Viver em grandes altitudes pode prevenir a obesidade (o sétimo andar não conta)

Um novo estudo revelou que viver em grande altitude é um protetor contra a obesidade, o que pode dever-se ao efeito da altitude no metabolismo e apetite. Mas atenção… o sétimo andar não conta; só da Serra da Estrela para cima.

As crianças parecem ter menos probabilidade de serem obesas se viverem em grande altitude. É a principal conclusão de um estudo publicado recentemente na medRxiv.

A descoberta encaixa-se com a evidência existente de que grandes altitudes ajudam a afastar a condição, talvez porque os nossos corpos queimem mais energia quando expostos a níveis mais baixos de oxigénio.

Como a maior parte das investigações neste campo têm sido feitas com adultos, Fernando Lizcano Losada na Universidade de La Sabana em Chía, Colômbia, e os seus colegas analisaram dados de 4,16 milhões de crianças até aos 5 anos de idade de 1123 municípios.

Como detalha a New Scientist, as crianças foram separadas em quatro grupos relacionados com a altura acima do nível do mar a que viviam: até 1000 metros, de 1001 a 2000 metros, de 2001 a 3000 metros ou acima de 3000 metros.

Por comparação, o ponto mais alto de Portugal fica na Serra da Estrela, a uma altitude de 1993 metros; e os melhores desempenhos na prevenção da obesidade foram verificados dos 2000 metros para cima.

Nas duas regiões de menor altitude, cerca de 80 em cada 10.000 crianças tinham obesidade. No entanto, a altitudes de 2001 a 3000 metros, a prevalência caiu para 40 em 10.000.

Ainda assim, altitudes acima dos 3000 metros, a prevalência foi novamente mais alta: 86 em 10.000. A equipa refere que isto pode ser um acaso estatístico, já que este conjunto de dados incluía apenas sete municípios e 11.498 pessoas, muito menos do que os outros três intervalos de altitude.

A equipa de investigação teoriza que os metabolismos das pessoas podem funcionar mais depressa em grandes altitudes, significando que queimam mais energia.

À New Scientist, David Stensel, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, sublinha que, de facto, “há estudos que mostraram que a taxa metabólica em repouso aumenta quando estás em grande altitude”.

Por exemplo, um estudo de 1984 descobriu que alpinistas perderam mais peso em grande altitude, em parte porque a gordura da sua comida era queimada ou excretada antes de ser convertida em tecido.

Outro estudo mais recente sugeriu que baixos níveis de oxigénio também contribuem para um metabolismo mais rápido.

Miguel Esteves, ZAP //

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