Desde 1963 que vários corpos enterrados em San Bernardo, na Colômbia, se mumificam naturalmente. Os cientistas ainda não sabem porquê.
Na pitoresca cidade de San Bernardo, no alto dos Andes colombianos, um fenómeno misterioso transformou o cemitério local num local de espanto.
Aqui, os mortos não se decompõem como esperado; em vez disso, tornam-se naturalmente mumificados, preservando as suas formas décadas após o enterro.
Entre estes cadáveres misteriosos está o de Saturnina Torres de Bejarano, cuja filha, Clovisnerys Bejarano, visita frequentemente o seu corpo assustadoramente preservado, agora exposto numa caixa de vidro num museu local.
Em 1993, Saturnina foi enterrada com o seu vestido de cor rosa preferido e uma camisola de lã verde. Quando foi exumada em 2001, a família encontrou-a extraordinariamente bem preservada, com o cabelo, as unhas e grande parte dos tecidos intactos.
Este não foi um caso isolado; o fenómeno ocorre desde que o primeiro corpo mumificado espontaneamente foi descoberto em 1963.
“Quando tudo isso começou, as pessoas ficaram um pouco incrédulas com o que estava a acontecer; pensaram que seriam eventos isolados”, explica Rocio Vergara, um guia do museu.
As múmias geralmente retêm características que normalmente se decompõem rapidamente, como olhos e pele, tornando cada descoberta notável.
Apesar de numerosos estudos, a causa exacta da mumificação natural continua a ser difícil de determinar.
As teorias locais variam; alguns acreditam que se trata de uma recompensa ou castigo divino, enquanto outros atribuem-na ao estilo de vida saudável dos habitantes de São Bernardo. No entanto, casos como o de Jorge Armando Cruz, que vivia em Bogotá e voltou a San Bernardo apenas na morte, desafiam essas explicações.
A antropóloga Daniela Betancourt sugere que fatores ambientais específicos da localização do cemitério podem ter um papel importante. “O vento sopra constantemente porque está quente. É possível supor que as abóbadas funcionam como um forno… elas desidratam-nos”, refere. No entanto, esta hipótese ainda não foi completamente testada.
O museu, que exige o consentimento das famílias para expor as múmias, oferece um espaço de reflexão e de ligação para familiares como Bejarano, que se opõem à cremação dos mumificados, explica o Science Alert.
À medida que a investigação prossegue, tanto os cientistas como os habitantes locais têm esperança de obter respostas para esta fascinante ocorrência natural, que entrelaça o passado com o presente de uma forma extraordinária.