Em praticamente qualquer lugar do globo, apenas 10% das pessoas são canhotas, isto é, têm maior habilidade com o lado esquerdo do corpo, especialmente com a mão, comparativamente com o lado direito.
Os cientistas tentam há pelo menos um século perceber porque é que esta proporção – 1 em 10 – é tão desequilibrada e vigora numa escala semelhante em quase todo o planeta.
Serão fatores genéticos? Ou sociais? Tal como refere o portal Science Alert, não parece haver uma só justificação para este fenómeno – serão vários os motivos que separam de forma tão drástica o número de destros e canhotos.
Quando pegamos num lápis ou chutamos uma bola tendemos a fazê-lo sempre com um lado do corpo, seja a mão ou pé direito ou esquerdo. Segundo explicou à emissora britânica BBC o especialista Hannah Fry, estas assimetrias podem ser encontradas em praticamente todo o corpo humano, desde os nossos pés ao cérebro.
Mas há uma pergunta que continua sem resposta: porque é que o rácio entre destros e canhotos não é 50/50? A resposta não é linear.
Alguns especialistas sugerem que se trata de uma questão social: a cooperação social, desenvolvida ao longo de milhares de anos terá dado aos destros o domínio. Isto é, quando as comunidades interagem juntas, no que toca à partilha de ferramentas e espaços, usar a mesma mão do que todos os outros é benéfico.
Outra concorrente avançada pelos cientistas defende que esta situação está relacionada com a forma como o cérebro se organiza em dois hemisférios, com a metade esquerda deste órgão a controlar o lado direito do corpo e, em igual sentido, a metade direita a controlar o lado esquerdo do corpo.
Tal como refere o mesmo portal de Ciência, se o cérebro da maioria das pessoas usa o hemisfério esquerdo para controlar a linguagem intensiva e as habilidades motoras finas, este viés acaba por fazer com que a mão direita domine.
Outras das hipóteses mais comuns para explicar a raridade dos canhotos está relacionada com uma mutação genética: no nosso passado distante, uma alteração genética fez com que os centros de linguagem do cérebro humano se deslocassem para o hemisfério esquerdo, causando o domínio dos destros, tal como explicou Alasdair Wilkins ao portal Gizmodo, em meados de 2011.
A genética pode, efetivamente, ter um papel para explicar o fenómeno, mas não é capaz de explicar tudo. Isto porque os canhotos são mais propensos a ter filhos canhotos quando comparados com pais destros, mas, ainda assim, tendem, no geral, a ter filhos destros.
E os ambidextros?
Os cientistas lutam, há anos, para tentar identificar exatamente quais os genes que são responsáveis pelo domínio dos destros, mas não há consenso. Há ainda outros estudos científicos que relacionam esta discrepância com outros fatores como os níveis de estrogénio e posição do feto ao nascimento.
Os cientistas parecem ter em cima da mesa muitas possíveis justificações mas não sabem como relacioná-las e, por isso, não podemos afirmar ao certo porque é que nascemos destros ou canhotos. Os cientistas certamente continuarão os trabalhos para explicar o fenómeno e, depois, terão de responder a outra pergunta.
E os ambidextros?