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Salvador Sobral venceu a 62ª edição do Festival Eurovisão da Canção
Cantor contraria Simone de Oliveira e considera que Portugal deve deixar o Festival caso Israel se mantenha.
Salvador Sobral acha que Israel deve ficar fora do próximo Festival Eurovisão da Canção. Se continuar a participar, Portugal deveria sair do evento em 2026.
“Expulsar Israel da Eurovisão é algo simbólico, reconhecer o Estado da Palestina também é simbólico, mas com muita força, com uma flotilha que vai até Gaza. São coisas simbólicas, obviamente com dimensões diferentes”.
“Está na hora de Portugal acordar, tanto no Governo como no canal público, que deve tirar a participação de Portugal se Israel participar, não tenho dúvidas nenhumas”, continua o cantor, em entrevista à TSF.
Simone de Oliveira tinha dito, também na TSF, que é preciso travar a “loucura” da guerra em Gaza mas acha que não se devem juntar assuntos: “Mas vamos misturar política com canções? Será que vale a pena? Será que isso vai resultar nalguma coisa? Será que não fará com que, de repente, o mundo fique todo contra tudo, contra as canções, contra as letras, contra as ruas, contra os monumentos, contra tudo?”
Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, não concorda: “Não podia estar mais em desacordo. Toda a arte é política e obviamente que se deve misturar, o homem é a sua arte e deve falar-se das convicções de cada autor nas obras que faz. Porque isso está tudo presente na arte, a arte também é política. Eu estou completamente contra essa máxima de que não se pode misturar a arte com política. A verdade é que a arte mudou coisas na política“.
Salvador também lamenta a “dualidade de critérios” em relação à Rússia, que foi expulsa logo em 2022, quando invadiu a Ucrânia:”Quando começou a invasão da Ucrânia, todos os países na Europa começaram logo com sanções à Rússia; e com Israel é o contrário, não se percebe porquê, há uma impunidade. E a Eurovisão segue a mesma linha dos governos, que é uma linha de total negação daquilo que está a acontecer e então decidem deixar que Israel participe na Eurovisão. Repito: EUROvisão”.
“Para mim, era mais do que óbvio – assim como a Rússia foi logo expulsa da Eurovisão – que Israel tem de ser expulso logo desde que começou agora esta leva de ataques mais intensa. Desde que o genocídio é declarado, é óbvio que Israel não pode estar na Eurovisão a cantar canções de circo. Não faz nenhum sentido”, considera o intérprete.
A RTP vai reunir-se na próxima semana com a União Europeia de Radiodifusão.
A postura da RTP tem sido de silêncio; como a do Governo português, diz Salvador Sobral: “É tentar não fazer muito barulho e tentar não chatear, não fazer nenhuma sanção a Israel, nem sequer ainda reconhecemos o Estado da Palestina, vamos ver quando é que isso acontece. Em Portugal é assim, o Governo não tem essa força que têm outros governos de dar um murro na mesa. Infelizmente não temos essa capacidade, mas já seria simbolicamente muito forte se pelo menos o canal público o fizesse”.
Como tinha vencido o concurso em 2017, um ano depois Salvador Sobral foi ao palco em Lisboa entregar o prémio à vencedora de 2018: Netta, a representante de Israel.
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