O secretário-geral do PS considerou “atípica” e nada favorável à estabilidade política a mensagem ao país do Presidente da República, advertindo Cavaco Silva que não basta falar “com o líder do seu partido”, Pedro Passos Coelho.
Esta posição foi assumida pelo secretário-geral do PS no final da reunião da Comissão Política dos socialistas, depois de confrontado com o teor da comunicação ao país feita pelo Presidente da República, na terça-feira à noite, em que anunciou ter convidado Pedro Passos Coelho para iniciar diligências tendo em vista a formação de um novo Governo.
“O Presidente da República, se quer ser um promotor de diálogo, não deve considerar que é suficiente falar com o líder do seu partido”, disse o líder socialista, considerando que Cavaco Silva “deve promover a audição das diferentes forças políticas”.
António Costa também considerou que a ideia de um “bloco central” é “pouco saudável”, sublinhando que “diminui a possibilidade de geração de alternativas”.
O líder socialista frisa que recebeu da Comissão Política “mandato” para falar com todos os partidos, à Direita e à Esquerda, no sentido de “tentar encontrar boas soluções programáticas para o país”.
Acordo PSD/CDS-PP prevê entendimentos autónomos com o PS
Esta ideia de um “Bloco Central” parece também negada, à partida, pela Coligação PSD/CDS, o que se pode depreender do texto de acordo para a formação do governo a que a Lusa teve acesso.
O “Acordo de Governo e de colaboração mútua” entre PSD e CDS-PP estabelece que os dois partidos vão constituir “grupos parlamentares autónomos” que se comprometem a “votar solidariamente” a eleição do presidente da Assembleia da República, propostas de referendo e actos parlamentares que requeiram maioria absoluta ou qualificada, incluindo projectos de revisão constitucional.
O porta-voz do PSD, Marco António Costa, anunciou, entretanto, que Passos Coelho vai contactar António Costa com o intuito de “criar uma solução governativa que seja consistente” e assegure “estabilidade”.
Este encontro entre os lideres de PS e PSD deve ocorrer ainda durante esta semana.
Entretanto, o Bloco de Esquerda, pela voz da dirigente Mariana Mortágua, voltou a desafiar o PS para uma solução de Governo que “rompa com a austeridade”, reiterando que não será pelo seu partido que “a direita estará no poder” com minoria parlamentar.
Mariana Mortágua acusou ainda Cavaco Silva de fazer “pressão para um Governo de direita”.
Socialistas divididos
No seio do PS não parece haver um entendimento claro quanto à postura do partido neste processo. E se por um lado há quem defenda uma “negociação séria” com BE e PCP, como frisa João Soares, há quem seja contra esse possibilidade, nomeadamente Vera Jardim.
“Vejo o diálogo com a coligação PSD/CDS. Com a esquerda não vejo capacidade nenhuma de diálogo”, declarou o antigo ministro da Justiça Vera Jardim antes do início da reunião da Comissão Política socialista.
“Espero que o PSD e o CDS, por estes dias, tenham feito uma aprendizagem no sentido do compromisso necessário”, declarou ainda.
Em sentido contrário, João Soares defende uma “negociação séria” com BE e PCP para obter uma “maioria absoluta de esquerda” que permita ao país ter um governo “estável” durante quatro anos.
ZAP / Lusa
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Ainda ontem no telejornal ouvi o alvaro beleza dizer “somos um partido social democrata” ora o acordo será PS+D, aliás como é habitual.