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Portugal na final da Eurovisão. Entre Guerra dos Tronos e Pedro Teixeira, o coração continua a bater

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Adam Vaughan / EPA

Mimicat na meia-final do Festival Eurovisão da Canção 2023

Crónica da primeira meia-final do Festival Eurovisão da Canção 2023. Vamos ver Mimicat outra vez, no próximo sábado; foi uma das poucas… canções.

Ora vamos lá ver quantos recordes a Ucrânia vai bater… Ai não. A solidariedade foi geral no ano passado, não agora. 
 
Mas, já que ganhou, neste ano o Festival da Eurovisão é em Kiev! Ai não. É na piscina do fígado.
 
Depois da anunciada – e justificada – homenagem ao país vencedor em 2022, lá apareceu o trio de apresentadoras: uma aprovada, outra aceitável e a outra, com o vestido mais colorido, deve ser a Cristina Ferreira lá do sítio, às vezes.
 
Vamos ao que interessa. À feira popular.
 
01. Noruega
Alessandra – Queen of Kings 
Começamos com a Guerra dos Tronos, na cabeça da cantora norueguesa. A nível melódico, aquela trajectória descendente pareceu-me familiar… Mas não sei de onde. E gritou bem, no fim. O motorista do táxi ouviu?
Qualificada.
 
02. Malta
The Busker – Dance (Our Own Party) 
Com toques italianos logo no início, aquilo não era playback? Que dança, que festa e que melodia complicada (ou não). E em momentos parecia o filme Cars.
Eliminada.
 
03. Sérvia
Luke Black – Samo Mi Se Spava 
Os agudos incomodaram logo no início – por isso é que o homem acordou. Com toques do Jonas (do Festival RTP do ano passado), esta interpretação resume-se a um comando de Sega Saturn: Mortal Kombat.
Qualificada.
 
04. Letónia
Sudden Lights – Aijā
Aqui já tivemos direito a alguma construção musical em condições, embora nada especial ao longo desta canção.
Eliminada.
 
05. Portugal
Mimicat – Ai Coração
Agora sim, música. Mas não adianta disfarçar: das três aparições no palco (meia-final e final em Portugal e agora em Liverpool), esta foi a pior de Mimicat. Nervosismo? Inexperiência? Ambos? Continuo a achar que estava gente a mais em palco, tal como na final portuguesa. A Marisa chegaria. Desafinanço sobretudo no início, desacerto mais à frente e choro, emoção, mesmo no final. Fez lembrar Daniela Varela, do Flor de Lis.
Qualificada!
 
06. Irlanda
Wild Youth – We Are One 
Pedro Teixeira deixa a TVI e representa a Irlanda na Eurovisão; sinal da globalização à qual Portugal não escapa. “We are the world, we are the children”… Seria o Johnny Logan e um regresso à década 1980?
Eliminada.
 
07. Croácia
Let 3 – Mama ŠČ! 
Safety Car? Agora cheguei à Rua Santa Catarina, artéria do Porto onde abundam as pessoas-estátua, lembrando a interpretação de 2012 da Rú… Ai não se pode referir o nome deste país. Andamos mesmo a saltar fronteiras: o Pedro Teixeira cantou pela Irlanda, os Village People representam a Croácia. No fim, parecia uma marcha do PCP, partido que, confirma-se, continua a ter uma visão diferente sobre os mísseis na guerra (que também subiram ao palco).
Qualificada.
 
08. Suíça
Remo Forrer – Watergun
Ei lá! Um piano! Música! Os suíços têm trazido músicas poderosas nos últimos tempos, sem precisar do beat cansativo e de fogo-de-artifício. Letra forte: “Não quero ser um soldado, não quero ter de brincar com sangue real”. Alguma batida no final, mas não estragou o que foi feito antes.
Qualificada.
 
09. Israel
Noa Kirel – Unicorn 
A temperatura subiu no palco. Ora aí estão eles, acrobatas dentro de quadrados. Um circo misturado com Shakira ou SloMo, a espanhola do ano passado. Bom final para o TikTok.
Qualificada.
 
10. Moldávia
Pasha Parfeni – Soarele şi Luna
Moldávia ou Moldova? Este sabe de futebol: estava sempre a falar do “(Luis) Suárez” e depois cantava “dança da Coluna”. Mas trouxe o idioma local, bem encaixado. E a certa altura houve toques de Antigo Egipto, numa dupla feminina lá atrás.
Qualificada.
 
11. Suécia
Loreen – Tattoo 
Por falar em Antigo Egipto, esta começou dentro de uma tumba daqueles tempos. Com unhas maiores do que em 2012, a sueca apostou numa trajectória ascendente – que resulta, dá sensação de grandeza, que vem aí algo espectacular, que prende a atenção de quem ouve. E foi dizendo “Liverpool” de forma disfarçada. Provavelmente, este ano é novamente para ela.
Qualificada.
 
12. Azerbaijão
TuralTuranX – Tell Me More 
O país que ganhou, não em 2012, mas em 2011. Curiosamente apareceu logo a seguir à Suécia. Mas estas memórias de Kiss me, dos Sixpence None the Richer, não chegam ao topo. E, a esta altura do Festival, eu já estaria tão bêbado (de água) que até parecia que estava a ver duas pessoas iguais em palco. Mas não eram os Oasis.
Eliminada.
 
13. República Checa
Vesna – My Sister’s Crown 
República Checa ou Chéquia? Outra vez a coroa – esta gente andou colada à coroação de Carlos III. E esta gente anda a ler o ZAP: nos primeiros segundos limparam logo a casa, com o cabelo. Falaram em “corona” durante a música? Ainda faz parte das letras? E aquelas imagens ao fundo fizeram lembrar o fim do Robocop 2: “Goodbye, Cain”.
Qualificada.
 
14. Países Baixos
Mia Nicolai & Dion Cooper – Burning Daylight 
Calma. Choveu dentro do pavilhão (arco-íris em palco), mas agora acalmemos. A ideia seria seguir Duncan Lawrence, vencedor em 2019, mas ficaram-se pela ideia. Canção básica, baixa – tal como o nome do país.
Eliminada.
 
15. Finlândia
Käärijä – Cha Cha Cha 
…em Lisboa. Isso seria ajustado em 2018, juventude. Lordi em versão diferente, com o vocalista a parecer o líder de uma manifestação. Perto do final, recuou umas horas e foi para cima de um camião do cortejo da Queima das Fitas no Porto.
Qualificada.

Quando é a vez dos The Beatles?

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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