A detenção do presidente da Câmara de Espinho e as buscas ao município de Lisboa são mais duas investigações a juntar a muitas outras em curso visando dezenas de autarquias locais sobre a violação da lei da contratação pública.
A primeira quinzena do ano foi pródiga em casos controversos envolvendo membros do governo e autarcas ou ex-autarcas, que levaram a uma sucessão de detenções, buscas e demissões.
Mas o longo historial de casos e suspeitas envolvendo autarquias locais vem de trás.
No âmbito da chamada Operação Vortex, o presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), renunciou ao mandato, mas ainda assim ficou em prisão preventiva, juntamente com um funcionário municipal e três empresários, detidos a 10 de janeiro por suspeitas de corrupção e de outros crimes económico-financeiros.
Terão sido cometidos, alegadamente, crimes “em projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.
No âmbito da mesma operação, também a residência de Joaquim Pinto Moreira (PSD), presidente desta autarquia do distrito de Aveiro entre 2009 e 2021, foi alvo de buscas e o computador e o telemóvel do deputado na Assembleia da República (AR) foram apreendidos.
Em Lisboa, suspeitas de ilegalidades em contratos de urbanismo assinados em 2015 e 2016, pelo então presidente da câmara, Fernando Medina (PS), atual ministro das Finanças, voltaram a ser notícia esta semana, após o departamento municipal desta área ter sido alvo de buscas na terça-feira por parte da Polícia Judiciária (PJ).
Em causa estão dois contratos, ambos por ajuste direto, celebrados com a empresa do ‘histórico’ socialista Joaquim Morão, ex-presidente dos municípios de Idanha-a-Nova e de Castelo Branco, para prestar serviços na área da gestão de projetos e construção de equipamentos e infraestruturas municipais: 22.550 euros em 2015 e 73.788 euros em 2016.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o processo “não tem arguidos constituídos” e está sujeito a segredo de justiça.
Em março de 2022, o Ministério Público (MP) acusou de vários crimes e mandou arrestar bens do antigo presidente da Câmara de Vinhais Américo Pereira (PS), num processo que envolve mais de 4,7 milhões de euros e mais três arguidos, neste concelho do distrito de Bragança.
Em 5 de janeiro deste ano, um dia após tomar posse, Carla Alves demitiu-se do cargo de secretária de Estado da Agricultura por entender não dispor de “condições políticas e pessoais” para iniciar funções, após ter sido noticiado o arresto de contas bancárias conjuntas que a então governante tinha com o marido, Américo Pereira.
Paulo Cafofo, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e presidente da Câmara do Funchal entre 2013 e 2019, é um dos visados na investigação do MP – sem arguidos – sobre “eventuais crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa e passiva, tráfico de influências e abuso de poder” em contratos públicos celebrados por autarquias madeirenses com empresas privadas.
Os ex-autarcas Orlando Alves e David Teixeira demitiram-se dos cargos de presidente e de vice-presidente da Câmara de Montalegre, distrito de Vila Real, após a detenção na “Operação Alquimia”, por suspeitas de favorecimento a familiares e amigos em contratos de obras públicas, entre 2014 e 2022, superiores a 20 milhões de euros.
O antigo presidente da Câmara de Caminha Miguel Alves, que se demitiu do cargo de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, começa a ser julgado brevemente por prevaricação, devido à violação das normas de contratação pública, quando acordou com a empresária Manuela Couto – também acusada – a prestação de serviços de assessoria de comunicação para o município.
O ex-presidente da autarquia de Viana do Castelo e atual secretário de Estado do Mar, José Maria Costa, está a ser investigado por ajustes diretos e concursos públicos de quase 5,5 milhões de euros, num inquérito ainda sem arguidos e que se centra no período entre 2009 e outubro de 2021.
A chamada “Operação Teia”, ainda em investigação, visa os municípios de Santo Tirso e de Barcelos, o Instituto Português de Oncologia do Porto e empresas de Manuela Couto, por suspeitas de corrupção, de tráfico de influência e de participação económica em negócio, devido à alegada “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto”.
Em abril de 2021, no âmbito da Operação Triângulo, a então presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita (PSD), foi detida pela PJ – mas saiu em liberdade – por suspeitas de corrupção num negócio imobiliário em Monte Gordo, no Algarve, com origem numa alegada venda de um imóvel a uma empresa por valores considerados abaixo do mercado, o que terá lesado o município.
Na Operação Triângulo, além da autarca, que renunciou ao cargo, foram também detidos um funcionário municipal e dois empresários, num total de oito arguidos, incluindo o deputado na AR António Ribeiro Gameiro (PS).
Em novembro de 2022, o MP acusou o presidente da Câmara de Penamacor, António Luís Beites (PS), o ex-chefe de divisão do departamento de obras, uma técnica do município, o sócio-gerente e um funcionário de uma sociedade de prevaricação e de falsificação de documento, por ajuste direto relativo a obras que já estariam feitas.
O presidente da Câmara de Vimioso (Bragança), Jorge Fidalgo (PSD), a chefe de gabinete e um chefe de divisão foram constituídos arguidos, após buscas da PJ e no âmbito de uma investigação sobre a aquisição de bens e serviços e contratos de empreitadas.
Em março de 2021, o MP instaurou um inquérito para averiguar alegadas adjudicações feitas nos Transportes Urbanos de Coimbra pelo então vereador da Câmara Municipal, Jorge Alves (PS), a uma empresa detida pelo seu filho.
Em Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, o presidente da câmara, Nuno Moita (PS), foi condenado este mês a uma pena suspensa de quatro anos por participação económica em negócio, por factos ocorridos entre 2010 e 2012, quando o autarca socialista era vice-presidente do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça.
Em novembro de 2022, o Tribunal de Portalegre condenou o presidente da Câmara de Marvão (Portalegre), Luís Vitorino (PSD), a uma pena suspensa de três anos de prisão e à perda de mandato por corrupção passiva.
O tribunal deu como provada a existência de um “plano” para que a Junta de Freguesia de São Salvador de Aramenha devolvesse verbas ao Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, superiores a 74 mil euros, envolvendo também ajustes diretos a empresas de empreitadas camarárias.
O ex-presidente da Câmara de Tabuaço, João Ribeiro (PS), que liderou o município do distrito de Viseu entre 2009 e 2013, e mais seis arguidos, começam a ser julgados em fevereiro por corrupção, devido ao alegado pagamento de trabalhos não executados numa empreitada.
De Montalegre a Vila Real de Santo António, com passagem por Lisboa e um salto ao Funchal, 19 autarquias juntaram-se no rol de processos controversos que está a deixar o poder local debaixo de fogo — e a chamuscar o governo de António Costa e a liderança de Luís Montenegro no PSD.
ZAP // Lusa
Votamos para quê?
O eleitorado ja nao é o mesmo de á 20 ou 40 anos, já nao vai em historias, e vê a conjungaçao de forças ineditas que vai da extrema esquerda ´extrema direita com as televisoes e jornais de diversos quadrantes que investigam os ministros até ás idades de bebés, reparam que há o proposito de contrariar a vontade da maioria dos portugueses ao darem a maioria absoluta ao PS, e a continuar este claro veneno nao é de estranhar se numas proximas eleiçoes o Costa saír com uma maioria ainda mais reforçada, é esse o Problema do Marcelo, percebendo mais que todos os politicos está a prever, já que esta campanha soberva nao deixa duvidas ao mais distraido, aliás nao me admira nada que um dia se acorde com o anuncio do Costa a demitirsse precisamente baseando-se nesta soberva, e aí é certo que o BE desaparece, o Chega terá a maior desilusao experimentando pela 1ª vez uma grande derrota, acredito que IL desapareça, resultando numa mais acentuada maioria do Antonio Costa, o Povo é abesso a estas jogadas que tentam passar um atestado de estupidez, e sabe que no PSD ou noutros Partidos nao há pessoas mais serias.
Mas qual maioria dos portugueses?!?! Se disser maioria dos eleitores ainda vá que não vá…
Em cada 10 portugueses apenas 2 votaram no PS. Não digas disparates!