IA já faz escolhas aparentemente mais acertadas quando posta à prova na liderança de empresas.
E se, em vez de tirar o lugar dos empregados, uma inteligência artificial (IA) assumisse o cargo de CEO?
O professor de robótica britânico Thomas Ling testou essa hipótese. Pediu a um modelo de linguagem avançado (LLM) que delineasse uma estratégia de cinco anos para uma empresa de veículos elétricos com 100 mil milhões de dólares de faturação e 100 mil funcionários. Em alguns segundos, a IA apresentou um plano detalhado, assente em seis pilares estratégicos, focado na expansão para novos mercados.
Num segundo teste, o professor — cofundador de duas startups de robótica, mas sem experiência direta a gerir uma fabricante automóvel — pediu à IA que escolhesse entre investir em investigação ou priorizar vendas num pequeno negócio com apenas 12 meses de orçamento garantido. A resposta foi clara: focar nas vendas e validação de clientes, adiando a investigação — outra escolha sensata e exequível aos olhos do autor.
Então, poderia uma IA substituir os chefes das empresas?
A famosa consultora McKinsey defende que o essencial no trabalho de um CEO é definir a estratégia e garantir que os recursos são bem aplicados. A IA já parece demonstrar capacidade estratégica e de planeamento. O que falta é a criatividade, visão para identificar oportunidades inesperadas e inteligência social para lidar com pessoas e contextos complexos, acredita o professor, em artigo publicado na BBC Science Focus.
O especialista dá o exemplo de Elon Musk, um dos humanos mais ricos do mundo e CEO da Tesla. Desde que assumiu o controlo do X, antigo Twitter, o valor da empresa terá caído cerca de 75%, enquanto as vendas da Tesla também estão a abrandar, apesar do aumento geral na procura de veículos elétricos.
E partindo da polémica liderança de Musk, que para muitos especialistas está na origem da queda das suas empresas, o autor considera: o que faz um mau CEO?
Muitos chegam ao topo movidos por traços como narcisismo ou tendências psicopáticas, que podem levar a decisões de risco descontrolado. Uma IA poderia ser menos suscetível a este tipo de impulsos, acredita o autor: mais equilibrada na avaliação de riscos e potencialmente menos enviesada na contratação de equipas, embora os seus algoritmos possam herdar preconceitos dos dados humanos com que são treinados.
Ainda assim, um bom CEO precisa de ser um generalista, capaz de se adaptar e resolver problemas imprevistos — algo que a IA ainda não consegue replicar com a flexibilidade da inteligência humana. Mas os próprios CEOs parecem entusiasmados com a IA: um inquérito da PwC em 2025 revelou que 56% afirmam já ter ganho eficiência com ferramentas de IA generativa, e cerca de um terço reporta aumentos de receitas e lucros.