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Tolerância de ponto para ver o Papa fecha escolas e adia cirurgias e julgamentos

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A tolerância de ponto concedida pelo Governo aos funcionários públicos, para o dia da visita do Papa a Portugal, vai obrigar ao adiamento de vários serviços, nomeadamente de cirurgias e consultas programadas e de audiências de julgamento.

A decisão de conceder tolerância de ponto à Função Pública para o próximo dia 12 de Maio, aquando da visita do Papa Francisco a Portugal, para assinalar as comemorações do centenário das Aparições de Fátima, vai parar vários serviços.

Os portugueses podem esperar escolas fechadas, audiências de julgamento adiadas, cirurgias e consultas atrasadas para data posterior.

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, pela voz de Alexandre Lourenço, confirma à TSF que vai ser preciso remarcar consultas e cirurgias já programadas, em todo o país.

“Os serviços mínimos estão assegurados e os hospitais vão continuar a funcionar”, salienta Alexandre Lourenço, mas “existindo tolerância de ponto e se os funcionários optarem por segui-la, o que por norma acontece”, as cirurgias e consultas “terão de ser adiadas”.

No caso das cirurgias, são situações que implicam a intervenção de mais do que um profissional, pelo que bastará uma pessoa da equipa aderir à tolerância de ponto para inviabilizar a realização do procedimento.

Assim, Alexandre Lourenço repara que é preciso iniciar os agendamentos das novas datas o quanto antes, “evitando qualquer transtorno para os doentes”.

A presidente da Associação Sindical de Juízes, Manuela Paupério, destaca também na TSF que a tolerância de ponto vai obrigar a que várias audiências de julgamento tenham que ser remarcadas, uma vez que todos os serviços não urgentes serão adiados.

Seria “grande insensibilidade” não dar tolerância

Alguns deputados do PS já vieram criticar o Governo pela decisão de decretar a tolerância de ponto para a visita do Papa. António Costa reagiu notando que é uma decisão “natural”.

O primeiro-ministro considerou mesmo que seria uma “grande insensibilidade” se o Governo não concedesse tolerância de ponto.

“É natural que muitos portugueses desejem participar na visita do Papa Francisco a Portugal, um momento que distingue o país. Por isso, também é natural que o Governo dê tolerância de ponto para facilitar quem deseja participar nas cerimónias o possa fazer e diminuam as condições de congestionamento”, começou por dizer António Costa.

“Tenho um grande à-vontade sobre esta matéria, porque não só defendo a laicidade, como não sou crente, mas respeito a crença dos outros e não ignoro que muitos portugueses perfilham a fé católica e que muitos portugueses desejarão estar em Fátima”, acrescentou depois, o governante.

Confrontado com as críticas feitas a esta decisão do Governo pelo deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, conotado com a ala esquerda do PS, António Costa desdramatizou, argumentando que “as críticas são todas legítimas”.

“Agora, a liberdade religiosa e a laicidade implicam também o respeito pelas crenças dos outros. Eu não sou crente, mas respeito as crenças dos outros”, frisou.

PSD e CDS concordam com o Governo

O PSD e o CDS-PP já afirmaram concordar com a decisão do Governo. “Para acontecimentos excecionais, tomam-se medidas excecionais”, disse à Lusa o deputado do PSD Duarte Pacheco, recusando a ideia de que, com esta medida, se está a colocar em causa o Estado laico.

O Governo “compreendeu que o país é maioritariamente católico” e que, em Fátima, com a visita do Papa, o centenário das aparições e a canonização de dois pastorinhos, “é um acontecimento excecional”, acrescentou Duarte Pacheco.

Pelo CDS, o deputado Filipe Anacoreta Correia também concorda com a decisão, interpretando-a como o “reconhecimento da importância do Papa Francisco, da Igreja Católica em Portugal” e da ideia de que “esta visita mexe com milhares de pessoas que vão deslocar-se a Fátima”.

“O Governo teve a preocupação de se associar a uma circunstância de grande alegria para os portugueses”, concluiu.

O Papa Francisco visita Fátima a 12 e 13 de maio para canonizar os dois pastorinhos Jacinta e Francisco, no centenário das “aparições” na Cova da Iria, em 1917. Tem também encontros agendados com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, António Costa.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Ja q és o 1º ministro de todos os portugueses devias de os representar, assim ao dar tolerância de ponto é somente p/ os FP, os outros trabalhadores são escravos, não fazem parte da classe de trabalhadores deste país. Já que é para todos devia ser feriado nacional assim é q é para todos os portugueses. Numa democracia devia de ser assim…

    • Antes de dar a tal tolerância de ponto deveria era ter pensado nos Serviços que vão afectar grande parte dos portugueses, principalmente na área da saúde, o que é bem mais importante do que a vinda do Papa, a Portugal!
      O que interessa a vinda do Papa, a uma grande parte dos Portugueses? Francamente.

      • Perante tanta preocupação, justíssima, pela saúde, pela justiça, etc, deixo a seguinte pergunta:quantas cirurgias, julgamentos,consultas, audiências, inaugurações, etc. foram adiadas com o retomar, pelo atual Governo, dos QUATRO dias de feriado que o Governo anterior tinha eliminado ?

  2. Tem toda a razão. É lamentável…. tolerância de ponto????? Quanto vai custar aos outros “desgraçados” a quem não é dada tolerância? São sempre os mesmos a pagar. É assim em Portugal!

  3. Não me digam que é o Papa o responsável pelo adiamento das cirurgias ?
    Decidir tolerância de ponto ( mas para todos ) é sem dúvida um gesto de respeito.
    Mas perguntem ao Papa se é essa a sua vontade . Ele que tanto tem falado e tanto tem lutado pelo bom e contínuo serviço aos outros.
    A grande alegria do Papa é vir como peregrino de Nossa Senhora – não como um estorvador dos nossos deveres.
    Nós é que somos uns aproveitadores … e uns faltosos.

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