Menos de 50 mil alunos candidataram-se à 1.º fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior – um valor muito abaixo ao registado nos últimos anos e só comparado a 2018.
O prazo de candidatura à 1.º fase do concurso terminou esta segunda-feira e, segundo dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), houve 49.595 candidatos, menos 9.046 do que no ano passado.
No ano passado, tinham-se candidatado 58.301 estudantes, o que representa uma queda de cerca de 15%.
A tendência de diminuição de candidatos já se vinha registando há alguns anos, mas de forma quase inexpressiva: Em 2020 cerca de 62 mil alunos tentaram entrar no ensino superior na 1.º fase e nos dois anos seguintes as candidaturas continuaram a rondar sempre os 60 mil.
Os dados da DGES mostram que este ano o número de candidatos desceu para valores próximos dos registados em 2018, quando também apenas 49.362 alunos se candidataram na 1.ª fase.
Em 2020, ano de pandemia de covid-19 que levou a uma mudança temporária das regras de acesso ao ensino superior, dispararam as candidaturas.
De forma gradual, nos últimos anos, algumas das regras foram sendo repostas, como a obrigatoriedade de realizar vários exames nacionais.
Mas a reposição das regras não explica tudo
As associações de estudantes têm alertado que a falta de alojamento a custos acessíveis e as dificuldades financeiras das famílias para suportar um filho a estudar longe de casa pode contribuir para afastar os jovens do Ensino Superior.
Em declarações à Antena 1, os Presidentes da Federações Académicas de Lisboa e Porto apontam que muitos estudantes não têm como pagar alojamento – o que veta, desde logo, a entrada no ensino superior.
“A diferença [do números de candidaturas] tão expressiva como aquela que está a ser verificada, parece-nos que se prende com razões de natureza financeira. Com famílias com dificuldades económicas e um custo do alojamento que tem vindo a crescer, acaba de haver alguma dificuldade do próprio sistema de ação social para acompanhar as necessidades das famílias e de lhes dar o apoio que é necessário”, diz Pedro Neto Monteiro, de Lisboa.
“Na Academia do Porto temos cada vez menos estudantes que são deslocados. Como não têm possibilidades financeiras de irem para o curso que querem na universidade ou politécnico que querem optam por não estudar. E isto deve preocupar-nos a todos, porque, enquanto sociedade, devemos assegurar que, independentemente do sítio onde as pessoas nascem, podem sonhas com um futuro melhor, aponta Francisco Porto Fernandes, do Porto.
Curiosamente, este ano, há mais de 55 mil vagas no regime geral de acesso do ensino público, às quais se somam outras 717 vagas para os concursos locais, como os cursos artísticos que exigem pré-requisitos à entrada.
A estas vagas, juntam-se outras 21 mil que são abertas nos regimes e concursos especiais, como é o caso dos maiores de 23 anos ou mudanças de curso. No privado, existem perto de 25 mil lugares disponíveis.
ZAP // Lusa
Há una países onde os estudantes do Superior fazem uns ganchos a lavar pratos, p. ex., para fazerem face às despesa. Aqui são muito finos. Por acaso sei do que falo, sem ter acontecido no estrangeiro.