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“Todos os vírus diminuem no Verão!” – não é bem assim

José Sena Goulão / Lusa

Tendencialmente, há menos vírus respiratórios em circulação nesta fase do ano. Mas cuidado com as aglomerações, com as praias e… viroses.

“Agora no Verão há menos vírus aí pelo ar, já posso circular mais à vontade”.

“Agora que chegámos ao Verão, já posso sair com o bebé porque está bom tempo e há menos vírus”.

São duas das várias frases que se ouvem nesta altura. Há a ideia generalizada de que Verão é sinónimo de menos vírus. Há mesmo quem pense que os vírus praticamente desaparecem com o tempo quente, com a temperatura a subir, com as pessoas menos “coladas” umas às outras.

Bem… Sim e não.

Nos climas temperados no geral – como em Portugal – tendencialmente, há menos vírus respiratórios em circulação nesta fase do ano. O vírus da gripe (influenza), o vírus sincicial respiratório (VSR) ou o recente SARS-CoV-2 (COVID-19) são exemplos.

Motivos: muitos vírus respiratórios sobrevivem melhor em ambientes frios e húmidos, resistindo menos a este clima mais quente e seco; com mais actividades ao ar livre, a ventilação natural reduz a concentração de partículas virais no ar, diminuindo o risco de contágio; e como há menos pessoas concentradas em espaços fechados, é menos um factor de transmissão.

No entanto, é no Verão que vírus gastrointestinais (como norovírus e rotavírus) se mantêm activos ou podem mesmo aumentar – especialmente em locais com más condições de higiene (piscinas, restaurantes, etc.).

Os enterovírus, que causa doenças como meningite viral ou “mão-pé-boca”, tendem a circular mais no Verão.

Também há houve surtos de COVID-19 no Verão, sobretudo com variantes mais transmissíveis.

A Globo acrescenta que, por exemplo no Brasil, as viroses aumentam precisamente no Verão.

Repete a ideia de que, ao contrário do inverno, não são as viroses respiratórias a dominar: são as viroses gastrointestinais – causadas por vírus como rotavírus, norovírus, astrovírus e adenovírus.

As viroses podem ser transmitidas por: água contaminada por rede de esgoto, mãos contaminadas, saliva.

E, apesar de não estarem tão juntas em espaços fechados, as praias lotadas aumentam a incidência de contágio por vírus. Além da sobrelotação, as altas temperaturas podem contribuir para a proliferação de vírus transmitidos pela água e para a contaminação de alimentos.

Para pessoas que não se preocupam muito com a higiene ou com a conservação dos alimentos, o risco é maior.

Evitar essas viroses passa sobretudo por: consumir no mínimo dois litros de água por dia; preferir frutas, legumes e verduras frescas; evitar alimentos de origem desconhecida ou mal armazenados; usar roupas leves e não partilhar toalhas e outros objectos pessoais.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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