Os T-Rex não eram tão espertos como se pensava

Os dinossauros eram tão inteligentes como os répteis, mas não tão inteligentes como os macacos.

Uma equipa internacional de paleontólogos, cientistas comportamentais e neurologistas reexaminou o tamanho e a estrutura do cérebro dos dinossauros e concluiu que estes se comportavam mais como crocodilos e lagartos do que como mamíferos.

Num estudo publicado no ano passado no The Journal of Comparative Neurology, afirmava-se que os dinossauros como o T. rex tinham um número excecionalmente elevado de neurónios e eram substancialmente mais inteligentes do que se pensava.

Segundo a autora do estudo, Suzana Herculano-Houzel, este elevado número de neurónios daria evidências diretas sobre a inteligência, o metabolismo e a história de vida dos T. rex — que seriam bastante semelhante aos primatas em alguns dos seus hábitos.

Assim, concluiu na altura a investigadora, entre outros exemplos de características cognitivas, os Tyrannosaurus Rex teriam sido capazes de usar ferramentas, resolver problemas e ser dotados de cultura; seriam os Einsteins da pré-história.

No entanto, um novo estudo, publicado a semana passada na revista científica The Anatomical Record, analisou mais de perto as técnicas usadas para prever o tamanho do cérebro e o número de neurónios nos cérebros dos dinossauros — e chegou a conclusões diferentes.

O estudo foi liderado pelo primatólogo Kai Caspar, da Universidade Heinrich Heine, em Dusseldorf, na Alemanha, Cristian Gutierrez-Ibanez, da Universidade de Alberta, e Grant Hurlburt, do Museu Real do Ontário, no Canadá, e  envolveu investigadores da Universidade de Bristol e da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Os investigadores descobriram que os pressupostos anteriores sobre o tamanho do cérebro dos dinossauros e o número de neurónios que os seus cérebros continham não eram fiáveis.

A investigação segue-se a décadas de análises em que paleontólogos e biólogos examinaram o tamanho e a anatomia do cérebro dos dinossauros e utilizaram estes dados para inferir o comportamento e o estilo de vida.

A informação sobre os cérebros dos dinossauros provém de enchimentos minerais da cavidade cerebral, denominados endocasts, bem como das formas das próprias cavidades.

A equipa descobriu que o tamanho do cérebro dos T.rex, e portanto o número dos seus neurónios, tinha sido sobrestimado. Além disso, mostram que as estimativas da contagem de neurónios não são um guia fiável para a inteligência.

Para reconstruir de forma fiável a biologia de espécies há muito extintas, a equipa argumenta que os investigadores devem analisar várias linhas de evidência, incluindo a anatomia do esqueleto, a histologia óssea, o comportamento de parentes vivos e os vestígios fósseis.

“A melhor forma de determinar a inteligência dos dinossauros e de outros animais extintos é utilizar muitas linhas de evidência, desde a anatomia grosseira até às pegadas fósseis, em vez de se basear apenas em estimativas do número de neurónios”, explicou Hady George, investigador da Universidade de Bristol e co-autor do estudo.

“Consideramos que não é uma boa prática prever a inteligência em espécies extintas quando as contagens de neurónios reconstruídas a partir de endocasts são tudo o que temos para nos basear”, acrescenta Kai Caspar, primeiro autor do estudo, em comunicado publicado no EurekAlert.

“A possibilidade de o Tyrannosaurus Rex ter sido tão inteligente como um babuíno é fascinante e assustadora, com o potencial de reinventar a nossa visão do passado”, diz Darren Naish, investigador da Universidade de Southampton e também co-autor do estudo

“Mas o nosso estudo mostra que todos os dados de que dispomos são contrários a esta ideia. Eles eram mais parecidos com crocodilos gigantes inteligentes, e isso é igualmente fascinante”, conclui o investigador.

ZAP //

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