Numa viagem em “câmara lenta”, um comboio de reboques está a transportar a Igreja de Kiruna para um novo lugar, para dar lugar à expansão da maior mina subterrânea da Europa.
A Kiruna Kyrka, uma igreja luterana sueca inaugurada em 1912, está a ser lentamente transportada para a sua nova casa, a um ritmo de meio quilómetro por hora, numa viagem que começou esta terça-feira e vai durar dois dias.
Kiruna é a cidade mais a norte do país, a 200 quilómetros acima do Círculo Polar Ártico, e é lar de cerca de 23.000 habitantes — incluindo membros do povo indígena Sami.
Em 2001, o público sueco votou na Igreja de Kiruna como o “melhor edifício de todos os tempos, construído antes de 1950”, numa sondagem ligada ao Ministério da Cultura.
Numa operação gigantesca que durará várias décadas, toda a cidade do Ártico está a ser deslocada à medida que uma mina de minério de ferro explorada pela empresa mineira estatal LKAB ameaça engolir a cidade, com os residentes a começarem a ver fissuras nos edifícios e nas estradas.
Para evitar que Kiruna fosse engolida – as autoridades começaram a mudar os edifícios para um novo centro da cidade, a uma distância segura da mina. A lei sueca proíbe que qualquer atividade mineira tenha lugar debaixo de edifícios.
A mudança do centro da cidade está em preparação desde 2004, mas nem toda a gente está agradada com esta deslocalização.
Lars-Marcus Kuhmunen, presidente de uma das organizações de pastores de renas Sami em Kiruna, disse à Euronews que os planos da LKAB para uma nova mina podem ameaçar as rotas de migração das renas e pôr em perigo a subsistência dos pastores da região.
A igreja, desenhada por Gustaf Wickman, é apenas um de 23 edifícios culturais a serem realocados no que a LKAB descreveu como “um evento único na história mundial”. Mas é o que está a chamar mais a atenção.
Dezenas de câmaras foram instaladas ao longo da rota para permitir que pessoas em toda a Suécia e no mundo assistam em direto ao percurso.
Como escreve o The Guardian, a igreja deverá reabrir na sua nova localização no final do próximo ano, mas a relocalização completa da cidade não deverá estar concluída antes de 2035.