Estudo combate a crença de que as pessoas canhotas são mais criativas do que as destras. Até acontece o contrário.
A lista inclui Leonardo da Vinci, Aristóteles, Paul McCartney; ou Bill Gates, Nikola Tesla e Marie Curie. Todos canhotos e todos especialmente criativos na sua área.
Crescemos com a crença de que este “clube dos canhotos” é especial. Só 10% das pessoas escrevem com a mão esquerda; mas parecia que a probabilidade de encontrar “génios” era maior neste pequeno grupo.
Mas essa crença antiga – de que as pessoas canhotas são, por natureza, mais criativas do que as destras – é contrariada por um novo estudo.
Investigadores da Universidade de Cornell concluíram que não há evidências científicas que sugiram que indivíduos canhotos ou ambidestros superem os destros em termos de pensamento criativo.
O estudo analisou a alegada ligação entre lateralidade e criatividade, uma teoria muitas vezes associada às diferenças entre os hemisférios cerebrais.
Embora a canhota tenha sido tradicionalmente associada a uma maior utilização do hemisfério direito do cérebro — geralmente relacionado com o pensamento divergente — os investigadores não encontraram qualquer vantagem dos canhotos nos testes de criatividade.
Até se verificou o contrário: os destros tiveram resultados ligeiramente superiores no amplamente utilizado “teste de usos alternativos”, que avalia o pensamento divergente através da medição do número de utilizações novas que uma pessoa consegue propor para objetos do quotidiano.
Para alargar a análise, a equipa examinou dados de quase 12 mil indivíduos em mais de 770 profissões.
Ao classificar as ocupações de acordo com os níveis de originalidade e de raciocínio indutivo, o estudo posicionou físicos, matemáticos e artistas plásticos entre as profissões mais criativas.
Contrariando a perceção popular, verificou-se que os canhotos estão sub-representados nestes domínios altamente criativos, apesar de estarem sobre-representados nas áreas da música e das artes visuais.
“As pessoas veem muitos músicos e artistas canhotos e assumem que todos os canhotos são mais criativos. Mas quando se observa uma ampla variedade de profissões, a suposta vantagem desaparece“, resumem os autores do estudo, citados na revista Fast Company.
Esta investigação chegou a outra conclusão: entre os quase mil artigos científicos sobre o assunto, apenas 17 cumpriam os critérios necessários. Assim se explica que estudos anteriores apresentassem a ideia de uma vantagem criativa dos canhotos.
