O Presidente da República anunciou hoje que encarregou o líder do PSD de desenvolver diligências para avaliar as possibilidades da constituição de uma «solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país».
«Tendo em conta os resultados das eleições para a Assembleia da República, em que nenhuma força política obteve uma maioria de mandatos no Parlamento, encarreguei o Dr. Pedro Passos Coelho de desenvolver diligências com vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país», afirmou o chefe de Estado, numa comunicação ao país.
Lembrando os «complexos desafios» que o país enfrenta, Cavaco Silva apontou algumas condições a cumprir pelo novo Governo, considerando que deverá dar garantias firmes de que respeitará os compromissos internacionais assumidos pelo Estado e as grandes opções estratégicas adotadas pelo país «desde a instauração do regime democrático e sufragadas, nestas eleições, pela esmagadora maioria dos cidadãos».
O Presidente reiterou que não se substituirá aos partidos no processo de formação do Governo, mas sublinhou que este “é o tempo do compromisso”, onde a cultura da negociação deverá estar sempre presente.
“Portugal necessita, neste momento da nossa história, de um governo com solidez e estabilidade. Este é o tempo do compromisso. O país tem à sua frente um novo ciclo político, em que a cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente”, afirmou o chefe de Estado.
Passos vai contactar Costa para solução governativa de estabilidade
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, vai contactar o líder do PS, António Costa, com o objetivo de “criar uma solução governativa que seja consistente” e assegure “estabilidade”, anunciou hoje o porta-voz do PSD.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião do Conselho Nacional do PSD, num hotel de Lisboa, Marco António Costa não quis estabelecer “calendários” para os contactos com o PS, nem adiantou se está somente em causa a procura de um apoio parlamentar, ou se estará a ser equacionada a participação dos socialistas no Governo.
O socialista João Soares defendeu que o PS deve conduzir uma “negociação séria” com BE e PCP para obter uma “maioria absoluta de esquerda” que permita ao país ter um governo “estável” durante quatro anos.
“O PS deve comprometer-se seriamente na obtenção de uma maioria absoluta de esquerda que permita ao país ter um governo estável durante quatro anos, dispondo de uma maioria parlamentar absoluta”, vincou Soares à entrada para a sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, onde esta noite decorre uma reunião da Comissão Política do partido.
O vice-presidente do CDS/PP, João Almeida, afirmou que o seu partido comunga da interpretação do Presidente da República dos resultados eleitorais, sublinhando que está a trabalhar para uma solução de Governo e para “construir consensos” necessários à estabilidade.
“A comunicação do senhor Presidente da República vem no sentido em que o CDS interpreta o que foram os resultados eleitorais. Houve uma vitória clara da coligação Portugal à Frente, o que faz com que esta coligação tenha a responsabilidade de gerar uma solução de Governo”, afirmou João Almeida.
O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, afirmou que o Presidente da República está a “patrocinar a manutenção no Governo das mesmas forças políticas que os portugueses disseram nas urnas que não queriam que continuassem”.
O deputado comunista lamentou a opção de Cavaco Silva de “avançar num caminho”, previamente à “auscultação de todos os partidos para tomar uma decisão”.
A líder parlamentar de “Os Verdes”, Heloísa Apolónia, afirmou que Cavaco Silva “está a provar que não consegue ser isento”, considerando que existe um benefício do PSD em relação à constituição de um novo executivo, após as eleições de domingo.
“‘Os Verdes’ entendem que o Presidente está a provar que não consegue ser isento. Está nitidamente a favorecer o PSD e o CDS relativamente à formação de Governo, pretende que as políticas que estes partidos prosseguiram continuem”, disse Heloísa Apolónia, no parlamento.
O deputado comunista lamentou a opção de Cavaco Silva de “avançar num caminho”, previamente à “auscultação de todos os partidos para tomar uma decisão”.
ZAP / Lusa
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