Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, falou, em entrevista à TVI24 esta terça-feira, sobre a aprovação do Orçamento de Estado para 2021 e as eleições presidenciais e desvalorizou a polémica com o embaixador dos Estados Unidos em Portugal.
Em entrevista à TVI24 esta terça-feira, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, garantiu que o PCP “não está fora da discussão” do próximo Orçamento do Estado (OE2021). “O próprio partido já o disse publicamente e o Governo continua a trabalhar com o PCP, tal como trabalha com os restantes partidos da esquerda”, disse.
Santos Silva disse ainda estar confiante quanto à aprovação do Orçamento. “Acredito que há todas as condições para que a aprovação do OE ocorra […] Creio que que há condições, mas há também a necessidade de o país manter esta vantagem que é a estabilidade.”
“Todos nós temos noção da dimensão da crise e da necessidade da estabilidade”, afirmou.
Questionado sobre a suposta pressão de Marcelo sobre o líder do PSD, Rui Rio — este pode ser o único eventual parceiro do Governo capaz de evitar uma crise política se o Orçamento não for aprovado à esquerda —, o ministro considerou as preocupações de Marcelo “naturais”.
“O Presidente da República tem dito que não podemos somar uma crise política à económica e que todos devemos assumir as nossas responsabilidades. Todos temos responsabilidade de contribuir e de olhar para este momento e medir bem os passos”. “Uns contribuem na oposição, outros na maioria”, afirmou.
Ana Gomes e as presidenciais
Sobre as eleições presidenciais de 2021, o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que Ana Gomes não deveria contar com o apoio do Partido Socialista (PS) nas próximas eleições presidenciais.
“Se Ana Gomes é uma boa candidata? Sim, enriquece o debate democrático. Se é uma boa candidata para ter o apoio do Partido Socialista? Na minha opinião, não“, disse o ministro.
Para Santos Silva, o apoio dos socialistas a um candidato na corrida a Belém deve ser definido em “quatro critérios muito simples”.
Em primeiro lugar, segundo o ministro, deve ser realizada uma avaliação do mandato do atual Presidente da República. Posteriormente, o partido deverá refletir sobre “o entendimento” que tem de um possível segundo mandato. O terceiro critério prende-se com “o entendimento que este terá da projeção do Presidente da República como um garante do espaço democrático e da vida institucional em Portugal”. Por último, é necessário ter em conta “a consonância do PS com o seu próprio eleitorado”.
Assim, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que, nas eleições presidenciais, os extremismos não devem ser combatidos com extremismos e deixou claro que espera “pessoalmente” uma recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
Declarações do embaixador dos EUA “ultrapassadas”
Santos Silva voltou a falar do facto de George Glass, embaixador dos Estados Unidos em Portugal, ter dito, em declarações ao semanário Expresso, que “Portugal tem de escolher agora entre os aliados e os chineses”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, na altura, respondeu que “quem toma as decisões é Portugal”. No entanto, agora, Santos Silva garante que o tema foi “ultrapassado”. “São circunstâncias completamente ultrapassadas”, afirmou. “Trabalhamos com a proximidade que os aliados trabalham”.
Questionado sobre a possibilidade de as declarações do embaixador norte-americano serem uma ingerência nos assuntos internos de Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu negativamente, recordando a “profunda amizade que liga os dois países” e a sua “colaboração íntima” – “no plano bilateral, seja em organizações multilaterais”.
Em relação à exclusão de Portugal dos corredores aéreos de vários países, Santos Silva admitiu: “É evidente que a responsabilidade política é minha”. Porém, não considera, ainda assim, que tenha havido uma falha por parte dos diplomatas portugueses.
Sobre a exclusão dos corredores do Reino Unido, Santo Silva considera que “o país assumiu um método que é errado. Entendeu que se evitasse a entrada de pessoas estaria a salvo, o que não veio a acontecer”.
Relativamente ao novo pacto para as migrações, que prevê que os Estados-membros da União Europeia possam escolher se recebem ou não pessoas – recebendo 10 mil euros por cada adulto -, o ministro referiu que se trata “de uma boa base de trabalho”, embora a considere insuficiente “para se chegar a um compromisso”.
É totalmente incapaz de uma tomada clara de posição sobre o que quer que seja. O mundo e Portugal em particular não precisa mais de pessoas demagogas e de ambiguidade na política.
“O PCP não está fora da discussão”; “o PSD poderá ser o único parceiro político”; Apoio do PS a Ana Gomes: “na minha *opinião*, não”; os EUA exigem “Ou nós ou a China”. Resposta dele: “Trabalhamos com a proximidade que os aliados trabalham” -qual é essa proximidade? Grande? Pequena? Total? Exclusiva? Não se pode trabalhar com a China e manter “proximidade aos aliados”?
Enfim, tudo vago! Tem de ser claro e de se ter palavra. Políticos como Ventura são claros mas não cumprem a palavra nem praticam o que apregoam. Políticos como Santos Silva são ambíguos para nunca se poder dizer que não fazem o que apregoam. Nem uma nem outra posição serve mais.
Mas pelo menos a este… conseguimos ver-lhe a careca!
Pense nisso!