Vai o ministro cair com o assessor? Galamba acusado de querer mentir à CPI da TAP

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André Kosters / Lusa

O Ministro das Infraestruturas, João Galamba

O exonerado assessor de João Galamba acusa o ministro de querer mentir à CPI da TAP. Partidos pedem a demissão do ministro das Infraestruturas.

O cenário que se viveu no Ministério das Infraestruturas foi provavelmente único na história da política portuguesa. A confirmarem-se os relatos veiculados por vários meios de comunicação, depois de exonerado do cargo, Frederico Pinheiro, adjunto do ministro João Galamba, levou à força dois computadores do Ministério, um deles com informações classificadas.

Fontes contactadas pela SIC dizem que o momento foi tenso e que o ex-adjunto terá mesmo partido um vidro antes de levar o portátil para casa. Terá agredido pelo menos duas mulheres que trabalham no gabinete e, como ficou bloqueado no interior do edifício, optou por lançar a sua bicicleta contra o vidro da fachada, conta o JN.

Ouviram-se ainda “gritos na sala” e até “agressões” e “altercações” da parte de Frederico Pinheiro. As funcionárias agredidas e outras colegas, num total de cinco pessoas, estavam refugiadas numa casa de banho, de onde ligaram para o 112 a pedir ajuda.

O ex-assessor de Galamba terá levado o portátil para casa para fazer um backup de umas supostas “notas” tiradas durante a reunião secreta entre a ex-CEO da TAP, o Governo e o PS.

A polícia foi mesmo chamada ao local e a chefe de gabinete de Galamba, Eugénia Correia Cabaço, acionou mesmo o SIS (Serviço de Informações de Segurança) para reaver o computador que o adjunto usava, sabe o Expresso.

Frederico Pinheiro acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a reunião.

Num comunicado enviado às redações, Frederico Pinheiro referiu que, no seguimento das revelações feitas no dia 4 de abril, na audição da ex-CEO, Christine Ourmières-Widener, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, João Galamba reuniu-se consigo para abordar o tema da reunião preparatória de 17 de janeiro, na véspera de uma audição da gestora na comissão parlamentar de Economia.

“Nesse momento, o adjunto Frederico Pinheiro indica ter tomado notas da reunião [de 17 de janeiro], que registou no computador. Resumiam o que tinha sido abordado” naquele encontro, bem como numa outra reunião realizada um dia antes.

De acordo com o adjunto exonerado, “ficou indicado que, em caso de requerimento pela comissão parlamentar de inquérito, as notas não seriam partilhadas por serem um documento informal”.

“Entretanto, a 24 de abril é indicado a Frederico Pinheiro pela técnica Cátia Rosas que o gabinete ia responder à CPI, no âmbito de um requerimento, que não existiam notas da reunião”, refere o comunicado, acrescentando que “nesse momento, Frederico Pinheiro indica à técnica que, como sabia, tal era falso e que, no seguimento do comunicado do Ministério das Infraestruturas de dia 6 de abril, era provável que Frederico Pinheiro fosse chamado à CPI e que, nesse momento, seria obrigado a contradizer a informação que estava naquela resposta”, com a qual discordava.

Contactado por João Galamba, na terça-feira, 25 de abril, Frederico Pinheiro terá deixado “claro que a decisão que tomaram de não revelar a existência das notas teria de ser revista”. “João Galamba teve uma reação irada”, refere o comunicado.

Entretanto, João Galamba, negou “categoricamente” as acusações, recusando a ideia de que “tenha procurado condicionar ou omitir informação prestada à CPI da TAP”, lê-se numa nota enviada pelo Ministério às redações.

No mesmo comunicado, o gabinete de João Galamba refere ainda que, “pelo contrário”, “toda a documentação solicitada pela CPI foi integralmente facultada”.

“A propósito da exoneração de Frederico Pinheiro, esclarece-se que a mesma decorre do facto de o então adjunto ter repetidamente negado a existência de notas de reunião que eram solicitadas pela CPI, o que poderia ter levado a uma resposta errada à CPI por parte do Gabinete do MI [Ministério das Infraestruturas]”, lê-se ainda.

Partidos pedem demissão de Galamba

O PSD considerou que o ministro das Infraestruturas não tem condições para continuar em funções caso se confirme que quis omitir à comissão parlamentar de inquérito à TAP informação sobre a reunião com a antiga CEO.

“Acabámos de saber pela voz do seu ex-assessor que o ministro quis mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito, omitindo informação relevante sobre o tema da TAP”, afirmou o líder parlamentar do PSD, considerando que “isso é inaceitável no comportamento de um membro do Governo”.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Joaquim Miranda Sarmento afirmou que “se isso é de facto assim, não há condições para o ministro continuar no Governo”, pois “cometeu um ato gravíssimo de querer mentir à CPI”.

O social-democrata defendeu igualmente que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, “está politicamente muito diminuído pela mentira que quis fazer à CPI”.

O líder do Chega, André Ventura, considerou também que Galamba já não tem condições para continuar no cargo.

“Isto é muito grave e, sendo verdade, o ministro não tem quaisquer condições para continuar”, afirmou André Ventura, em declarações aos jornalistas à margem de um jantar com apoiantes em Moura, no distrito de Beja.

Os dois partidos pediram esta sexta-feira a audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP de Frederico Pinheiro.

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, disse ainda que o “Governo não pode ficar indiferente” às acusações e que “João Galamba terá de dar a cara”.

Caso se comprove a veracidade das acusações do ex-adjunto do governante, Galamba “não pode continuar como ministro”, acrescentou.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Este gajo tem tiques nazis, basta ouvir o que diz e a frequência do tom da voz, para além de chico esperto, esquecendo as expressões da cara e da linguagem corporal, se não desaparecer do poder estamos tramados (acordem portugueses).

  2. A continuidade no governo do amigo do Sócrates é completamente impossível. Neste momento já se sabe que mentiu. Agora, tivemos conhecimento que tentou impedir que o assessor dissesse a verdade. É tudo demasiado mau. É um modus operandis à imagem do seu dono.

  3. Este Galamba é um economista, já tivemos um engenheiro e a maioria dos ‘representantes’ do povo são advogados.
    Qual será a profissão do Verdadeiro Democrata?

  4. Este está chegando ao fim da linha.
    O recurso sistemático à mentira por parte deste indivíduo parece ser habitual. Tal como acontece com os outros membros deste governo de artistas que está há meses a cair de podre. Mas não cái…!
    Sô professor, queira lá tirar as devidas conclusões.
    E mande dar umas valentes galambadas a esse indivíduo. Ele merce!

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