Unidos que aumenta tarifas para as exportações europeias, em vez de reduzi-las.
O Financial Times não hesita: a UE “sucumbiu ao rolo compressor” de Donald Trump. Desde logo, antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca, os produtos da UE tinha uma taxa média de 1,47% – valor que multiplica por 10, agora.
Além disso, no meio de meses de negociações e tensões, em Abril a UE tinha aceitado uma nova proposta dos EUA, que seriam 10% na maioria dos produtos. Afinal, será mais 50% do que isso.
Os responsáveis europeus estariam a ter uma abordagem com base no primeiro mandato de Trump enquanto presidente dos EUA; mais suaves, pacientes, com etapas mais espaçadas e menos arriscadas. Mas Donald Trump está diferente neste capítulo e agiu mais rapidamente, antecipou-se: em Março já estava a anunciar 25 % de tarifas em aço, alumínio e carros.
A partir daí, a UE viu-se em desvantagem. O comissário do Comércio e Segurança Económica, Maroš Šefčovič, ainda foi sete vezes a Washington, esteve mais de 100 horas à conversa com negociadores dos EUA. Foram propostas de acordo, foram demonstrações da importância da relação transatlântica, foi um foco nos carros alemães, por exemplo. Nada. Os EUA estavam por cima.
Foi também nessa fase que foi rejeitada a proposta de tarifas de 10% para os dois lados.
No geral, e continuando no Financial Times, em Bruxelas pode haver (do lado europeu) alívio por evitar a guerra comercial – mas arrependimento por não se ter tomado uma posição mais firme desde o início.
É que Canadá ou China, que responderam logo, são só um país. Na União Europeia há 27 países, 27 visões (ou mais) sobre o que fazer.
O que falta explicar
E aqui encaixa um dos tópicos que está por explicar neste acordo: é multilateral? Há países-membros da UE que ainda vão ter de aprovar o documento? Não se conhece a fórmula jurídica.
Nesse contexto, José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, já pediu ao Governo para o Governo avaliar de forma extensiva o impacto do acordo na economia em Portugal.
Bruxelas assegurou que vai investir mais 600 mil milhões de dólares nos EUA nos próximos anos; mas não foi definido um calendário, nem se sabe como (e se) o sector privado vai entrar nesse objectivo.
Há outras alíneas que ainda não foram explicadas. O ECO lança algumas dúvidas: quais serão as taxas que vão ser aplicadas aos vinhos e às bebidas espirituosas (assunto delicado nestas negociações).
Também não se sabe quais serão as tarifas aplicadas a produtos farmacêuticos.
Tal como não se sabe o que vai ficar isento. Fala-se numa série de produtos considerados estratégicos (como aviões, semicondutores ou produtos químicos) mas ainda não foi publicada uma lista detalhada desses produtos isentos.
No sector energético, há muitas dúvidas. A Comissão Europeia anuncia que vai importar petróleo, gás e carvão dos EUA por 650 mil milhões de euros – mas as pessoas do sector perguntam como é que isso vai ser implementado.
Agora haverá quantidades de importação determinadas politicamente – mas que não correspondem aos mercados de energia livre como o conhecemos. Na Alemanha, lembra-se que os contratos são negociados entre o fornecedor e o cliente; e a energia seria comprada onde o preço fosse mais baixo.
Reacções
A Comissão Europeia defende o acordo, como seria de esperar. O comissário Maroš Šefčovič disse que este acordo “é muito melhor do que a alternativa que seria uma guerra comercial com os EUA. Se tivesse de resumir este acordo UE-EUA numa frase, diria que traz uma estabilidade renovada e abre caminho para a colaboração estratégica”, acrescentou.
Por cá, o primeiro-ministro Luís Montenegro fala em “previsibilidade e estabilidade, vitais para as empresas portuguesas e a economia. Evita a escalada, mas põe exigências novas na luta por mais acordos de comércio, no corte de barreiras e na agenda transformadora de simplificação e redução de custos”.
Friedrich Merz, chanceler da Alemanha, vê um passo positivo, não fugindo a um assunto central no seu país – o sector automóvel: “Este acordo conseguiu evitar um conflito comercial que teria atingido duramente a economia alemã orientada para a exportação. Isto aplica-se especialmente à indústria automóvel, onde as actuais tarifas de 27,5% serão reduzidas quase para metade, ficando nos 15%”.
Do lado dos Países Baixos, o primeiro-ministro Dick Schoof está satisfeito mas não aos saltos: “É claro que zero tarifas teria sido melhor, mas este acordo proporciona mais clareza para os nossos negócios e traz mais estabilidade ao mercado”.
Mas também houve críticas públicas. Algumas sérias: “É um dia sombrio (para a Europa) aquele em que uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar os seus valores e defender os seus interesses, se resigna à submissão“, avisou o primeiro-ministro de França, François Bayrou.
O sector energético na Alemanha está surpreendido: “Estamos completamente sem palavras”, disse fonte de um grande grupo de energia alemã, no Handelsblatt.
Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, emitiu a reacção mais mediática: “Não foi Donald Trump que concluiu um acordo com Ursula von der Leyen; foi Donald Trump que ‘comeu Ursula von der Leyen ao pequeno-almoço‘”.
Guerra das Tarifas
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29 Julho, 2025 “Estamos sem palavras”, “foi comida”. O que falta explicar no acordo EUA-UE
Sair da UE, voltar aos escudos e defendermos o que é nosso sem ter de obedecer aos cães grandes (ou que se julgam grandes) desta Europa velha, sem visão de futuro e completamente corrompida pelo socialismo.
Sem dúvida que a UE foi comida, este acordo é vergonhoso. Mas Portugal fora da UE seria literalmente cilindrado, não sobrava nada. Dependentes como estamos do exterior e sem indústria de relevo, não temos qualquer voto na matéria. E sendo um pequeno industrial, bem sei que somos vistos como os parentes pobres da Europa.
Você sabia que são os partidos de esquerda socialistas BE e PCP que defendem essa saída. Os de direita não defendem isso.
Claro que seríamos cilindrados. Num país que desde o 25 de Abril de 1974 destruiu o (pouco) que tinha de indústria e agricultura. Os montes alentejanos que dantes davam cereais e que agora são comprados pelos ‘meninos’ do entertainment tuga simplesmente para dizerem que ‘comprei um monte no Alentejo’, mas além de darem lá umas festas ‘socialite’ não fazem a mínima ideia para que é que aquilo serve, e acabam por vender a empresas estrangeiras para transformar em hotéis de charme. Por outro lado os pretensos ‘industriais’ que abrem umas fábricas, apenas para mamarem subsídios do estado, e fecham as empresas quando já não há mais subsídios atirando os empregados para o desemprego. Portugal tornou-se um clube de férias para meninos ricos. Portugueses vão-se embora que estão a empatar. Menos quando há eleições porque aí os políticos precisam dos nossos votos para os ‘tachos’.
A Vanderléa entregou a Europa de bandeja para o laranjão yankee. A Europa ficou de joelhos lambendo as botas sujas desse verme ganancioso e asqueroso e terão que entregar tudo que ele quiser e exigir a partir de agora. Os europeus irão trabalhar cada vez mais para pagar os prazeres do laranjão.
Afinal o Passos tinha razão, emigrem!
Isto, nem antes nem depois do 25 Abril.
Eu acho que a União Europeia tem os dias contados. Há cada vez menos ‘união’ na Europa. Cada um dos membros puxa para seu lado, porque cada país tem os seus interesses próprios. Este acordo que a Von der Leyen fez com o Trump foi claramente a pensar no sector automóvel da Alemanha. BMW, Mercedes, Porsche vendem milhares de carros por ano aos USA e seria o descalabro económico da Alemanha se perdessem o mercado americano. A Inglaterra já bateu com a porta, e parece-me, que os próximos vão ser os franceses. Eles não estão a gostar nada mesmo do acordo Mercosul.
Montenegro acha óptimo que a von der Leyen, tenha arreado as calças em nome da “estabilidade e previsibilidade”. PREVISIBILIDADE !!!???… com o Trump? É parvo, ou deve querer fazer parvos de todos nós.
… Ele quer lá saber. Se a coisa ficar preta, dá à sola e nós pagamos a fatura…. A história já nos ensinou isso quantas vezes. A democracia é escolhermos um político baseado unicamente em promessas e quando a coisa corre mal, sai de fininho, e nos cá ficamos para pagar as faturas. Infelizmente a memória do homem é curta e esquece rapidamente aquilo que ela nos ensina.