Paulo Cunha/Lusa

O presidente do Chega, André Ventura.
Líder do Chega candidata-se contra a corrupção e a “imigração descontrolada”. Ventura “tinha preferido Pedro Passos Coelho”, admite, com a segunda volta como objetivo do partido.
“Não era o ideal”, mas André Ventura vai estar na corrida à Presidência da República no início do próximo ano. O líder do Chega anunciou esta terça-feira, em conferência de imprensa na sede do partido, a sua candidatura a Belém, nas eleições presidenciais agendadas para 18 de janeiro de 2026.
“Não é segredo para ninguém que procurei, conversei e falei com outros nomes possíveis”, explica Ventura: “tinha preferido que Pedro Passos Coelho fosse candidato a Presidente da República”, admitiu, reconhecendo no entanto que “o Chega tornou-se o segundo maior partido” e que “a liderança da oposição não pode deixar em silêncio uma candidatura que representarão as eleições, o Chega não pode ignorar os seus apoiantes e militantes”.
A sua candidatura é “neste momento, a melhor forma de liderar a oposição em Portugal”, acredita André Ventura.
Em carta dirigida aos conselheiros nacionais do Chega, segundo a SIC, Ventura deixou a dica de que terá feito um convite a Passos Coelho para ser candidato a chefe de Estado nas próximas eleições, com o apoio do partido mas, perante a recusa do ex-primeiro-ministro, bem como de outras figuras consideradas pelo Chega, Ventura avança para a corrida às presidenciais.
Esta terça-feira, ao Observador, Ventura já confirmava que se candidata com duas principais bandeiras que traz do Chega: a luta contra a corrupção e a “imigração descontrolada”. O objetivo é ter o Chega numa segunda volta das presidenciais.
“O espaço de luta contra a corrupção e contra a imigração descontrolada não podia ficar sem candidato”, afirmou o agora candidato a Belém.
No mês passado, Ventura garantiu que deixará a presidência do Chega se vencer a corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Em dezembro, já tinha anunciado a intenção de se voltar a candidatar a Presidente da República, mas tinha vindo a distanciar-se dessa possibilidade quando foram marcadas legislativas antecipadas, das quais o Chega saiu reforçado, depois de se tornar na segunda maior força no parlamento.
Na passada sexta-feira, Ventura indicou estar mais próximo de avançar, no discurso de abertura de uma reunião de um Conselho Nacional alegadamente muito dividido em relação à sua candidatura.
“Se quiserem, e entenderem que devo ir, aqui estarei. Se entenderem que não devo ir, aqui estarei. Se entenderem que outro ou outra e, quem, deve ir, aqui estarei também, como aquele que melhor vos representa”, afirmou. Ventura afirmou, no entanto, que candidatar-se às eleições presidenciais do início do próximo ano não era “o ideal” e que seria “um mau sinal para o país que o líder da oposição seja candidato a Presidente da República”.
Ventura convidou Passos Coelho
Ventura junta-se agora a uma corrida que já conta com Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes, João Cotrim de Figueiredo, António José Seguro, António Filipe e Catarina Martins.
Na última sondagem para as Presidenciais, realizada pela Intercampus, Ventura surge à frente de Seguro e pouco atrás dos dois principais candidatos, Gouveia e Melo e Marques Mendes. O líder do Chega obteve 14% das intenções de voto no barómetro — menos 3 pontos percentuais que Marques Mendes.
Já a última sondagem para eventuais legislativas previu um resultado sem precedentes: o Chega a vencer as eleições.
Segundo Ventura, o seu “governo sombra” será anunciado na quinta-feira, 18 de setembro.
André Ventura já foi candidato a Presidente da República, em 2021, quando Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o segundo mandato em Belém, e conseguiu 11,90% dos votos, ficando em terceiro lugar, atrás de Ana Gomes.
ZAP // Lusa