Linha de Fundo: Leão à solta

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Crónica ZAP - Linha de Fundo por Teófilo Fernando

Leões reforçam liderança, deslize polémico do campeão, águia voa baixinho… e cuidado com o Braga e Paços de Ferreira, visto da Linha de Fundo.

Estrelinha que vai à frente…

  • CS Marítimo 0 – 2 Sporting CP  (Pedro Gonçalves 9′ e 57′)

Jogo categórico do líder. Vitória fácil e sem reparo sobre um adversário incapaz de lidar com o péssimo momento: quatro derrotas nos últimos quatro jogos. A invencibilidade leonina mantém-se, a melhor primeira volta de sempre confirma-se e a liderança sai reforçada da Madeira: seis pontos de diferença para o FC Porto.

Quanto ao Sporting, o presente é risonho, a equipa transborda confiança, agora reforçada por Paulinho. O ex-jogador do Sporting chegou para ser titular e tem tudo a ver com o desejado por de Rúben Amorim. A sua chegada a Alvalade aguça o poder de fogo leonino a uma frente de ataque que conta com Nuno Santos e Pedro Gonçalves, destaques maiores da equipa na primeira volta do Campeonato.

O líder joga de forma simples, assume o jogo, diverte-se em campo. A receita parece simples, mas o que é certo é que está para mostrar o antídoto que trave uma equipa que há muito não faça tão felizes os adeptos. O favorito passou a candidato. Uma equipa coesa, organizada, solidária e que após a primeira volta da Liga, passou a séria candidata a vencer a prova. O leão está de volta!

É a melhor primeira volta do Sporting dos últimos 70 anos. 14 vitórias e três empates em 17 jogos. Um recorde na história do futebol leonino.

Há 72 anos que o Sporting não somava 45 pontos em 17 jornadas da Liga, conseguindo pela primeira vez nesta temporada estar 4 jogos consecutivos sem sofrer golos.

Mais uma desilusão

  • SL Benfica 0 – 0 Vitória SC

Fogo de vista, mais uma vez. Boa entrada em jogo, dominante, mas sem alcançar o objetivo. Com o Vitória a dar primazia à organização defensiva, aproveitaram as águias par dominar, mas sem capacidade para causar dano. Foi assim todo o jogo. Faltou, mais uma vez, clarividência ofensiva, perante um adversário totalmente ofensivamente. Nem assim as águias conseguiram aproveitar o rumo da partida.

Este Benfica não passa do papel, deixando sempre a ideia os opositores que podem ser felizes. Não chega jogar melhor. As estatísticas nem sempre dizem tudo. Frente ao Vitória, os encarnados fizeram vinte e três remates, tiveram 63% de posse de bola, que redundaram num nulo.

Foi mais uma noite triste para os benfiquistas e que só não foi negra porque Marcus Edwards desperdiçou uma clara oportunidade de golo a fechar para levar os três pontos para Guimarães.

O Benfica fecha a primeira volta com quatro jogos seguidos sem ganhar para a Liga, o fraco registo de 34 pontos, o Sporting a uma distância de 11 pontos e apanhado no quarto lugar pelo Paços de Ferreira. Um fracasso total.

Foi a 1.ª vez esta época que o Benfica não marcou num jogo realizado na Luz.

O Vitória SC mantém-se invicto fora de casa esta época, ao 10.º jogo.

Drama e polémica

  • Belenenses SAD 0 – 0 FC Porto

O FC Porto não foi além de um nulo diante do Belenenses, num jogo que fica marcado por um lance dramático e polémico, já muito perto do final, que deixou Nanu inconsciente no relvado. Numa altura em que os dragões procuravam desfazer o empate, seguiram-se momentos de apreensão e até desespero perante a condição clínica do defesa do FC Porto que acabou por ser transportado para o hospital. O jogo ainda foi retomado, sem que aos portistas, reduzidos a dez, conseguisse alcançar o golo.

Sérgio Conceição promoveu quatro alterações, tentando manter a estrutura habitual, encontrando pela frente um Belenenses de combate que já tinha ganho ao Sporting Braga e colocado muitas dificuldades ao Sporting.

Ficaram no banco Zaidu, Corona, Luis Díaz e Marega, apostando em Nanu, Fábio Vieira, Felipe Anderson e Evanilson.

A primeira parte mostrou o habitual FC Porto, sempre à procura de contrariar um adversário introvertido. Na segunda metade o figurino do jogo não se alterou, os campeões procuravam rápido ao ataque, com resposta do Belenenses apostando na mesma estratégia. Notória a dificuldade portista, bloqueada em campo, tudo tendo feito para conquistar a vitória. A equipa de Petit foi eficaz, não conseguindo incomodar ofensivamente, resguardou-se no jogo e alcançou o objetivo.

A cinco minutos do final surge o lance que viria a marcar o jogo: Nanu tenta chegar a uma bola, sendo atingido pelo guarda-redes Kritsyuk, de imediato caiu inconsciente no relvado. Seguiram-se momentos de verdadeiro desespero e pânico no relvado. O Jamor parou durante 13 minutos arrepiantes, ambulância no relvado, lágrimas, preocupação geral.

Nanu foi transportado para o Hospital São Francisco Xavier e o jogo foi retomado com o FC Porto reduzido a dez. Nanu sofreu uma concussão cerebral e traumatismo vértebro-medular com perda de conhecimento.

Com cinco minutos de compensação, os portistas arriscaram tudo no ataque e até esteve perto de marcar, por Sérgio Oliveira, mas o nulo manteve-se até ao último apito de Fábio Veríssimo. O árbitro que esteve mal no juízo do lance entre Nanú e Kritsyuk. Ficou por marcar um penálti.

Foi a primeira vez neste campeonato que o FC Porto não conseguiu marcar. A última vez que o FC Porto tinha ficado em branco foi frente ao Desportiva das Aves, na época passada (0-0).

Nas 5 últimas épocas, o FC Porto só venceu uma vez em casa da B-SAD (2-3, em 2018/19), sendo a segunda temporada consecutiva que o FC Porto empata em casa da B-SAD.

O FC Porto termina a 1.ª volta da Liga com 39 pontos, o que representa a pior pontuação desde que Sérgio Conceição é o treinador dos dragões, conquistando 39 pontos em 51 possíveis.

Destaque da primeira volta da Liga

Surpresas: Sporting e Paços de Ferreira

Os leões reforçaram a liderança e mostram confiança a cada jogo. Os castores estão numa fase imparável e já estão em igualdade pontual com o Benfica, o que por diz tudo!

Desilusões: Benfica e Famalicão

Os encarnados desiludem a cada jogo, a equipa está arrasada… e ainda vamos a meio do campeonato. Em Famalicão, a equipa sensação luta agora pela sobrevivência.

Melhor ataque – FC Porto (39 golos macados)
Pior ataque – Belenenses SAD (8 golos marcados)
Melhor defesa – Sporting CP (9 golos sofridos)
Pior defesa – FC Famalicão (30 golos sofridos)
Mais goleadas – SC Braga (4)
Mais vitórias – Sporting CP (14 vitórias)
Menos vitórias – Boavista FC (2)
Mais empates – Boavista FC (8)
Menos empates – SC Braga (0)
Mais derrotas – CS Marítimo (10)
Menos derrotas – Sporting CP (0)
Mais cartões amarelos – FC Famalicão (54)
Mais cartões vermelhos – SC Braga (4)
Melhores marcadores – Pedro Gonçalves/Sporting CP (12)
Mais assistências – Darwin Nuñez/SL Benfica (7)
Mais golos como suplente – Haris Seferovic/SL Benfica (5)
Golos de vitória – Douglas Tanque/FC Paços de Ferreira (3)
Mais bis – Pedro Gonçalves/Sporting CP (4)
Mais cartões amarelos – Bebeto/CD Tondela (7)
Mais cartões vermelhos – David Carmo/SC Braga (2)
Mais minutos – Marco Pereira/CD Santa Clara (1530)
Mais golos sofridos – Léo Jardim/Boavista FC (27)
Árbitro com mais jogos – Luís Godinho (11)
Total de jogos – 152
Total de golos – 349

Frases da Semana

“Não sei como este árbitro (Fábio Veríssimo), que está sob uma polémica incrível, vem apitar um jogo que pode ser decisivo para o título. Um árbitro que vem de uma polémica e o Conselho de Arbitragem mete-o aqui. É revoltante. O balneário está revoltado. E este penálti, é penálti em todo o lado! É involuntário? Mas alguém faz penáltis de forma voluntária? Hoje fomos enganados, hoje fomos roubados aqui.” Sérgio Conceição, treinador do FC Porto.

“Tudo o que acontece com os árbitros deixa-os condicionados e, por isso, era difícil tomar essa decisão. Do meu ponto de vista, é um penálti claro. Se formos olhar aos jogos dos nossos rivais, marcaram-se penáltis por muito menos. Mas não é por ter marcado cinco, seis ou sete penáltis a favor do FC Porto que não tem de marcar penálti. O árbitro tem de ter personalidade nesse momento e marcar aquilo que realmente é.” Pepe, jogador do FC Porto.

“Em primeiro lugar, espero que Nanu esteja bem, que se recupere, esteja completamente saudável e volte a estar em campo em breve! Vou orar por Nanu e pela sua família para que tudo fique bem com ele. Eu não voei na direção do Nanu com as minhas mãos ou punhos, como pode parecer em algumas fotos ou de certos ângulos. Nanu foi contra mim e chocámos de cabeça. Não houve intenção maldosa nas minhas ações, apenas um momento de jogo. E eu poderia estar no lugar do Nanu, mas tive um pouco mais de sorte. Ninguém é culpado pelo que aconteceu. É um desporto. Que Deus conceda a Nanu saúde, paciência e força para sua família! Tudo de bom!”, Kritsyuk, guarda-redes Belenenses SAD, numa mensagem nas redes sociais.

 

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“Ninguém está autorizado a mandar a toalha ao chão, antes pelo contrário. É neste momento que se vai ver quem tem capacidade para representar um clube com a dimensão do Benfica ou não. Este é um aviso para todos nós onde me incluo. A responsabilidade é muito grande para representar este clube mas ela ainda é maior se abandonarmos a época a meio. Até ao fim da época, vamos ver os homens que temos dentro da casa para dar a volta a esta situação. Temos tempo para o fazer.” Rui Costa, vice-presidente do SL Benfica.

“Se tivéssemos vencido este jogo por 4 ou 5-0, que era bem provável que tivesse acontecido, estava a fazer-me esse tipo de questões. O senhor tem é de perguntar ao Rui Costa a quem ele se referia. Não a mim. A equipa trabalhou, lutou, demonstrou que queria ganhar e merecia ter ganho. Nem sempre conseguimos os nossos objetivos e infelizmente hoje não conseguimos. Acusar os jogadores de falta de empenho no jogo de hoje? De falta de carácter? Os jogadores saíram do jogo exaustos. Queriam muito vencer. Deram tudo para vencer. Falhámos na finalização.” João de Deus, treinador-adjunto do SL Benfica.

“É uma porta fechada e não vai fazer falta, porque só fazem falta os jogadores que cá estão. A administração está prestes a ter uma colocação para o Bruno Viana e o assunto vai ficar resolvido. O futuro dele não passa pelo Sporting de Braga.” Carlos Carvalhal, treinador do Sporting de Braga.

“Obviamente que eu conhecia bem o Cristiano Ronaldo. Mas vê-lo todos os dias, foi surpreendente pela forma como se diverte no campo e pela paixão que ainda tem. Aos 36 anos, e tendo ganho tudo o que ganhou, significa que é um herói.” Andrea Pirlo, treinador da Juventus.

“Ele não é apenas um jogador que joga bem, ele é um jogador que faz os outros jogadores jogarem bem também. São 90 minutos a falar, 90 minutos a comunicar, 90 minutos a dizer o que eles têm de fazer em cada ação. Quando isso acontece, é difícil para mim. É intocável. É, de longe, uma das melhores contratações que fiz aqui.” Pep Guardiola, treinador do Manchester City, sobre Rúben Dias.

“Para mim, Abel Ferreira é uma lenda, como é Scolari e o próprio Luxemburgo, no Palmeiras. São pessoas que ganharam muito. E o Abel, é um título de muita expressão. É o segundo título da Libertadores do clube. Foram 20 anos para voltar ganhar. Só quem tinha ganhado era o Felipão. É fácil falar do Felipão, tenho muita consideração, está no patamar dos melhores do futebol, ganhou em tudo o que é lugar. O Abel vai ser lembrado por toda eternidade.” Felipe Melo, capitão do Palmeiras.

“Fala-se de muito, de mudar o treinador e outras coisas. Se querem que desista, eu não vou desistir. E os jogadores também não. Fala-se muito desta situação incómoda. Não estamos bem, é verdade, mas estamos animados para mudar a situação. Digam-me na cara que querem trocar-me, não apenas por trás.” Zidane, treinador do Real Madrid.

“Espero renovar com o PSG. Para jogar aqui com Messi? Sim, creio que há muitas possibilidades disso, eu só tenho de ficar tranquilo, pensar na minha parte e seguir em Paris porque sou muito feliz aqui.” Di María, jogador do Paris Saint Germain.

“Podemos estar enganados, mas não há que aquecer ainda mais o jogo da Champions. Não é justo ou respeitoso falar de um jogador que ainda é do Barcelona. Para mim é uma falta de respeito falar tanto de Messi.” Ronald Koeman, treinador do FC Barcelona.

“Kylian Mbappé tem muita vontade de ir para o Real Madrid. Começou a ver o Real com 16 anos, estava lá o Cristiano Ronaldo, que era o seu ídolo. Adora o Real Madrid e tenho a certeza que um dia vai jogar lá.” Jesé Rodríguez, jogador do Las Palmas, antigo avançado do Sporting, que foi companheiro de Mbappé no PSG.

“Comprei-o quando cheguei ao PSG mas uso-o muito pouco. Não gosto de conduzir, aborrece-me. Só pego no Ferrari se estiver com familiares ou amigos. Sempre quis ser profissional, jogar num grande clube e comprar um bom carro. Por isso, o dia que o comprei foi histórico. Com as chaves do Ferrari na mão disse para mim mesmo ‘Já está tudo, conseguiste!'” Marquinhos, jogador do Paris Saint Germain. O Ferrarri custou 200 mil euros.

“Trabalho nas urgências de Torres Vedras e estas últimas semanas têm sido difíceis e, para mim, o futebol é um escape. É um sítio onde eu não estou a pensar em como está o serviço, naquilo que os meus colegas estão a passar, em como deixei o turno para os meus colegas, ou em como vou receber o turno quando entrar às 23h30. É uma forma de eu, emocionalmente, me desligar um bocadinho da parte da minha profissão… da enfermagem, do caos. Faz-me bem. No outro dia fui treinar e perguntaram-me como estavam as coisas no hospital e parece que aquele momento, que tinha sido para desligar um bocadinho, já não foi, fez-me pensar “OK, aquilo está muito mau”. Iva Moirinho, jogadora do Torreense.

Teófilo Fernando, ZAP //

1 Comment

  1. Enquanto benfiquista, só há que reconhecer o mérito do eterno rival. Reforçou-se e bem dentro das possibilidades que tinha, com jogadores que acrescentaram qualidade e soluções. Trabalham com humildade e jogo a jogo, sem euforias e com tranquilidade. Têm tido estrelinha de campeão? Têm. Mas têm, antes do mais ancorado o seu sucesso em trabalho, respeito e humildade. Parabéns. Se ganharem, após 19 anos, pelo que foi visto até agora, serão justos campeões.

    O meu SLB gastou 100 milhões, vendeu Ruben Dias, emprestou Vinícios e encostou Ferro. Três exemplos de más decisões com consequências desastrosas. Para pessoas que estão há 20 anos no clube, é a prova de um amadorismo primário (e eu aprecio muito o que Vieira fez pelo Benfica). Dinheiro desperdiçado numa altura em que a prudência recomenda ver no que isto dá, com reforços que tardam em mostrar que são mais valias, para posições que não eram as mais deficitárias, mantendo-se o mesmo plantel desequilibrado de há anos. Uma época claramente mal planeada em todos os aspectos e que parece ter sido assente num sebastianismo messiânico bacoco corporizado no regresso de JJ. Com bem menos, Lage e Vitória fizeram mais. Muito mais.

    Até o Porto está claramente melhor que o Benfica. É evidente, e percebe-se pelo circo que montam de cada vez que as coisas não correm de feição, que a casa está mesmo a arder e o barco a afundar. Lá diz o povo “em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão…”

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