Na última audiência do julgamento Anjos vs. Joana Marques, a advogada dos cantores comparou o depoimento de Ricardo Araújo Pereira ao do neonazi Mário Machado, no caso em que foi condenado, por discriminação e incitamento ao ódio e à violência a mulheres de esquerda.
Aconteceu esta sexta-feira a quarta e audiência do julgamento que opõe Anjos e Joana Marques.
A mandatária dos “Anjos” insistiu que Joana Marques tem de ser condenada a indemnizar a dupla em 1.118.000 euros por danos morais e patrimoniais, por um vídeo de humor publicado em 2022, no Instagram.
A dupla também quer Joana Marques apague o vídeo e se retrate publicamente de o ter produzido e divulgado.
Por seu turno, a defesa da humorista pugnou pela absolvição.
Ricardo Araújo Pereira comparado a Mário Machado
A certa altura, a advogada dos Anjos recuperou o depoimento de Ricardo Araújo Pereira feito na terceira sessão do julgamento, na semana passada, comparando-o aos argumentos que Mário Machado usou, no caso em que foi condenado a dois anos de 10 meses de prisão efetiva, por discriminação e incitamento ao ódio e à violência a mulheres de esquerda.
A advogada dos “Anjos”, Natália Luís, começou por acusar Ricardo Araújo Pereira de presunção, quanto à questão dos limites do humor.
Depois, disse que o colega de Joana Marques não é um “farol iluminado”: “Ele não é a luz e nós não estamos na escuridão. Entrou por aqui adentro a dizer que o humor não tem limites, que [os humoristas] podem tudo”.
De seguida, comparou o humorista ao não humorista Mário Machado.
“Um dos argumentos do Mário Machado na sua defesa foi precisamente esse, que era a brincar. Não nos podemos permitir a nós próprios isso. Fazer esta reflexão é importante, é muito importante”, disse, citado pela CNN.
“A liberdade de expressão não é um direito absoluto”, finalizou.
De relembrar que Mário Machado foi condenado por publicações na rede social X contra mulheres de esquerda que visaram em particular a professora e ex-dirigente do Movimento Alternativa Socialista (MAS), Renata Cambra.
Em causa neste processo estavam mensagens publicadas na rede social, atribuídas a Mário Machado e Ricardo Pais — também condenado neste processo —, em que estes apelavam à “prostituição forçada” de mulheres dos partidos de esquerda, e que visaram em particular Renata Cambra.
A humorista Joana Marques, por sua vez, publicou no Instagram uma montagem, que intercala excertos de Nélson e Sérgio Rosado a cantarem o hino nacional numa prova de MotoGP em Portimão, em abril de 2022, com reações depreciativas retiradas do programa “Ídolos”.
Quarta e última sessão
Nas alegações finais do julgamento, Natália Luís sustentou que Joana Marques cometeu “algo ilícito” ao manipular a transmissão original da atuação e desinformar a sociedade e sublinhou que a humorista só não poderia ter noção que tal iria gerar reações negativas se não soubesse que largar um fósforo num fardo de feno vai atear um fogo.
A advogada dos irmãos Rosado considera que Sérgio e Nelson foram alvos de bullying e cyberbullying por causa dessa publicação de Joana Marques.
“O bullying e o cyberbullying só existe com crianças? Não. Isto é um flagelo. É nefasta a desvirtuação de conteúdos e de realidades. E é perigoso num Estado de direito. A Joana quis convencer as massas de uma realidade que sabe que não é verdade”, disse.
Na resposta, o defensor da comediante salientou que esta “não introduziu alterações para acentuar falhas” da atuação, causadas pela transmissão original – entre as quais a substituição de “egrégios” por “egreijos” – e que tinham já gerado reações negativas online.
Nuno Salpico acrescentou que a tese dos “Anjos” implicaria que “todos os humoristas” teriam de prever se algo que produzem é suscetível de causar danos, num contexto em que “é impossível cogitar uma hipótese em que um conteúdo não gere uma única reação negativa”.
De manhã, Pedro Taborda, mais conhecido por Tatanka, falou no julgamento, a pedido dos Anjos. O cantor aparecia na montagem feita por Joana Marques, ao lado da humorista, uma vez que foram colegas no programa “Ídolos”.
“Qualquer pessoa com dois dedos de testa vai perceber que as imagens eram humorísticas”, disse, em tribunal, lamentando estar ali.
Também de manhã, Joana Marques teve oportunidade de falar. Diz que nunca pensou que “esta obra fosse tão escrutinada”, lamentando depois que preferia ver falado outra obra sua “mais complexa”. A audiência riu-se.
“[O vídeo] era para rir. Obviamente que não tinha outra intenção. A intenção é igual a tudo o que faço, intenção de fazer rir (…) Achei insólito (…) e o humor parte daí. Considerei caricato, na altura estava no Ídolos e lembrei-me de juntar os dois universos”, disse, citada pelo Observador.
A sentença do Tribunal Central Cível de Lisboa vai ser comunicada por escrito às partes, numa data desconhecida. Atendendo a que as férias judiciais de verão começam em 16 de julho, não é expectável que tal ocorra antes de setembro.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa
Ser comparado ao Mário Machado é que já dá mesmo direito a depressão e ataques de acne.
Haaaaaa… esses palhaços são uns anjos.
Que vergonha!
Verdade absoluta, esse homen destila ODIO!
Advogada humorista…
Se eu fosse o RAP punha um processo de 11188001 euros a advogada dos anjos, aquilo não é piada
Tadinhos dos Anjos que não vão poder subir ao céu !!! ahahah
Onde anda o Humor!!! Desapareceu e toda gente se sente OFENDIDO OMG
Humor sempre foi algo estranho em Portugal. Antes do Herman que introduziu a arte com c pequeno, algo bastante tradicional nos países da Europa mais a norte, havia ‘humor’, naturalmente, só não havia a percepção que quando algo é demais ridiculo, se torna humor.
Os Anjos ainda são do tempo do outro senhorio.
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PS: Nos campos do nome e email apareceram o nome e email da Maria Barata, por favor ZAP, resolvem asap 🙂
Deus , quando ouviu os seus “Anjos” cantarem desta forma , usou de imediato os tampões auriculares ! …. Suportar essa cacofonia é muito (desagradável) .