Um novo implante inteligente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) é capaz de ejetar, autonomamente, um medicamento que salva vidas, quando os diabéticos mais precisam dele.
A hipoglicemia é uma condição em que os baixos níveis de glucose no sangue podem causar tonturas, fraqueza e tremores. Ocorre frequentemente devido ao excesso de insulina, quer seja produzida pelo organismo ou injetada em excesso.
Existem formas de a tratar rapidamente, mas se a hipoglicemia ocorrer quando se está a dormir ou afetar crianças que não conseguem injetar-se com uma injeção de glucagon, pode levar a uma série de sintomas desorientadores e a complicações mais perigosas, até à morte.
Para contrariar esta situação, uma equipa de engenheiros do MIT desenvolveu um dispositivo do tamanho de uma moeda que pode ser implantado com segurança no corpo para administrar automaticamente uma dose de glucagon quando um sensor deteta que os níveis de glicose no sangue estão a descer demasiado – e potencialmente salvar a vida do doente.
A inovação foi revelada num estudo publicado na Nature Biomedical Engineering, esta quarta-feira.
A inovação é dispositivo compacto, concebido para ser implantado sob a pele, que pesa apenas 2 gramas e possui um pequeno reservatório de glucagon – uma hormona que estimula o fígado a libertar glicose na corrente sanguínea.
É o que as pessoas com hipoglicemia, incluindo algumas pessoas com diabetes tipo 1, transportam sempre consigo sob a forma de uma seringa pré-carregada para injetar sempre que sentem os sintomas da doença a aparecer.
A diferença aqui é que o glucagon no reservatório é uma versão em pó especialmente desenvolvida, que se mantém estável durante mais tempo.
Como detalha a New Atlas, o pequeno implante inclui uma antena que recebe um sinal de um acionador remoto ou de um sistema que funciona com um monitor de glicose. Esse sinal liga uma corrente elétrica e aquece o selo do reservatório até ao seu limiar de temperatura. Nessa altura, o glucagon é libertado no organismo.
Os investigadores testaram o dispositivo implantando-o em ratos diabéticos e verificaram ajudou a normalizar os níveis de açúcar no sangue em 10 minutos após ter sido acionado quando as leituras de glicose estavam a descer.
O dispositivo também provou ser igualmente eficaz na distribuição de epinefrina em pó, que pode ajudar a tratar rapidamente alergias mortais.
O dispositivo funcionou bem como implante durante quatro semanas, mesmo depois de se ter formado tecido cicatricial à sua volta. Mas os investigadores acham que o dispositivo poderia durar muito mais tempo.
“A ideia é ter doses suficientes que possam proporcionar este evento de salvamento durante um período de tempo significativo. Não sabemos exatamente qual é esse período – talvez um ano, talvez alguns anos”, disse o líder da investigação, Siddharth Krishnan, citado pela New Atlas.
Este dispositivo vem salvar quem não conseguem administrar injecções de glucagon sozinhas ou a tempo.
Também pode facilitar a vida de quem vive com diabetes e utiliza monitores contínuos de glicose, uma vez que pode eliminar a necessidade de injetar glucagon ou mesmo de o acionar manualmente.
O dispositivo pode, por sua vez, ser concebido para receber sinais desses aparelhos e administrar uma dose sem que o doente tenha de intervir.