Os subprodutos das bactérias intestinais que decompõem o triptofano podem restaurar as células intestinais secretoras de hormonas que a obesidade reduz. Esta é uma alternativa natural e sem efeitos secundários aos medicamentos GLP-1, como o Ozempic.
O triptofano é um aminoácido essencial, que o nosso corpo não o consegue produzir. Obtém-se através da alimentação; e desempenha um papel crucial na produção de proteínas e é um precursor de várias moléculas importantes.
A Tua Saúde fez uma lista como 12 alimentos ricos em triptofano, começando pelo mais rico: queijo; amendoim; castanha-de-caju; carne de frango; ovo; ervilha; pescada; amêndoa; abacate; couve-flor; batata; banana.
No processo de decomposição do triptofano, as células intestinais especializadas, denominadas células enteroendócrinas (CEE), segregam hormonas importantes, como o péptido 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), que ajudam a regular a produção de insulina e o apetite.
Este é o famoso GLP-1 que medicamentos como o Ozempic e o Wegovy imitam.
Um estudo publicado recentemente no International Journal of Molecular Sciences revelou que a obesidade reduz significativamente o número de CEEs, conduzindo a uma disfunção metabólica. No entanto, os subprodutos produzidos pelas bactérias intestinais, quando decompõem determinados aminoácidos, podem restaurá-los.
“As nossas descobertas sugerem que os metabolitos microbianos derivados do triptofano da dieta podem reverter as reduções associadas à obesidade nas células secretoras de hormonas”, disse, à New Atlas, Alip Borthakur, PhD, da Marshall University e autor sénior do estudo.
“Isso aponta para uma estratégia terapêutica potencial que aproveita os micróbios intestinais para melhorar os resultados metabólicos na obesidade“, salientou.
O “Ozempic” que a natureza nos deu
Os resultados do novo estudo sugerem uma estratégia não medicamentosa para restaurar a produção de GLP-1 na obesidade, encorajando o crescimento de bactérias intestinais metabolizadoras do triptofano (por exemplo, probióticos como o L. acidophilus) e utilizando suplementos alimentares ricos em triptofano para alimentar estas bactérias.
Ao contrário dos medicamentos sintéticos GLP-1, que podem causar efeitos secundários como náuseas, esta abordagem pode estimular naturalmente a produção de GLP-1 pelo próprio organismo, com menos riscos.
O estudo também destaca o potencial de nutrição personalizada e terapias do microbioma, em que dietas ou suplementos adaptados são usados para aumentar a produção microbiana de metabólitos benéficos para prevenir ou tratar a obesidade e a disfunção metabólica, como a diabetes tipo 2, que muitas vezes acompanha a doença.