Nunca houve tantas abelhas-do-mel no mundo como hoje. Então, de onde vem o alarme?
Afinal, as abelhas não estão em perigo. Estão, na verdade, a prosperar globalmente, apesar dos constantes alarmes emitidos para salvar o polinizador mais importante para a humanidade, avança a BBC Science Focus.
Entimologista, Adam Hart nota na revista que a suposta iminente extinção das abelhas e o colapso da produção alimentar não corresponde propriamente à realidade.
Apesar dos desafios, os números contrariam os relatos de declínio: segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o número global de colónias de abelhas-do-mel aumentou 45% desde 1990. Outro estudo apontam para um aumento de 85% desde 1960. Nunca houve tantas abelhas-do-mel no mundo como hoje.
O especialista lembra os fenómenos que provocaram o pânico em relação à resistência das voadoras amarelas e pretas. Em 2007, o fenómeno conhecido como Colony Collapse Disorder (CCD), em que as abelhas adultas desapareciam subitamente das colmeias, tornou-se viral: a imprensa internacional previa um cenário catastrófico de escassez alimentar. O fenómeno não era novo: apicultores já tinham registado algo semelhante.
Neste cenário, muitos correram para se tornarem apicultores amadores. Mas “para quê?”, questiona o especialista. Manter colmeias de abelhas-do-mel pode prejudicar polinizadores selvagens ao competir por néctar e disseminar doenças.
O verdadeiro foco de preocupação deve recair sobre os polinizadores selvagens — abelhas solitárias, moscas-das-flores, vespas e borboletas — assinala Hart. Estas espécies é que estão em declínio. No Reino Unido, por exemplo, 42% das espécies de polinizadores tornaram-se menos comuns desde os anos 80. A situação é preocupante, embora tenha variações regionais e temporais.
Para ajudar, a melhor estratégia não é manter colmeias, mas criar habitats favoráveis aos insetos. Jardins, hortas ou pequenos espaços verdes podem ser transformados em refúgios para polinizadores. Cultivar plantas ricas em néctar — como árvores de fruto ou alfazema — evitar o uso de pesticidas, deixar áreas sem cortar e instalar pequenos charcos são ações eficazes. Até uma pilha de madeira morta ou um canto “desarrumado” pode oferecer abrigo e locais de nidificação.