Marcos Santos / USP

Houve menos 9 mil candidatos. Sobraram 11.513 vagas, o valor mais elevado da última década. Já há datas para quem está há espera da 2.ª fase.
Mais de 43 mil alunos ficaram colocados numa instituição de ensino superior pública, correspondendo a nove em cada 10 candidatos, e a maioria conseguiu vaga no curso que pretendia, segundo dados oficiais divulgados este sábado.
Este ano houve menos nove mil candidatos ao ensino superior, não chegando aos 50 mil, e as previsões de haver menos alunos a entrar no ensino superior confirmaram-se: Na 1.º fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior ficaram colocados 43.899 estudantes, o que corresponde a uma diminuição de 12,1% em relação ao ano passado.
Por outro lado, aumentou a percentagem de candidatos que conseguiu uma vaga, atingindo-se o valor mais alto de sempre de 90,1% de colocados, mais quatro pontos percentuais do que em 2024.
A maioria (63,1%) conseguiu ficar colocada na sua primeira opção e 90,9% numa das suas três primeiras opções de candidatura, sendo também estes os valores mais elevados dos últimos anos.
Para o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), este aumento percentual revela “um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”.
Recorde de vagas
Os números mostram que este ano havia mais 626 vagas e menos nove mil candidatos. Resultado: Sobraram 11.513 vagas, o valor mais elevado da última década.
Vagas deixadas por desistentes publicadas dia 2. Candidaturas terminam dia 3
Os alunos colocados na 1.ª fase têm agora quatro dias, entre segunda e quinta-feira, para se inscreverem. Sendo que poderão voltar a candidatar-se à 2.º fase, cujas candidaturas também começam na segunda-feira.
Além das 11.513 vagas que agora sobraram, na 2.º fase surgem novos lugares deixados por alunos que não concretizaram a matrícula e inscrição.
Estas novas vagas dependentes de alunos que desistam do lugar serão divulgadas apenas a 2 de setembro no site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), sendo ainda possível nessa altura alterar uma candidatura já feita.
As candidaturas para a 2.º fase terminam a 3 de setembro e os resultados serão divulgados a 14 de setembro.
Podem concorrer à 2.ª fase os que não ficaram agora colocados e os que tendo conseguido um lugar pretendem mudar de curso. No entanto, “se estes estudantes forem colocados na 2.ª fase, a colocação na 1.ª fase, bem como a matrícula e inscrição que realizaram, são anuladas”, recorda a tutela.
Os candidatos colocados na 1.ª fase que não procederam à respetiva matrícula e inscrição também podem voltar a inscrever-se na 2.º fase.
As médias mais altas
Engenharia Aeroespacial, na Universidade do Porto, volta a ser este ano o curso com a média mais elevada: o último aluno a conseguir uma das 30 vagas disponíveis na 1.ª fase teve uma média de 19,43 valores.
Mas há outros 13 cursos ministrados nas universidades do Minho, Porto, Aveiro e Lisboa e um no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave – Escola Superior de Tecnologia em que só entraram alunos com notas de excelência.
Logo a seguir a Engenharia Aeroespacial surge o curso de Engenharia de Sistemas Informáticos, em regime pós-laboral, do Politécnico de Cávado e do Ave, em que o último aluno a entrar teve uma média de 18,95 valores, um valor muito acima do registado nos últimos anos. A instituição abriu 32 vagas, mas só ficaram colocados quatro alunos, uma exceção entre os cursos de excelência.
Seguem-se os cursos de Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho (18,85 valores), Engenharia e Gestão Industrial, na Universidade do Porto (18,65 valores), e Medicina, também no Porto, com 18,53.
Só depois surgem dois cursos da Universidade de Lisboa: Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) com 18,51 valores, e Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico com 18,50.
Educação Básica dispara
Os dados mostram ainda que aumentaram em 20,3% os estudantes colocados em licenciaturas em Educação Básica, havendo agora 1.199 novos alunos que ocuparam todas as vagas disponibilizadas na 1.º fase.
“Nos últimos três anos o número de colocados em licenciaturas em Educação Básica aumentou 64,9%, o que demonstra o crescente interesse dos estudantes por estas formações”, sublinha o MECI em comunicado enviado para as redações.
Os mais e menos competitivos
Nos cursos de medicina, que voltam a estar entre os cursos com as médias de acesso mais elevadas, ficaram colocados 1.647 estudantes.
Olhando para os cursos mais competitivos, ou seja, aqueles em que há mais candidatos em 1.ª opção com notas iguais ou superiores a 17 valores, entraram 4.524 novos estudantes, o que representa um aumento de 10% face ao ano passado.
Por outro lado, diminuíram os colocados em cursos nas áreas de competências digitais: Há 6.447 caloiros, menos 16,7% que no ano anterior.
As médias mais baixas — e um aviso dos politécnicos
Por oposição aos cursos mais disputados, existem outros 41 em que nenhum aluno terá concorrido, uma vez que não foi ocupada nenhuma das quase mil vagas abertas: São quase todas formações ministradas em institutos politécnicos e na maioria na área das engenharias.
A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes diz que os números das colocações são o reflexo de “uma litoralização do ensino superior, que além de acentuar as assimetrias regionais, coloca em causa a coesão territorial e o legítimo acesso de todos os jovens ao ensino superior”, e pede, em nome dos politécnicos, que se alterem as regras de acesso.
ZAP // Lusa