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Nota artística: se souberes adormecer…

…dorme e volta àquele sonho.
Um sonho em que, no amanhecer daquela segunda-feira de 2016, muitos portugueses pensavam que ainda estavam nele. Mas quando acordaram, naquela segunda-feira de 2016, viram que o sonho não havia sido um sonho; acontecera mesmo. Aquela segunda-feira de 2016 serviu para celebrar aquele dia de domingo em 2016.

Sábado não serve.

Sábado, 2020. A maior Luz futebolística naquele dia começou à hora de jantar. Quer dizer, com tanta gente enfiada em casa, janta-se quando quiser. Na Luz, novo encontro entre os melhores da Europa e os melhores do mundo. Mas em solo português, coisa inédita, acho.

Sem surpresas nas equipas iniciais, verificou-se que Portugal entrou em campo sem qualquer jogador…da liga portuguesa. Por acaso tinha dois…da liga francesa. Andamos todos ao contrário neste ano esquisito.

A primeira ameaça de golo partiu do pé de um francês, mas Lloris respondeu com boa defesa. Confusos? O francês, aqui, é o português Guerreiro que nasceu em França.

A segunda ameaça de golo partiu do pé de um campeão europeu, mas Rui Patrício respondeu com boa defesa. Confusos? Um campeão europeu…de clubes, o Coman, que joga na Baviera.

A França está forte. Vários sustos junto da baliza lusa. À meia hora, jogada de laboratório e bola na barra. Martial falhou e voltou a falhar o golo em frente ao guarda-redes português; segundo alguns rumores, o avançado virou-se para o Patrício e comentou: “Faz-me um favor, deixa a bola entrar! Já nem te consigo ver!”.

Do lado português, as bolas paradas tentavam assustar mas assustavam pouco. A França estava mais rápida, mais móvel, mais pressionante e mais decidida. Pouca bola para a turma da casa; por exemplo, ficou a impressão que Bernardo Silva quase nem tocou na bola durante os primeiros 45 minutos.

Intervalo. Fernando Santos saiu para os balneários a olhar para o chão, a pensar na vida. Antes do jogo ele pediu respeito pela França mas nunca pediu receio.

O segundo tempo começa e Kanté aproveitou uma pequena falha…de Rui Patrício. Golo. Olha Portugal a sofrer um golo. É notícia.

Logo a seguir ao golo do surpreendente Kanté, o surpreendente Fonte acertou no poste. Podias ter entrado, pá!

Nos últimos 20 minutos a França desceu, Portugal subiu e, com mais querer do que saber, até poderia ter chegado ao empate.

Muito perto do final, dentro da área gaulesa, Trincão não caiu. Cristiano ficou a olhar para ele, a sugerir uma queda ao jovem compatriota. Trincão terá respondido: “Eu estou aqui para jogar à bola, tu estás aqui para outros espetáculos”. E o capitão terá respondido: “Ui, que corajoso! Já estou a tremer de medo!”.

E ao som da Amália, ficou a tristeza. Portugal perder um jogo também é notícia. E já não estávamos habituados a perder contra a França. E novamente em jogo de contas decisivas.

Creio que ainda vi uma ou outra lágrima.

Mas é o que é.

Neste mano a mano entre os campeões europeus e os campeões mundiais, aqueles que venceram o torneio na Rússia foram superiores. Mérito para a França, e prémio para a França, que conquistou o seu lugar nas meias-finais da Liga das Nações.

NMT, ZAP //

 

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