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Entre ir a jogo ou o livre arbítrio. PS decide batata quente das presidenciais em Outubro

Hugo Delgado / Lusa

O PS vai assumir uma posição sobre as eleições presidenciais, nomeadamente se apoiará algum candidato ou não, em meados de Outubro, numa reunião da Comissão Nacional.

A notícia é avançada pela TSF que salienta que esta reunião deverá ser convocada pelo presidente do PS, Carlos César, para a primeira quinzena de Outubro.

As eleições presidenciais vão ser o tópico forte deste encontro, ainda segundo a mesma Rádio. Em cima da mesa estará o potencial apoio a alguma candidatura ou a eventualidade de dar liberdade de voto aos militantes socialistas.

O livre arbítrio foi a opção tomada pelo PS nas anteriores eleições presidenciais que foram ganhas por Marcelo Rebelo de Sousa com 52% dos votos.

Apesar de Maria de Belém ter concorrido ao sufrágio, o PS optou por não apoiar nenhuma candidatura. A ex-presidente do PS acabou por recolher menos de 5% dos votos.

Para as próximas presidenciais, Ana Gomes, eurodeputada socialista, já se anunciou como candidata a par de Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, de João Ferreira, do PCP, e de André Ventura, do Chega.

O nome de Ana Gomes não é consensual no seio do PS, pelo que o apoio do partido criará uma incómoda divisão interna.

A diplomata tem muitos anticorpos dentro do próprio PS e tem sido uma figura incómoda para o próprio Governo de António Costa.

Na passada sexta-feira, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, remeteu para a “hora própria” um comentário do partido sobre as presidenciais, depois de ter sido questionado sobre a candidatura de Ana Gomes.

António Costa, o secretário-geral do PS, ainda não comentou essa candidatura e o mesmo silêncio se tem verificado entre a maioria dos principais dirigentes socialistas.

Já a deputada socialista Isabel Moreira veio a público anunciar que apoia o candidato comunista.

Mas o ministro Pedro Nuno Santos pode surgir como voz contra-corrente e como apoiante de Ana Gomes. O governante que é apontado como potencial sucessor de Costa na liderança socialista tem sinalizado a sua preferência por um PS mais à esquerda.

Pedro Nuno Santos já anunciou publicamente que é contra o apoio do PS a Marcelo Rebelo de Sousa. “Nunca apoiarei um candidato da direita”, frisou numa entrevista à RTP1 em Julho deste ano, salientando que prefere “um candidato da área do PS”.

Uma posição que o ministro das Infraestruturas voltou a vincar na passada sexta-feira, remetendo para essas declarações. Contudo, Pedro Nuno Santos recusou dizer se apoia ou não Ana Gomes, salientando que enquanto vestir a farda de ministro não se pronunciará sobre o seu candidato presidencial.

“Sou cidadão português e obviamente tenho uma opinião sobre as presidenciais”, atirou, porém, dando a entender que deverá assumir o apoio a algum candidato presidencial (e Ana Gomes parece a opção mais óbvia).

De qualquer modo, Pedro Nuno Santos só deverá tomar uma posição pública depois da reunião da Comissão Nacional do PS em Outubro. Um encontro que servirá para contar espingardas e delinear a estratégia final dos socialistas para as presidenciais.

Enquanto isso, António Costa já deixou um recado a Pedro Nuno Santos, reforçando o dever de “recato” dos elementos do Governo e prometendo que não vai “interferir muito” na campanha eleitoral.

Bacelar Vasconcelos e Isabel Soares apoiam Ana Gomes

O jornal Público adianta esta terça-feira que a candidata presidencial Ana Gomes é apoiada pelo deputado do PS e constitucionalista Pedro Bacelar Vasconcelos e Isabel Soares, ex-directora do Colégio Moderno e filha de Mário Soares e Maria Barroso

Além destes, também Adelaide Ribeiro, membro do secretariado nacional da Mulheres Socialistas e ex-deputada à Assembleia da República (2017) pelo PS-Madeira, apoia a ex-eurodeputada socialista. Teresa Alegre Portugal, professora reformada e irmã de Manuel Alegre, e Maria José Melo Antunes, viúva de Melo Antunes, um dos principais ideólogos da revolução de Abril, são outros dos apoiantes de Ana Gomes.

Ana Gomes é também apoiada por Susana Peralta, economista, David Rodrigues, do Conselho Nacional de Educação, e Cristina Gomes da Silva, directora da Escola Superior de Educação de Setúbal. Maria Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação de um Governo PS (2005-2009, liderado por José Sócrates), também já manifestou o seu apoio.

O Expresso adiantou que José Vera Jardim é um dos seus apoios mais marcantes. O socialista, ex-ministro da Justiça, é o principal de uma lista que inclui Francisco Assis, Paulo Pedroso, Filipe Castro Mendes, Rui Vieira Nery, Magalhães e Silva, Maria do Rosário Gama e José Freitas Ferraz.

Ana Gomes conta ainda com personalidades fora do PS, como Rui Tavares, Ricardo Sá Fernandes ou Hélder Bértolo, da associação Diversidade.

ZAP //

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