Um buraco azul descoberto na costa do México, que parece fazer parte de um complexo sistema subaquático de túneis e cavernas, é já o mais profundo do mundo — e os investigadores ainda não conseguiram medir a sua profundidade total.
Chama-se Buraco Azul Taam Ja’, foi recentemente descoberto na Baía de Chetumal, no México, e de acordo com os autores do artigo que apresenta a sua descoberta, publicada esta quarta-feira na Frontiers in Marine Science, é o buraco azul mais profundo do mundo.
O enorme buraco marinho, cuja profundidade foi até agora medida em 420 metros abaixo do nível do mar, contém provavelmente grutas e túneis,sugerem os autores do estudo.
Os buracos azuis são enormes depressões naturais subaquáticas que surgem no fundo do mar quando o leito rochoso de calcário colapsa.
Alguns dos mais famosos buracos azuis encontram-se ao largo da América Central, especialmente o Grande Buraco Azul do Belize, no Atol Lighthouse Reef, provavelmente o mais conhecido do mundo
O Taam Ja’ encontra-se localizado próximo da fronteira entre o México e o Belize, ao largo da ilha mexicana de Tamalcab e perto de vários outros buracos azuis na Baía de Chetumal.
A profundidade até agora medida permite já ao Taam Ja’ ultrapassar em mais de 100 metros o Buraco do Dragão do Mar da China Meridional, também chamado Buraco Azul de Sansha Yongle, que era até agora o mais profundo buraco azul conhecido.
O Buraco do Dragão tem cerca de 302 metros pés de profundidade, que suplantava o terceiro buraco azul mais profundo, o Buraco Azul de Dean, em mais de 90 metros. O Taam Ja’ tem mais do dobro da profundidade do Buraco Azul de Dean.
Segundo reporta o Gizmodo, em dezembro de 2023 a equipa de investigadores mediu o buraco com um perfilador CTD, um conjunto de instrumentos eletrónicos que permite caraterizar vários aspetos da sua composição, como a sua condutividade, temperatura e profundidade.
A comparação dos dados hidrográficos do Taam Ja’ com as camadas de água de outras lagoas de recifes e estuários na América Central e nas Caraíbas levou a equipa a concluir que podem existir “potenciais ligações subterrâneas” nas profundezas do buraco.
A análise com o CTD revelou também um aumento da temperatura e da salinidade da água no buraco a cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. A água quente pode estar relacionada com processos vulcânicos ou tectónicos ou com atividade geotérmica em profundidade, concluíram os cientistas.
Os investigadores sublinham que o buraco pode ser muito mais profundo do que a sua recente medição sugere, tendo em atenção a estrutura dos sistemas conhecidos de cavernas de calcário como a Krubera-Voronya — que, 2.191 metros de profundidade, é a caverna mais profunda que se conhece.
Os autores do estudo estão agora a preparar-se para investigar a geomorfologia espacial subaquática do Taam Ja’, com o intuito de decifrar a real profundidade do misterioso buraco — e verificar se fará parte de um complexo sistema subaquático e potencialmente interligado de cavernas e túneis.