Pickle

Jovens influencers chegam a ganhar 10 mil euros por mês a alugar roupas na Pickle
Manter um guarda-roupa com as peças da moda tornou-se uma “empresa” para milhares de influencers, que seguem peças virais e compram roupas apenas para alugar. Chegam a ganhar milhares de euros por mês — que usam para tudo, desde pagar as contas até reinvestir nos seus próprios negócios.
Há alguns meses, a influencer nova-iorquina Lane Creatore percebeu que estava sentada numa mina de ouro inexplorada: o seu guarda-roupa.
O seu armário estava cheio de peças virais, muitas delas pouco usadas e a ocupar espaço no seu pequeno apartamento em Nova Iorque. Em vez de deixar estas roupas a acumular pó, Creatore decidiu alugá-las online.
A blogger de moda de 31 anos é uma das milhares de mulheres que alugam as suas roupas na aplicação Pickle.
O mercado alvo são jovens citadinas, desesperadas por estar na moda da cidade — que talvez precisem de um vestido para um casamento, ou estejam apenas ansiosas para usar uma peça mas não queiram pagar o preço total.
Nos melhores meses, Creatore chega a ganhar mais de 10 mil euros. “O Pickle é a matemática feminina definitiva,” disse Creatore à Business Insider. “Em vez de pensar em termos de usar a roupa, penso: ‘vou fazer este investimento para alugar’“.
O Pickle, que para já apenas está disponível em iOS e nos Estados Unidos, foi fundado em 2022 por Brian McMahon e Julia O’Mara, ex-funcionários da empresa nova-iorquina de investimentos alternativos Blackstone.
Após lançar a sua aplicação, o Pickle recrutou influenciadores de Nova Iorque para crescer. Em 2023, abriu a sua primeira loja física na cidade, e desde então expandiu-se para mercados como Los Angeles e Miami.
A startup angariou entretanto 20 milhões de dólares, cerca de 18,5 milhões de euros em investimentos de business angels.
Segundo a empresa, que retém 20% das transações na aplicação e 35% das transações da sua loja física, os 10 principais “locadores” do Pickle ganharam uma média de 3 mil por mês em 2024.
Algumas ganham milhares
Creatore começou a alugar no Pickle em julho e listou apenas alguns itens. Menos de um ano depois, no mês de abril, ganhou quase 12 mil euros, mas em média ganha de 6 a 11 mil euros mensalmente — contas que o Insider comprovou.
Isabella De Murguia, locadora de 26 anos também de Nova Iorque, trabalha em consultoria e dedica cerca de quatro horas por semana ao seu negócio paralelo no Pickle.
Abriu o seu guarda-roupa em 2023, depois de ver anúncios da aplicação no TikTok, e agora ganha entre 2.700 e 3.700 euros por mês durante as temporadas de pico de aluguer.
Jess Work, 26 anos, trabalha a tempo inteiro na moda enquanto equilibra um trabalho em part-time como criadora de conteúdo.Tem tido rendimentos médios semelhantes aos de e Murguia, mas em alguns meses, como como durante as férias, chega a ganhar cerca mais de 5 mil euros através da aplicação.
Work tem um total de 229 anúncios no Pickle, cujo aluguer diário entre os 15 e os 200 euros. O item mais caro é um vestido prateado de edição limitada da H&M. Segundo a blogger, o vestido foi alugado várias vezes desde que o listou, há seis meses.
Mesmo as locadoras que não atingem regularmente estes valores conseguem ganhar uma quantia considerável. Andrea Duffield, uma empreendedora de 31 anos de Miami, ganha entre 500 e 750 euros por mês, o que é útil “especialmente nesta economia.”
Em Los Angeles, a fotógrafa e bartender Kana Kozlowski, 26 anos, aluga as suas roupas há cerca de um ano. Na maioria dos meses, ganha entre 200 e 500 euros, mas notou um aumento durante o festival Coachella.
Em toda a plataforma, o Pickle teve picos de alugueres durante feriados como o Halloween, ou categorias sazonais como equipamento de esqui.
Para algumas destas locadoras, os ganhos do Pickle são usados para pagar despesas diárias e contas. De Murguia diz que a aplicação a ajuda a atingir metas de poupança e a pagar a sua vida social.
“É realmente difícil ter a alegria de ser uma criativa a tempo inteiro quando estás preocupada com dinheiro,” conta Creatore. “Isto deu-me essa paz de espírito, permitiu que me apaixonasse de novo pelo meu blog e pela fotografia“.
Manter um guarda-roupa Pickle dá trabalho
Ao contrário da maioria dos nova-iorquinos, De Murguia tem muito espaço de armazenamento — quatro armários são para ela e o seu inventário do Pickle, e um é para o namorado.
O Pickle mudou a forma como as locadoras compram. “Posso comprar algo que talvez não tivesse comprado anteriormente,” diz Work. “Sei que serei capaz de, espero, ganhar mais do que o que custou — ou pelo menos cobrir o custo do item”.
Creatore tem uma folha de cálculo para registar os custos de compra, aluguer e manutenção, e De Murguia devolve qualquer coisa que não alugue no espaço de uma semana.
Manter o fluxo de inventário também tem um custo. Work estima que gasta entre 900 e 1.800 euros por mês em novos itens.
Alguns dos itens são sucesso garantido, contam as locadoras: peças esgotadas, que foram vistas numa celebridade, ou peças de certas marcas, como a Rat & Boa e a Frankies Bikinis.
Assim, parte do segredo do sucesso é saber o que se vai viral. “Se algo começa a ficar realmente popular num mercado particular ou nas redes sociais, normalmente aparece no Pickle imediatamente“, diz McMahon.