Cientistas comprimem um computador inteiro numa fibra de tecido — que pode ir à máquina

Um novo computador integrado numa fibra contém oito dispositivos que funcionam em conjunto como uma única entidade computacional. Os cientistas querem tecer várias dessas fibras para que possam trabalhar juntas como peças integradas de vestuário inteligente.

Uma equipa de cientistas incorporou componentes essenciais de computação numa única fibra flexível — que pode ser passada pela máquina de lavar.

Os investigadores esperam, no futuro, poder tecer muitas dessas fibras numa rede coesa de “computação em fibra” — ou seja, roupas com capacidades inteligentes integradas.

Os têxteis inteligentes, também conhecidos como tecidos inteligentes ou e-têxteis, são materiais que contêm componentes eletrónicos capazes de potenciar as funcionalidades de dispositivos vestíveis e outros produtos.

Estes materiais poderiam, por exemplo, ser usados para criar roupas ou displays produzidos com componentes computacionais incorporados, diz o Live Science.

Uma das primeiras aplicações modernas desta ideia foi a criação do LilyPad em 2007 — uma série de componentes eletrónicos costuráveis, concebidos para serem usados em roupa interativa, brinquedos ou esculturas.

Uma das limitações mais significativas dos têxteis inteligentes é que as capacidades computacionais das fibras individuais são muito limitadas, e não estão integradas com quaisquer componentes por si mesmas.

Por não terem componentes, tarefas básicas como interpretar sinais biológicos em tempo real tornam-se difíceis — e é complicado captar sinais para posterior processamento de dados.

No novo estudo, cujos resultados foram apresentados num artigo recentemente publicado na revista Nano-Micro Letters, os cientistas conseguiram integrar sensores, comunicação, computação e armazenamento numa única fibra.

Cada fibra elástica apresenta ainda 60% de elasticidade e pode ser lavada na máquina — o que significa que poderia ser usada para tecer roupas práticas.

A nova fibra também permite que roupas ou dispositivos inteligentes tenham maior precisão, devido à deteção em múltiplos pontos e à interação em tempo real entre o computador e o utilizador, explicaram os cientistas no estudo.

Uma única fibra alcançou 67% de precisão no reconhecimento de movimentos específicos, enquanto quatro fibras a trabalhar em conjunto aumentaram a precisão para 95%.

“Esta melhoria notável evidencia o imenso potencial da deteção colaborativa entre múltiplas fibras e do raciocínio distribuído, apresentando uma abordagem transformadora para sistemas vestíveis inteligentes que integram perfeitamente a computação localizada com a tomada de decisão em rede, oferecendo desempenho robusto e de alta fidelidade”, dizem os autores do estudo.

Novos estudos no futuro, salientam os investigadores,  poderão concentrar-se no desenvolvimento de protocolos de comunicação de maior rendimento e menor latência, especificamente adaptados para este tipo de computadores em fibra.

ZAP //

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