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Incêndios: estar “sentado em Lisboa” não serve. Governo admite descoordenação

PHILIPPE MAGONI/EPA

Secretário de Estado aborda este período quente: “Não há memória”. Serra da Lousã queimada – e vai demorar muito a recuperar.

Portugal está há muitos dias seguidos com incêndios preocupantes, todos os dias. Já morreram três pessoas, já arderam quase 200 mil hectares, há diversos feridos e casas destruídas ou afectadas.

Autarcas e habitantes das zonas têm repetido a queixa: faltam meios, falta apoio do Governo.

Rui Rocha, secretário de Estado da Protecção Civil disse que o Executivo tem dado “uma resposta positiva”, numa fase em que “não há memória” neste século de algo semelhante – tantos dias seguidos com condições meteorológicas adversas. E ainda com “circunstâncias anormais”, como trovoadas secas e ventos convectivos.

Tem havido sempre “quatro ou cinco incêndios de grandes dimensões” em simultâneo. Milhares de operacionais são necessários ao mesmo tempo, não dá para chegar a todas as populações no imediato.

A situação de alerta em Portugal não foi prolongada porque a temperatura e a humidade estão a diminuir (embora o vento continue forte em diversos locais).

“São esses aspectos que nos levaram a não prolongar a situação de alerta, tendo também a consciência que já estamos num período prolongado e que também tem consequências do ponto de vista de algumas actividades que ficam condicionadas”, explica o membro do Governo, na SIC Notícias.

Em relação às críticas, o secretário de Estado admite que “possa haver alguma descoordenação momentânea” devido à “complexidade dos teatros de operações”:

Rui Rocha assegura que o maior problema no combate aos incêndios não tem sido a falta de meios aéreos – mas sim ter esses meios e as condições não os deixarem operar: “Isso é a maior angústia que nós temos. É perceber que temos os meios, mas perceber que não temos as condições em momentos muito determinantes para um determinado teatro de operações.”

Lousã ardeu

Um dos locais que ficaram irreconhecíveis devido às chamas é a Serra da Lousã. Ficou um cenário de destruição.

Ana Costa e Silva, da Associação Empresarial Serra da Lousã, espera uma reconstrução com “sentido de responsabilidade, com visão de futuro e sustentada na experiência de quem vive e trabalha diariamente” no local.

Isto porque a Serra da Lousã “não é só paisagem: é economia, é futuro, é vida”. Por isso, a sua reconstrução “tem que começar já – e não pode ser feita por pessoas que não conheçam o território, que estejam sentadas em Lisboa“, avisou na Antena 1.

Ana tem noção de que “vai demorar muito tempo para que a Serra da Lousã fique como estava antes”. E há danos que não são só os imediatos: “Pensem nisto num projecto a dois, três ou cinco anos. Há impacto e danos, prejuízos, que têm esta duração”, apelou.

ZAP //

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