Abir Sultan / EPA

Calendário de vacinação da Academia Americana de Pediatria não encaixa nas ideias do CDC. Uns recomendam vacina, outros não.
A vacinação contra a COVID-19 para os mais pequenos acabou de originar o primeiro “choque” entre a Academia Americana de Pediatria (AAP) e o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).
Nesta terça-feira, a AAP divulgou um calendário de vacinação, no qual recomenda que todos os bebés dos 6 aos 23 meses tomem a vacina contra a COVID-19, já em 2025/26.
Mas o CDC não recomenda a vacinação de rotina contra a COVID-19 para bebés e crianças.
Curiosamente, a AAP alega que são precisamente os dados do CDC que apoiam a sua decisão de vacinar os mais novos – mesmo que o próprio CDC não o recomenda.
Os dados mostram que as hospitalizações por COVID-19 em crianças com menos de 2 anos são comparáveis às das pessoas entre os 50 e os 64 anos; e são as mais elevadas entre todos os grupos pediátricos.
Mais de metade das crianças com menos de 2 anos hospitalizadas com COVID-19 não apresentava qualquer condição médica subjacente.
A academia considera que o risco de hospitalização de crianças pequenas e de pessoas com condições de alto risco continua a ser bastante elevado, apesar de não estarmos nas fases mais preocupantes da pandemia.
E ainda há outro ponto que gera discórdia: a AAP recomenda vacina para crianças e jovens entre os 2 e os 18 anos. Com algumas condições: se correm alto risco de COVID grave, se estão em instituições de cuidados continuados (ou noutro contexto de muitos contactos de risco), se nunca foram vacinados contra a COVID, ou se vivem com alguém que corre um risco elevado de COVID-19.
Outras crianças que não se enquadrem nestes grupos de risco devem também considerar seriamente vacinar-se, segundo a AAP.
O CDC defende o contrário: já não recomenda a vacinação de rotina contra a COVID para crianças saudáveis.
O HuffPost lembra as alterações recentes na estrutura da saúde pública nos EUA. Desde que Donald Trump voltou a ser presidente dos EUA, Robert F. Kennedy Jr. passou a supervisionar a política nacional de saúde.
Há apenas dois meses, Robert F. Kennedy Jr. decidiu demitir todos os 17 membros do Comité Consultivo para as Práticas de Imunização – e substituiu-os por críticos da vacina e por especialistas em teorias da conspiração.
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