Morreu esta terça-feira, aos 89 anos, o ator Robert Redford, estrela de clássicos de Hollywood como Butch Cassidy e Sundance Kid e Todos os Homens do Presidente. Gostava, de uma forma perversa, de não fazer o que se esperava que fizesse.
O carismático ator e realizador norte-americano Robert Redford, vencedor de um Óscar, que trocou o estatuto de galã de Hollywood pela defesa de causas que lhe eram próximas, morreu.
A morte do ator, de 89 anos, foi confirmada pela sua agente, Cindi Berger, presidente e diretora executiva da Rogers and Cowan PMK.
«Robert Redford faleceu a 16 de setembro de 2025, na sua casa em Sundance, nas montanhas do Utah — o lugar que amava, rodeado por quem amava. Sentiremos imensamente a sua falta», afirmou Berger num comunicado enviado à CNN. «A família pede privacidade.»
Abordou temas sérios como o luto e a corrupção política de uma forma que cativou o grande público — muito graças ao seu próprio carisma e estatuto de estrela.
Conhecido pelos papéis principais em Butch Cassidy and the Sundance Kid , com Paul Newman, e All the President’s Men, com Dustin Hoffman, Robert Redford foi também realizador de filmes premiados, como Ordinary People e A River Runs Through It.
A ascensão de Redford foi ainda mais notável dada a sua propensão para personagens indiferentes, sarcásticas e até mesmo espinhosas, diz a Variety.
A sua paixão pela arte cinematográfica levou-o a criar o Sundance Institute, uma organização sem fins lucrativos de apoio ao cinema e teatro independentes, conhecida pelo prestigiado Festival de Cinema de Sundance.
Era também um ambientalista dedicado: mudou-se para o Utah em 1961 e liderou vários esforços para preservar a paisagem natural do estado e do Oeste dos Estados Unidos.
Continuou a representar até bastante tarde na vida, tendo voltado a contracenar com Jane Fonda no filme da Netflix Our Souls at Night, em 2017. No ano seguinte, protagonizou The Old Man & the Gun, aos 82 anos, filme que disse ser o último da sua carreira — embora tenha sublinhado que não considerava a ideia de se reformar.
«Para mim, reforma significa parar ou desistir de alguma coisa», afirmou ao CBS Sunday Morning em 2018. «Temos esta vida para viver — porque não vivê-la tanto quanto possível, durante o tempo que pudermos?»
Em outubro de 2020, manifestou preocupação com a falta de atenção dada às alterações climáticas no meio dos devastadores incêndios florestais no Oeste dos Estados Unidos, num artigo de opinião que escreveu para a CNN.
Nesse mesmo mês, perdeu o filho de 58 anos, vítima de cancro. David James Redford,o terceiro dos quatro filhos de Robert Redford e da ex-mulher Lola Van Wagenen, tinha seguido as pisadas do pai como ativista, cineasta e filantropo.
Nascido em Santa Monica, na Califórnia, perto de Los Angeles, em 1936, Redford era filho de um homem que trabalhava longas horas como leiteiro e contabilista, e que mais tarde mudou a família para uma casa maior em Van Nuys, nas proximidades.
«Não o via muito», recordou Redford sobre o pai, no programa Inside the Actor’s Studio em 2005.
Como a família não tinha dinheiro para pagar uma ama, Redford passava horas na secção infantil da biblioteca local, onde ficou fascinado com livros sobre mitologia grega e romana. Ainda assim, esteve longe de ser um aluno exemplar.
«Não tinha paciência… não me sentia inspirado», recordou. «Interessava-me mais andar a vaguear e a procurar aventuras para lá dos limites do mundo em que cresci.»
Atraído pelas artes e pelo desporto — e por uma vida fora da imensidão de Los Angeles — Redford conseguiu uma bolsa para jogar basebol na Universidade do Colorado, em Boulder, em 1955. Nesse mesmo ano, a sua mãe morreu.
Pouco depois, começou a beber, perdeu a bolsa e acabou por ser convidado a abandonar a universidade. Trabalhou como operário para a Standard Oil Company e poupou o suficiente para prosseguir os estudos artísticos na Europa.
«Vivia com muito pouco, mas estava tudo bem», disse sobre esse período. «Queria essa aventura. Queria conhecer outras culturas e viver essa experiência.»
“Haverá quem se lembre de Redford por filmes excêntricos como O Candidato ou Downhill Racer. Haverá quem se lembre dele como um grande protagonista romântico em filmes como The Way We Were“, disse Sydney Pollack à Variety em 2008.
“Haverá quem o considere uma grande força no surgimento do cinema independente. Haverá quem se lembre de Gente como a Gente, como uma estreia impressionante na realização. A única coisa que sempre foi é difícil de prever. Acho que ele gosta, de uma forma perversa, de não fazer o que se espera que ele faça”, acrescentou Pollack.
Redford deixa a esposa Sibylle Szaggars, dois filhos e vários netos.