O governo regional da Catalunha anunciou no domingo que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo, declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional, de acordo com dados preliminares.
Segundo o porta-voz do executivo catalão, Jordi Turull, 90% dos 2,22 milhões de catalães que votaram no domingo escolheram o “Sim”, a favor da independência da Catalunha.
O responsável indicou que 8% dos eleitores rejeitaram a independência e o resto dos boletins tiveram votos brancos ou nulos. Turull, que avançou os dados à imprensa ao início da madrugada de segunda-feira em Espanha (pouco antes da meia-noite de domingo em Lisboa), disse que ainda faltavam contar 15 mil votos.
O representante catalão referiu ainda que o número de boletins contabilizados não incluía aqueles que foram confiscados pela polícia nas cargas policiais que pretenderam impedir as votações. Segundo as autoridades de saúde, pelo menos 844 pessoas e 33 agentes policiais ficaram feridos. Os números não foram verificados por qualquer entidade autónoma.
Nas últimas eleições regionais, em setembro de 2015, quando estavam recenseados na Catalunha 5,5 milhões de eleitores, os partidos regionais separatistas tiveram menos de metade da votação, mas conseguiram a maioria dos deputados do parlamento da Catalunha.
O maior partido nacional, o PP, apenas teve a confiança de 8,5% dos catalães, apesar de, na altura, ter a maioria absoluta dos deputados do parlamento, em Madrid.
Mas os separatistas não são maioritários na sociedade catalã, apesar de cerca de 70% da população estar a favor da realização de um referendo legítimo e de uma alteração do relacionamento com o Governo central.
Carles Puigdemont, declarou que, após o referendo, os catalães ganharam o direito a ter um “Estado independente” e anunciou que remeterá ao parlamento regional o resultado da votação.
“Hoje, com esta jornada de esperança e também de sofrimento, os cidadãos da Catalunha ganharam o direito a ter um Estado independente que se constitua em forma de república”, sublinhou, numa declaração no Palau, a sede do governo, acompanhado pelos membros do executivo regional.
Puigdemont anunciou que enviará, “nos próximos dias”, ao parlamento catalão “os resultados” da consulta, para que “atue de acordo com o que está previsto na lei do referendo”.
Rajoy: “Não houve referendo de autodeterminação”
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, declarou que “não houve um referendo de autodeterminação” na Catalunha e que a “grande maioria” dos catalães recusou “participar no guião dos separatistas”.
“Hoje não houve um referendo de autodeterminação. Hoje todos os espanhóis constataram que o nosso Estado de Direito mantém a sua força e a sua vigência“, declarou o líder do Governo espanhol, numa declaração no Palácio da Moncloa, em Madrid.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, agradeceu ainda “de uma maneira muito especial” à Polícia Nacional e à Guardia Civil, que “cumpriram a sua obrigação e mandato”, sem qualquer referência aos feridos nas cargas policiais na Catalunha.
“Agradeço aos partidos políticos que mostraram a sua lealdade para com o Estado, aos juízes e procuradores que aplicaram a lei sem receios dos assédios antidemocráticos, e, de uma maneira muito especial, às forças e corpos de segurança do Estado, à Polícia Nacional e à Guardia Civil, que cumpriram a sua obrigação e mandato”, afirmou o chefe do Governo espanhol, numa declaração a partir de Madrid.
Na sua intervenção, de cerca de 13 minutos, Rajoy nunca fez referência aos atingidos nas cargas policiais que ocorreram em vários locais da Catalunha e que, segundo o executivo regional, provocaram mais de 800 feridos.
ZAP // Lusa
Este imbecil do Rajoy, sem querer, deu um bom impulso à causa independentista catalã. Com tantas formas simples e pacíficas de descredibilizar o referendo, escolheu a pior das vias. Depois da violência despropositada contra simples cidadãos que apenas pretendiam votar, será difícil aos catalães que estavam mais hesitantes não se mobilizarem; também perante a comunidade internacional os catalães passaram a ser vistos como vítimas de repressão bruta. Há tiros no pé e tiros no pé, mas este foi de bazuca e arrancou a perna toda! Pior do que isto, só mesmo se tivesse havido mortos.
Nunca estive aqui tanto de acordo com um comentário como com este. Aquilo que poderia ser fácil de resolver está uma trapalhada de todo o tamanho e ainda vai piorar mais. Foi de bazuca mesmo na pata…
Os imperialistas de Madrid estão cada vez mais entalados e a mostrar o seu verdadeiro sentimento sem solução à vista e quanto a mim recorrerão ainda a métodos mais repressivos para tentarem abafar a voz aos catalães, é lamentável que a UE embarque pela mesma via dos espanhóis!