A estratégia do PS para desativar a “bomba TAP” e seguir em frente

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Manuel de Almeida / Lusa

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes (E), cumprimenta o ministro das Finanças, Fernando Medina (D), acompanhados pelo primeiro-ministro, António Costa (C)

Os socialistas querem encerrar a polémica com a TAP e apostar em enaltecer Fernando Medina e Pedro Nuno Santos, que foram os únicos que saíram do caso bem na fotografia.

Conhecido o relatório da comissão de inquérito parlamentar à TAP, que omite várias das polémicas que marcaram todo o processo, o PS está preparado para seguir em frente depois de muitos pedidos de demissão e contradições.

De acordo com o Observador, a estratégia do partido é desvalorizar os resultados da comissão e culpar a oposição pelo “empolamento” dos casos e casinhos. Segundo um deputado, os socialistas querem agora “começar outra vez” com o regresso dos trabalhos parlamentares em Setembro.

Mesmo com o fim da comissão, o relatório também está a dar que falar e foi arrasado pela oposição, que foi descrito como uma versão “ficcional” do que se passou feita especificamente para apagar o fogo em torno de João Galamba. Um deputado socialista admite que o documento não passa de uma “literatura de supermercado”.

“O relatório é o que menos interessa, porque o PS tem noção do que se passou. E a opinião pública também. O que interessa é o que aconteceu até ao relatório”, frisa.

O socialista Vitalino Canas partilha esta opinião e diz que é “um pouco ingénuo pensar que é o relatório que vai ditar as conclusões”, já que as pessoas “tiram as suas próprias conclusões“, remata.

“Como já se tinha percebido, a montanha pariu uns ratinhos”, refere um deputado socialista sobre as conclusões da comissão. O argumento é que o objetivo da comissão era procurar indícios de pressões políticas na gestão da TAP, sendo assim irrelevantes alguns dos episódios mais estranhos que marcaram as audições, como as agressões no Ministério das Infraestruturas.

O PS quer agora focar-se naquilo que correu menos mal, como as prestações de Pedro Nuno Santos e Fernando Medina, que acabaram por sair reforçados, e passar uma borracha nas polémicas com João Galamba. O ex-Ministro das Infraestruturas inclusive já voltou a assumir o mandato como deputado, tendo sido recebido como uma estrela pelos colegas de bancada.

Com a cobertura mediática em torno do caso a também acalmar, a esperança socialista é que a atenção do eleitorado também comece a dispersar. Uma sondagem da SIC e do Expresso já depois de todas as audições também mostrou que nem com todos estes o PSD a consegue ultrapassar os socialistas nas intenções de voto e se as eleições fossem agora, o PS voltava a ganhar.

 

Mesmo assim, de acordo com um deputado socialista, “quem acha que não retirará consequências políticas deste ano e meio é porque não conhece António Costa“. O primeiro-ministro deve assim seguir os conselhos de muitos comentadores e até do próprio Presidente do PS, Carlos César, e avançar mesmo com uma remodelação governamental.

“Não remodela sob pressão, mas com tempo e quando acha que é o momento. As coisas estão a acalmar e vai haver consequências — não da comissão de inquérito, mas do último ano”, aposta o mesmo deputado.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. Engraçado. Um patife que acordou no pagamento dos 500.000 e que não se lembrava, agora é um herói. Estamos todos fodricados com estas paneleirices políticas. Pobre país.

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