“A sala de estar é um forno, mas a sala de tratamentos também. É um espaço do qual os doentes não conseguem escapar durante várias horas”.
Portugal continua a atravessar uma onda de calor extremo. Mas não é só cá: Espanha vai ter diversos pontos perto ou mesmo acima dos 40 graus, ao longo desta semana.
Na Galiza, mais precisamente em Pontevedra, as temperaturas elevadas são um problema no interior dos hospitais. Estão mesmo a gerar um grave mal-estar entre pacientes e profissionais de saúde, especialmente em instalações antigas como o Hospital Provincial.
Foram instalados sistemas de ar condicionado e equipamentos portáteis; mas as carências persistem, agravando-se nos dias em que a temperatura exterior se aproxima dos 30 graus, descreve o jornal La Voz de Galicia.
Tem havido queixas em diversas unidades, mas sobretudo na unidade de diálise do Provincial. O enfermeiro Víctor Pérez descreve a situação como “insuportável” no turno da tarde.
Aquela unidade tem amplas superfícies envidraçadas e maquinaria que liberta calor, acumulando temperatura ao longo do dia. O sistema de climatização, obsoleto, não chega.
Com a temperatura a subir ao longo do dia, quem trabalha no turno da manhã ainda se “safa” mas quem trabalha de tarde passa por um “inferno”, diz o enfermeiro Víctor Pérez.
O calor já provocou tonturas e quebras de tensão em pacientes, enquanto o pessoal tenta lidar com a situação: troca de farda ou improvisa métodos para se refrescar.
Embora a administração esteja a estudar melhorias e a reforçar com unidades portáteis, as soluções não chegam. Os pacientes ficam durante horas seguidas em salas onde o calor se torna sufocante, e os funcionários procuram momentos mais frescos em gabinetes com ar condicionado.
“A sala de estar é um forno, mas a sala de tratamentos também. É um espaço do qual os doentes não conseguem escapar durante várias horas“, resume o enfermeiro.
Num hospital privado, o Quironsalud Miguel Domínguez, os problemas repetem-se: as auxiliares de cozinha trabalham num subsolo sem ventilação, rodeadas de congeladores, fornos a vapor e de humidade.
A temperatura pode atingir os 32 graus mas as medições não são feitas com um termómetro homologado.
As funcionárias na cozinha têm fardas grossas, manga comprida, que têm de lavar todos os dias – e não há serviço de lavandaria no hospital. E passam por dias fisicamente exigentes, quase sem pausas: os turnos estendem-se das 8h às 22h (e em Agosto, estendem-se pela madrugada).
A única forma de alívio é entrar na câmara frigorífica por breves instantes, já que não têm pausas prolongadas – o máximo é um intervalo de 15 minutos.