Governo “preocupado” quer jovens delinquentes na tropa

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António Pedro Santos / Lusa

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo.

Ministra da Administração Interna concorda com o ministro da Defesa: jovens que cometem “pequenos delitos” devem cumprir serviço militar, em vez de irem para uma “escola de crime para a vida”. IL vai chamar Melo ao Parlamento.

Foi pelas mãos do CDS, com Paulo Portas, que se concretizou o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO) em Portugal, em 2004. Agora, 20 anos depois, é outro ministro da Defesa do partido de direita, Nuno Melo, que tem nas mãos a “batata”, cada vez mais quente.

Numa iniciativa de formação política do PSD, o novo ministro da Defesa defendeu este domingo que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem “pequenos delitos”: em vez de serem colocados em instituições que, “na maior parte dos casos, só funcionam como uma escola de crime para a vida”, devem ir para a tropa.

“Quantos destes jovens é que, se em vez de estarem institucionalizados sem nenhumas condições, pudessem cumprir um serviço militar, ter oportunidade de um exercício de formação, de autoridade, de valores, não poderiam ser mais tarde cidadãos muito melhores e simplesmente não lhes foi dada essa oportunidade?”, questionou.

Sublinhando que “não há condições políticas” para o regresso do SMO, confessa que “há um conjunto de possibilidades que passam por situações já experimentadas noutros países, como a Suécia”. É, sim, para Melo, necessário que os jovens tenham melhores condições de entrada na universidade ou função pública ao optarem pelo caminho das Forças Armadas.

“Um ano de experiência militar voluntária” que, no final, pudesse dar aos jovens “mais facilidade em entrar numa universidade” ou em “integrar a função pública em determinadas áreas” poderia ser “uma forma” dos que que gostassem da vida militar acabarem por celebrar um contrato com as Forças Armadas, acredita.

“Nuno Melo falou em nome de todo o Governo”

A ministra da Administração Interna concordou esta segunda-feira com o ministro da Defesa. Em declarações aos jornalistas, Margarida Blasco disse que Nuno Melo “obviamente falou em nome de todo o Governo”.

“Aquilo que temos de admitir é que todas as soluções é intenção do Governo implementá-las, adaptá-las aos atuais contextos que, como sabem, são muito exigentes”, referiu a ministra.

“Governo está preocupado” e vai tomar medidas contra criminalidade

Questionada pelos jornalistas sobre dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2023, que, segundo o Expresso, aponta para um aumento do crime de tráfico de pessoas e para a crescente violência das redes criminosas, a ministra da Administração Interna lembrou que o documento “ainda não está fechado”.

“O RASI ainda está a ser ultimado, será ainda estudado e aprovado pelo Conselho Superior de Segurança Interna”, disse Blasco, que ainda vai analisar os dados do RASI antes de “rever orientações estratégicas”.

Admitiu, no entanto, que o “Governo está preocupado e vai procurar implementar todas as soluções de modo a que se possa baixar e combater a criminalidade“.

“Um crime é um crime. para nós se não existisse seria o ideal, não sendo assim, precisamos de cuidar de todos os crimes”, disse.

Intenção “inenarrável”. IL vai questionar Melo

A Iniciativa Liberal (IL) já pediu explicações a Nuno Melo e vai chamar o ministro da Defesa ao Parlamento para prestar explicações sobre a “inenarrável intenção de ter criminosos de pequeno delito a fazer serviço militar”, garantiu o presidente do partido.

Trata-se de “uma possibilidade que o Governo está realmente a estudar e não apenas de uma afirmação isolada e irrefletida de Nuno Melo”, escreveu Rui Rocha na rede social X, depois de a ministra da Administração Interna ter saído em defesa do líder do CDS.

As Forças Armadas têm de ser tratadas com dignidade. O caminho não é convertê-las em reformatório de pequenos delinquentes“, concluiu.

SMO como pena substitutiva, defende bastonária da Ordem dos Advogados

Igualmente presente na cerimónia, que decorreu no Ministério da Administração Interna, a bastonária da Ordem dos Advogados disse não estar a analisar o assunto, mas deixou claro que o “serviço militar obrigatório não faz sentido nenhum”.

Ainda assim, Fernanda de Almeida Pinheiro admitiu que “poderá ser preconizado (…) como pena substitutiva, em vez do pagamento de uma pena pecuniária, que as pessoas nem sempre têm, optam por fazer serviço público”.

“E o serviço militar pode ser um serviço público que seja prestado, se houver necessidade, quando devidamente enquadrado, porque nem sei sequer se nós estamos devidamente enquadrados para receber esse tipo de serviços”, defendeu a bastonária.

Tomás Guimarães, ZAP //

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12 Comments

  1. Não há limites a pouca vergonha ! ….. Recrutar militares nas prisões , só mesmo ideia Putinista , as nossas forças Armadas ficarão en boas mãos , disso não duvido ! . Mas vindo de quem vem não é de admirar !

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  2. Vamos enviar criminosos para os serviço militar, que não são patriotas, para defender o país e assegurar a ordem nacional se assim for necessário..este governo de extrema-direita quer criar forças armadas que se podem facilmente converter em forças armadas milicianas com possibilidade de contratação para serviços militares..claro que isto é um exagero, mas há aqui uma forte influência do populismo e extrema-direita com o intuito de militarizar o governo e a sociedade para nos tornar num país fascista novamente, amorfo e bafiento.

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  3. Como estás diferente para bem pior Nuno… pareces o Xicão sem pelos na cara. Cada vez que abres a boca só sai asneira!!!
    E assim vai mais um voto pro Chega, claro!!!

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  4. Servir nas forças armadas é um dever de cidadania que todos deviam cumprir, não é um castigo para delinquentes. Eu fiz três anos de serviço militar como oficial miliciano, dois dos quais na guerra do Ultramar, e ainda hoje agradeço a oportunidade que me foi dada de aprender a assumir responsabilidades, de exercer a direção sobre estruturas e pessoas, de aprender a respeitar aqueles que exerciam funções comigo, de ser disciplinado em tudo o que fazia. Posso lamentar que isso tenha então sido feito num ambiente de violência, mas essa foi uma situação excecional que hoje se não repetiria.

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  5. Então….Qual a lógica dos Exames Médicos, dos Testes Psicotécnicos, e dos Testes às Drogas dos Militares Profissionais das forças armadas de Portugal? E o sentimento de pertença e de Pátria? Os políticos não estão interessados em Forças Armadas competentes. Há tanta ignorância na política de Defesa Nacional em Portugal. Lembrar que o 25 de abril de 1974 foi iniciativa dos Oficiais Subalternos e superiores “os Capitães”. Os Almirantes e os Generais das forças armadas portuguesas não quererem problemas.

  6. Não se trata somente de um imbecil a desprestigiar as forças armadas, trata-se de um imbecil a denegrir os reformatórios que acolhem jovens, instituições essas que mereciam mais atenção da parte dos serviços sociais e menos, muito menos de desrespeitos da parte de semelhantes patetas.
    Por esta já dá para ter uma ideia do inútil que foi este parasita como eurodeputado!

  7. Uma excelente ideia, meus dúzia de delinquentes no meio do exército seria uma escola de vida que a sociedade não lhes consegue dar e seria talvez a forma de os inserir na sociedade. Claro que há vozes contra , mas uma medida destas que 80 % dos portugueses concorda, uma maioria silenciosa, será obviamente desacreditada por 5% de uma minoria ruidosa que são contra. E Portugal é assim as maiorias calam-se e as minorias ruidosas impõem a sua agenda. Para mim os primeiros deveriam ser os activistas da Climaximo.

  8. O governo “preocupado” devia estar seriamente preocupado… no mínimo em governar.
    Forças militares e militarizadas, bem como outros setores, ponham os olhos nesta incompetência e amadorismo, e percebam, finalmente, o que podem esperar deste governo e o que poderiam ter alcançado com o que recusaram.
    Para melhor, está bem, está bem, para pior… bastava assim…e persistir com seriedade na obtenção de resultados, que com este governo… esqueçam.

  9. Governo e P. R., finalmente em convivência familiar, alinhados na tática do

    “eu não disse o que disse*.

    um penoso contorcionismo verbal que, além de provocar vergonha alheia, mete dó…. e perturba… muito!

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