O Parlamento Europeu vai realizar um debate de urgência na quarta-feira sobre a situação na Catalunha, anunciou o presidente deste órgão, Antonio Tajani.
Os eurodeputados decidiram hoje adicionar à ordem de trabalhos um debate consagrado à situação na Catalunha, marcada pela violência policial contra cidadãos catalães que tentavam garantir o voto no referendo independentista, realizado este domingo na região, e que o Tribunal Constitucional espanhol proibiu.
O debate de urgência terá lugar na quarta-feira à tarde em Estrasburgo, anunciou o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, após um voto sobre este tema no início da sessão plenária.
Hoje, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, também pediu ao primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que evite “um novo uso da força”, após os confrontos entre polícia e manifestantes. Tusk telefonou ao chefe do Governo espanhol pedindo-lhe que procure “meios para evitar uma nova escalada de violência e de uso da força“.
Também o líder do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, falou ao telefone com Rajoy, reiterando a posição já anunciada pelo porta-voz da Comissão Europeia.
A ‘Comissão Juncker’ sustentou hoje, na conferência de imprensa diária, que “a violência nunca pode ser um instrumento na política”, reiterando que o referendo de domingo, na Catalunha, foi “ilegal” ao abrigo da Constituição espanhola.
Por sua vez, o Presidente francês, Emmanuel Macron, transmitiu esta segunda-feira a Rajoy “o seu compromisso com a unidade constitucional de Espanha”, anunciou a presidência francesa, um dia depois do referendo na Catalunha.
Macron falou telefonicamente com Rajoy para lhe reafirmar que “apenas tem um interlocutor, na pessoa de Rajoy”, precisou o palácio do Eliseu num comunicado.
Segundo as autoridades de saúde, pelo menos 844 pessoas e 33 agentes policiais ficaram feridos. Os números não foram verificados por qualquer entidade autónoma.
O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos mostrou-se hoje “muito perturbado” com a violência que ocorreu no domingo na Catalunha e pediu uma investigação independente e imparcial sobre “todos os atos de violência”.
Em comunicado, o máximo responsável dos Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse que a resposta da polícia nestas situações deve ser “proporcional” e acrescentou que a presente situação “deve resolver-se através do diálogo político, com total respeito pelas liberdades democráticas”.
O presidente do governo regional catalão, Carles Puigdemont, pediu hoje uma mediação internacional no conflito que opõe a região ao Governo de Madrid e exigiu a retirada dos cerca de dez mil efetivos policiais enviados para a Catalunha para impedir o referendo.
Segundo o porta-voz do executivo catalão, Jordi Turull, 90% dos 2,22 milhões de catalães que votaram no domingo escolheram o “Sim”, a favor da independência da Catalunha.
ZAP // Lusa