Quem são os deputados do Chega? Dissidentes, católicos, evangélicos, racistas (e os únicos negros no Parlamento)

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Paulo Cunha / Lusa

O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro ao lado do líder André Ventura

Há um youtuber polémico, um luso-brasileiro bolsonarista, pastores evangélicos, uma ex-defensora LGBTQQI+ que terá visto “a luz” e vários dissidentes de outros partidos. Estes são os 48 deputados do Chega.

O Chega quadruplicou a sua representação na Assembleia da República (AR), elegendo 48 deputados nas legislativas de domingo passado – e ainda falta atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração. Assim, o número pode ainda aumentar.

Mas entre os já eleitos, há perfis para quase todos os gostos, desde católicos ultraconservadores a evangélicos, passando por uma ex-PAN que era contra as touradas e pelos direitos LGBTQQI+ e ao aborto, ou por deputados que querem reverter a lei do aborto e por organizadores de touradas.

O partido tem um discurso anti-imigração e é cotado como racista e xenófobo, mas elegeu um luso-brasileiro, Marcus Santus, que é negro – é um dos únicos dois negros eleitos para a AR nesta legislatura. O outro é Gabriel Mithá Ribeiro que já era deputado e que é descendente de moçambicanos.

As incoerências parecem ser a linha condutora do partido que se tornou decisivo na formação do próximo Governo – para mal dos pecados da AD de Luís Montenegro.

Os novos deputados do Chega

António Pinto Pereira

Eleito por Coimbra, é um advogado ex-PSD que se tornou conhecido do público como comentador do programa da TVI “Você na TV”.

Ex-professor universitário foi “suspeito de alterar notas”, segundo a revista Sábado que noticiou que terá sido alvo de uma acção disciplinar em 2018, por ter manipulado testes de escolha múltipla.

Armando Silva Grave

Eleito por Aveiro, é jurista e mestre em Direito. Pouco se sabe sobre o novo deputado do Chega que integra também o Conselho Jurisdicional da Associação de Atletismo de Aveiro.

Bernardo Pessanha

Eleito por Viseu, passa de assessor de imprensa do partido a deputado. É também presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do Chega, editor do jornal do partido.

Descendente da nobreza, já foi assessor parlamentar do PSD.

Carlos Barbosa

Eleito por Braga, era assessor jurídico e político no grupo parlamentar do Chega.

Em 2021, foi notícia porque sofreu, alegadamente, um enfarte depois de uma desavença com o líder de uma lista contrária nas eleições distritais do partido.

Cristina Rodrigues

Eleita pelo Porto, é ex-deputada do PAN, onde militava contra as touradas, pelos direitos LGBTQI+ e pelo direito ao aborto – o que está nos antípodas do que o Chega defende. André Ventura já disse sobre a entrada de Cristina Rodrigues no Chega, perante estas contradições, que a ex-animalista “viu a luz”.

Foi contratada como coordenadora jurídica do grupo parlamentar do Chega em 2022, mas acabou por se filiar no partido. Depois de sair do PAN, foi constituída arguida por suspeitas de que apagou mais de quatro mil emails do partido.

Daniel Teixeira

Eleito por Setúbal, este jovem de 28 anos é membro da Igreja do Evangelho Quadrangular e adepto da extrema-direita brasileira.

Militante da Juventude do Chega, cujas posições são vistas como mais radicais do que as do partido, é mestrando em gestão na Universidade Católica.

Diva Ribeiro

Eleita por Beja, esta professora de Matemática num colégio privado em Vila Nova de Milfontes vai deixar o ensino ao fim de mais de 20 anos na área, para entrar na AR.

Antiga militante do PSD, prometeu representar os interesses dos agricultores do Alentejo no Parlamento.

Eduardo Teixeira

Eleito por Viana do Castelo, foi deputado do PSD há dois anos. Regressa, agora, ao Parlamento depois de Rui Rio ter dito que o Chega fez um “favor” ao PSD porque já não sabiam o que fazer para se livrar dele.

Foi um dos deputados do PSD investigados por falsas presenças e um dos economistas que alinhavou o programa macroeconómico do Chega. Confessou-se “admirador de Sá Carneiro” e “admirador de André Ventura”.

Eliseu Neves

Técnico da Galp Energia e bombeiro voluntário, foi eleito por Coimbra, onde é vice-presidente da distrital do Chega. É o militante número 932 do Chega e conselheiro nacional do partido depois de ter estado durante 12 anos no PS.

Confessou a uma jornalista do Público que não acredita “nos números” porque os podemos “adulterar”.

Felicidade Vital de Alcântara

Eleita por Lisboa, onde é gestora no Hospital Beatriz Ângelo. É licenciada em Engenharia Química.

Em Fevereiro passado, partilhou nas redes sociais a notícia sobre a violação de uma menina de 13 anos em Itália, salientando que “ou tomamos medidas sérias contra a imigração ou, a curto prazo, as mulheres portuguesas estão a ser alvo de violações em grupo“.

Francisco Gomes

Eleito pela Madeira, é um ex-deputado do PSD que fez carreira na Função Pública no Arquipélago, com vários cargos em instituições regionais. Também beneficiou de um subsídio do Governo regional, quando era liderado por Alberto João Jardim, para estudar nos EUA.

Em 2022, confessou o alívio com a derrota de aliada de André Ventura na Madeira, criticando os partidos sem “coluna vertebral” que se tornaram “aglutinações de vermes flexíveis acarneirados”. Estaria a prever o seu próprio futuro?

Henrique de Freitas

Eleito por Portalegre, foi secretário de Estado da Defesa de Paulo Portas no Governo de Durão Barroso e é um ex-dirigente do PSD em Lisboa. Militante do PSD desde 1979, foi um dos primeiros dissidentes dos sociais-democratas a mudar-se para o Chega.

Professor universitário, define o Chega como “um partido interclassista do pequeno comerciante, daquela pessoa que trabalha, o ‘self-made man”, sublinhando que, ao invés de populista, é popular.

João Ribeiro

Eleito por Castelo Branco e deputado da Assembleia Municipal local, este empresário de 36 anos também é conhecido por “João Neto”, o nome do seu pai.

Fã de motas, cresceu numa pequena aldeia de Proença-a-nova e queria ser “patrão” quando fosse grande. Hoje tem uma empresa de transportes e é pai de três filhos.

João Paulo Graça

Eleito por Faro, onde é presidente da distrital do Chega. Foi mandatário no Algarve da candidatura de André Ventura às Presidenciais de 2021 e é o militante número 49 do Chega.

Foi sargento do Exército, vive em união de facto e a companheira costuma publicar nas redes sociais fotografias das viagens que fazem. Diz que o Chega “não é um partido da extrema-direita, mas sim um partido extremamente necessário para Portugal”.

João Tilly

Ex-PSD, foi eleito por Viseu e é também conselheiro do Chega.

O novo deputado de 63 anos é mais conhecido por ser youtuber, sobretudo por disseminar teorias da conspiração e pela postura negacionista durante a pandemia de covid-19. Era anti-vacinas, mas acabou por se vacinar.

Diz que “99% das coisas que tomamos como certas são falsas”. Crítico do jornalismo, prefere falar em “comunistação súcial”, acusando os media de serem “comunistas” e de estarem ao serviço da “extrema-esquerda”. No âmbito da actual greve dos jornalistas em Portugal, deixou o desejo de que “nunca mais acabe”.

Licenciado em Engenharia Mecânica, revela que se tornou tornou professor porque lhe dava “mais tempo para gravar o primeiro (e único) álbum de originais”.

No seu canal do YouTube, pede donativos para o apoiarem através de MBWay, Revolut e PayPal.

No último congresso do Chega, gozou com a líder do PAN, e deputada pelo partido, Inês de Sousa Real, aconselhando-a a “não ser tão vegan”, insinuando que está gorda.

José Ribeiro Carvalho

Eleito pelo Porto, este professor de história de 45 anos escreveu vários livros religiosos e sobre Salazar, incluindo “Salazar e Paulo VI” (2013).

Integra o Conselho Nacional de Educação e é investigador sobre matérias político-ideológicas e religiosas.

José Barreira Soares

Eleito por Lisboa, é vereador em Vila Franca de Xira pelo Chega, onde tem estado envolvido em algumas polémicas. Já foi acusado de tentar agredir um deputado municipal do PSD.

Em 2023, foi muito criticado por ter usado a janela do gabinete de vereador para colocar cachecóis e posters do Chega, e até um cartaz à escala real com a figura de Ventura, como reportou o jornal local O Mirante.

Defende a construção do novo aeroporto em Alverca. Assume a alcunha de “Birrinhas” e diz que “não há má propaganda” – por isso, só quer que falem dele.

Luísa da Costa Macedo

Eleita por Santarém, é professora de Educação Física e mãe de uma família numerosa.

Além disso, é embaixadora da marca Bimby em Portugal, e partilha no seu Facebook muitas receitas que faz neste equipamento. “Caro é não ter bimby”, diz numa referência ao preço pouco convidativo deste robô de cozinha.

Luís Paulo Fernandes

Eleito por Leiria e líder da distrital do Chega. Tem 47 anos, é empresário de animação turística e diversões, presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados e um ex-autarca das listas do PSD.

Concorreu à presidência da Câmara de Pedrógão Grande em 2021, colocando o filho de 18 anos na sua lista como candidato a vice-presidente. Conseguiu 33 votos correspondentes a 1,60% da votação que foi ganha pelo PSD (52,62%).

Depois de ser eleito deputado, reforçou, em declarações ao Região de Leiria, que “promoveu muitas manifestações em Lisboa por causa da covid-19 e da Troika”. “Provei que lidero médicos, advogados e professores” porque “sentem que faz falta representar no Parlamento o empresário comum, o cidadão comum com dificuldades”, sublinhou.

Madalena Simões Cordeiro

Eleita por Lisboa, é a deputada mais jovem desta legislatura com apenas 20 anos, destronando outra deputada do Chega, Rita Matias, que, com 25 anos, detinha este “título”.

É natural de Vila Viçosa (Évora) e estuda Direito na Universidade Católica, integrando a direcção nacional da Juventude do Chega.

Manuela Tender

Eleita por Vila Real é professora e uma ex-deputada do PSD que também foi investigada no caso das presenças falsas depois de ter registado que estava no Parlamento e numa reunião da Câmara de Chaves, onde era vereadora, no mesmo dia e hora.

Maria José Aguiar

Eleita por Aveiro é mais uma professora que é presidente da Mesa da distrital. É casada com o líder da distrital, Pedro Alves, que foi condenado por violência doméstica em 2020 a uma pena de prisão suspensa, como revelou o candidato derrotado nas eleições distritais, denunciando também a existência de militantes “fantasma”.

Marcus Santos

Eleito pelo Porto é luso-brasileiro e um dos únicos dois negros que têm assento na AR – o outro é Gabriel Mithá Ribeiro, também do Chega.

Nascido no Rio de Janeiro, vive em Portugal há mais de 10 anos e já tem a nacionalidade portuguesa. Defende o controle da entrada de estrangeiros em Portugal e é bolsonarista.

O vice-presidente da distrital do Porto refuta as acusações que surgem, habitualmente, contra o Chega. “Somos racistas e xenófobos porque queremos defender as nossas fronteiras? Para não virem mais Mamadus e Joacines?”, questionou num dos discursos mais aplaudidos no congresso do partido. Também defende que “a Europa é branca, como África é negra”.

Numa publicação em Fevereiro, no Facebook, Marcus Santos criticou um cartaz que dizia “Vidas negras importam” no âmbito de uma manifestação contra o racismo no Porto, considerando que é “a mesma choradeira de sempre” e que “todo o vitimista é um cobarde que culpa o tom da sua pele pelas suas frustrações”.

É praticante de MMA (Artes Marciais Mistas). Em 2023, foi notícia que há movimentos neonazis que juntam “racistas radicais” em clubes de MMA.

Marta Trindade

Eleita por Lisboa, foi candidata do Chega pelo círculo do Porto nas eleições de 2022. Não tendo sido eleita, foi convidada para ser assessora política do grupo parlamentar eleito. Arquitecta de profissão, é vice-presidente do Chega.

Em entrevista ao Expresso em 2023, sublinhou que acredita que a ala racista do Chega “é muito residual” e vincou que “a imigração contribui muito mais [do que a especulação imobiliária] para o aumento das rendas nas áreas de maior pressão”.

Miguel Franco Salvador

Eleito pelos Açores, é mais conhecido como Miguel Arruda. Tem 37 anos, é licenciado em Ciências Biológicas e da Saúde e quer mudar as regras do Rendimento Social de Inserção (RSI) nos Açores, considerando que muitas das pessoas que o recebem no Nordeste têm “condições para trabalhar”.

Promete “gritar o nome dos Açores” na AR e que “ninguém vai fazer pouco” do Arquipélago.

Nuno Miguel Gabriel

Eleito por Setúbal, onde é presidente da Comissão Política distrital. Licenciado em Direito, tem por hábito manifestar-se contra o que define como “a bandalheira da imigração”, sublinhando que é uma “bomba relógio” e “um perigo real”.

Nuno Simões de Melo

Eleito pela Guarda, deixou a Iniciativa Liberal (IL) quando este partido votou no Parlamento a favor da auto-determinação de género nas escolas.

Coronel de cavalaria, chegou a ser considerado o líder da ala conservadora da IL. Considera que o 25 de Novembro é o verdadeiro dia da revolução e da celebração da “vitória da democracia pluripartidária sobre o totalitarismo”.

Patrícia Alexandra Carvalho

Ex-jornalista do Notícias ao Minuto, onde se diz que ajudou a promover André Ventura, foi eleita por Setúbal.

Era a responsável de comunicação do Chega que ajudou a filmar e a editar os vídeos de André Ventura divulgados nas redes sociais. É adjunta da direcção nacional do Chega e assessora de André Ventura desde 2019.

Tem 37 anos, formou-se na Universidade Católica e foi estagiária no Correio da Manhã.

Pedro Correia

Eleito por Santarém, onde é vice-presidente da distrital. É evangélico e foi pastor assistente na Nova Aliança Igreja Cristã, em Rio Maior.

Apoiante de Trump e Bolsonaro, é maestro e professor de música no Conservatório de Santarém.

Raúl Melo

Eleito pelo Porto, é o presidente da Comissão Política concelhia do Chega em Baião. Filiou-se no partido devido à “necessidade de fazer uma política diferente daquela que tem sido feita desde o 25 de Abril”, conforme declarações divulgadas pelo portal Tâmegasousa.pt.

É responsável operacional no Metro do Porto e natural de Gondomar, embora resida em Baião desde 2007.

Ricardo Regalla

Eleito por Lisboa, também é conhecido como Ricardo Regalla Dias, é monárquico, empresário e consultor imobiliário. A sua mãe está no Conselho de Jurisdição do Chega.

O Polígrafo apurou que tem uma dívida de quase 15 mil euros na Lista Pública de Execuções do Fisco desde 2019, mas que foi extinta por “inexistência de bens” para a cobrar.

Rodrigo Taxa

Eleito por Braga, era assessor jurídico do grupo parlamentar do Chega e líder do Conselho de Jurisdição do partido.

Foi contratado para o gabinete do PSD Loures que era liderado por André Ventura em 2018, e o seu nome aparece no processo “Tutti-frutti” que investiga alegados favorecimentos de dirigentes políticos a militantes de PSD e PS.

Rui Cristina

Eleito por Évora, este algarvio era deputado do PSD por Faro. Ainda em Novembro passado, no Congresso do PSD, dizia que Portugal “precisa de Luís Montenegro”. Mas parece ter mudado de ideias em poucos meses.

O seu nome é referido na investigação “A Conspiração” da TVI que se centra no processo “Tutti-Frutti” e que alega que fez parte, com André Ventura, da lista a conselheiros do PSD liderada pelo “Sócio”.

Sandra Pereira Ribeiro

Eleita por Faro, esta directora comercial de 50 anos que vive em Vilamoura, ficou conhecida por uma frase que disse sobre António Costa num grupo do WhatsApp de dirigentes e militantes do Chega.

Dêem-lhe com um calhau na cabeça, se faz favor”, escreveu em Março de 2023. Confrontada pelo Polígrafo com a frase, a vice-presidente da distrital de Loulé do Chega referiu que foi “um desabafo” que “deriva da revolta” pela situação do país.

Sónia Monteiro

Eleita pelo Porto, esta empresária de 43 anos é presidente da Comissão Política concelhia de Felgueiras do Chega.

Assume-se como “católica, conservadora, casada, mãe de três filhos” numa nota divulgada pela Rádio Felgueiras, onde salienta que pretende “combater a política que querem instalar contra a nossa família, contra os nossos filhos”.

Vanessa Barata

Eleita por Braga, é advogada com um mestrado em Gestão e é natural de Fafe.

Deputados do Chega reeleitos

André Ventura

Reeleito por Lisboa, continua como figura de proa da bancada do Chega e é mais um dissidente do PSD. Foi condenado por segregação racial pelo Supremo Tribunal, em 2021, num caso relacionado com uma família do bairro da Jamaica, no Seixal.

Também já se referiu à teoria racista da “grande substituição populacional” por várias vezes, embora de forma muito subtil.

Em 2021, sublinhou no Parlamento que “há um problema estrutural não só em Portugal como na União Europeia que se chama ‘substituição demográfica’“. “E não tente dizer-nos que estamos a ser racistas ou xenófobos, a verdade é só uma: a União Europeia no seu conjunto tem vindo a ser substituída demograficamente por filhos de imigrantes“.

Em 2022, em entrevista ao jornal Polígrafo, tentou afastar-se desta teoria, sublinhando que “substituição não é a melhor palavra”, preferindo falar do “risco de uma crescente aglomeração, de uma certa adulteração cultural e civilizacional da Europa com os fluxos migratórios dos países islamizados ou islâmicos“.

Em 2020, a revista Sábado também publicou um artigo a dizer que “André Ventura já foi corrupto”, salientando que “enquanto inspector tributário“, “contribuiu para que uma empresa de Paulo Lalanda de Castro [envolvido no processo de Sócrates] não pagasse mais de 1 milhão de euros em IVA ao Estado“.

Bruno Nunes

Eleito por Setúbal em 2022, foi, agora, reeleito por Lisboa. Uma mudança justificada por se ter incompatibilizado com elementos da distrital de Setúbal, sendo visto internamente como “alguém que quer fazer frente a André Ventura”, como sublinha o Observador. Acabou por ser o sétimo da lista por Lisboa, mas foi mesmo reeleito.

Já foi monárquico e é acusado de ter deixando um rasto de dívidas e bens penhorados no âmbito da actividade da empresa Orangepopcorn que actuava na área do “buzzmarketing”, do marketing de guerrilha, e do SEO (optimização para motores de busca).

É vereador da Câmara de Loures e dono de empresas nas áreas do retalho (Senhor das Compras), do marketing (Ama TV) e do audiovisual (Chanik).

Terá agredido o colega de bancada Gabriel Mithá Ribeiro numa reunião do grupo parlamentar em 2022, conforme noticiou o Diário de Notícias.

Diogo Pacheco de Amorim

Reeleito pelo Porto, é considerado o “ideólogo” do Chega e não participou nas acções de rua da campanha eleitoral.

Já foi monárquico, fez parte de um Governo da Aliança Democrática e foi militante do CDS durante 15 anos. Em 2003, seguiu os passos de Manuel Monteiro na fundação do Partido Nova Democracia (PND).

Foi deputado na Assembleia Nacional no regime salazarista e foi contra a descolonização. Chegou a trocar cartas com Salazar e a mãe terá pedido ao ditador um emprego para o filho formado em Engenharia Civil, de acordo com documentos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Também integrou a rede armada de extrema-direita MDLP que fez atentados terroristas depois do 25 de Abril que mataram várias pessoas.

Filipe Melo

Reeleito por Braga, é sobrinho-neto do Cónego Melo e passou pelo PSD e pelo CDS. É também deputado municipal em Braga, e antes de ser eleito deputado pela primeira vez tinha uma dívida de cerca de 80 mil euros na Lista Pública de Execuções – entretanto, foi saldada.

Também foi condenado a pagar uma dívida de 15 mil euros por consultas e tratamentos do filho – devido à dívida, chegou a ter o vencimento de deputado penhorado.

Foi sócio até 2021, sem ocupar qualquer cargo remunerado, na Neofuseman, empresa que actua na área do comércio, importação e exportação de artigos de vestuário e acessórios de moda. Também é proprietário de uma empresa imobiliária e a esposa é sócia numa empresa de consultoria para o negócio e a gestão.

Já foi acusado de xenofobia nas redes sociais devido a um comentário sobre uma cidadã brasileira.

Gabriel Mithá Ribeiro

Reeleito por Leiria, mantém o lugar de deputado. Professor universitário e ex-PSD, é descendente de moçambicanos e o segundo dos dois únicos deputados negros com assento parlamentar.

Já defendeu que o racismo deixou de existir, mas depois disso, afirmou ter sido vítima de racismo e xenofobia. Também defende que a Europa deve “impor ao islão o peso da cruz cristã”.

É coordenador de Gabinete de Estudos do Chega e foi professor numa Escola Secundária entre 1991 e 2022.

Em 2022, deixou duras críticas ao Chega e a André Ventura, queixando-se de falta de liberdade de expressão após um conflito interno em que terá até sido agredido pelo colega de bancada Bruno Nunes, como referido acima. Entretanto, tudo se sanou e fez as pazes com Ventura.

Jorge Valsassina Galveias

Eleito por Aveiro, é presidente da Mesa Nacional do Chega. Tem uma participação de 15% numa empresa na área da restauração, mas está em exclusividade na AR.

Entre 2010 e 2019, geriu a empresa de gestão turística Lisbon Holidays depois de ter sido gestor e realizador numa produtora de anúncios publicitários e de programas de televisão.

Foi considerado o líder das “purgas” no congresso de 2021 do Chega, onde várias moções críticas de Ventura não foram sequer a votações.

Pedro dos Santos Frazão

Reeleito por Santarém, é vereador do Chega nesta autarquia e vice-presidente do partido. Veterinário de profissão, é pai de uma família numerosa, membro da Opus Dei e integra a ala ultra-conservadora do Chega.

Na campanha eleitoral, referiu que o Chega tudo fará para reverter a lei do direito ao aborto.

Num discurso em Santarém, também falou da “teoria da substituição”. “Não querem que tenhamos os filhos que queremos ter, querem substituir a nossa população com a entrada massiva de imigrantes“, disse em declarações divulgadas pela Lusa.

Foi condenado pelo Tribunal de Cascais a retratar-se de declarações falsas que fez sobre Francisco Louçã, acusando-o de receber uma “avença do BES” e de ser um “grande doador das campanhas do BE”.

Entretanto, foi constituído arguido por difamação agravada, por ter publicado, nas redes sociais, um vídeo de uma jovem que alegava ter sido “assediada” por José Manuel Pureza do Bloco.

Já foi acusado de misoginia e homofobia.

Pedro Pessanha

Reeleito por Lisboa, foi dirigente do CDS, partido de onde foi expulso. Chegou a concorrer num movimento independente à Câmara de Cascais e “assessorou vários negócios do ex-BES Angola (BESA)”, segundo afirmações de Mariana Mortágua, líder do Bloco.

Licenciado em Gestão, é sócio de duas empresas, ambas com sede em Cascais, que actuam nas áreas dos investimentos imobiliários (PPGESTE) e da construção (ESCALA-CORDATA), segundo a declaração de interesses entregue no Parlamento.

Em 2019, celebrou o 25 de Abril publicando uma fotografia de Salazar como imagem do seu perfil no Facebook, como reporta o Expresso.

Pedro Pinto

Reeleito por Faro, ex-CDS, ex-forcado e ex-promotor de touradas e um nome conhecido por ter estado envolvido em várias polémicas. Já foi acusado de insultar e agredir árbitros num jogo dos sub-16, e terá até impedido situações de ataque da equipa adversária.

Também foi acusado de ameaçar um assessor do PS nos corredores da AR depois de uma tensa discussão no plenário em torno de alterações à lei de entrada, permanência e saída de estrangeiros de Portugal.

Nas redes sociais, o presidente do grupo parlamentar do Chega na legislatura que está a terminar já foi acusado de assédio sexual por uma militante do partido em Beja.

Saudosista de Salazar, publicou nas redes sociais algumas referências ao ditador, incluindo “Viva Salazar” em 2014, como cita o Expresso.

Rita Matias

Reeleita por Setúbal, é líder da Juventude do Chega e filha do assessor do partido Manuel Matias que fez parte do extinto Partido Pró-Vida. É uma estrela das redes sociais entre os jovens e aposta forte de André Ventura.

Conservadora, católica praticanrte e crítica dos movimentos feministas, Rita Matias diz mesmo que éanti-feminista e ao invés da igualdade, defende a “equidade”. “Há direitos que os homens têm que eu não quero”, referiu numa entrevista ao Diário de Notícias.

Já foi acusada de plagiar Giorgia Meloni, a primeira-ministra italiana que também é de extrema-direita. Num discurso durante a campanha eleitoral, defendeu que no Chega são “superiores moralmente e esteticamente“. Também é conhecida por disseminar fake news nas redes sociais.

Beneficiou de uma “bolsa de iniciação científica” no Centro de investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, onde trabalhou na Gestão de Ciência e Tecnologia depois de se ter formado nesta instituição.

Rui Afonso

Reeleito pelo Porto, é presidente da Comissão Política distrital do Chega.

Num dos primeiros discursos desta campanha, fez um discurso de teor racista e xenófobo, referindo-se à necessidade de “recuperar a nossa portugalidade” e criticando o “globalismo”, a “desracialização” e a “mistura de culturas e raças” como factores que ameaçam a identidade nacional.

Foi acusado de tentativa de agressão ao ex-presidente da concelhia do Chega no Porto, após uma discussão acesa nos corredores da AR.

Foi bancário do Eurobic entre 2001 e 2022. Em 2020, o banco foi apanhado no meio dos Luanda Leaks pelo facto de ser detido em 42% por Isabel dos Santos.

Rui Paulo Sousa

Reeleito por Lisboa, fez parte do Aliança e foi líder da ilegal Comissão de Ética do Chega que castigou dezenas de militantes do partido. É o responsável pelas finanças, donativos, financiamentos, contratações e pagamentos do Chega.

Em 2022, foi acusado do crime de desobediência devido a um jantar-comício com 170 pessoas em pleno estado de emergência por causa da covid-19. Acabou por dizer que tinha autorização da Direcção Geral de Saúde, o que era mentira. Finalmente, disse que não sabia que estava a violar a lei.

Foi administrador de uma empresa de produção agrícola entre 2015 e 2020.

Ainda podem ser eleitos

O Chega ainda tem a expectativa de eleger mais deputados com a contagem dos votos dos emigrantes. Os resultados devem ser conhecidos a 20 de Março.

Assim, no círculo da Europa um dos candidatos do Chega é José Dias Fernandes, empresário radicado em França, ex-apoiante do CDS e presidente da associação Fiel Amigo do Bacalhau.

O outro candidato pela Europa é Nuno Casola, coordenador do Chega no Reino Unido.

Fora da Europa, concorrem Manuel Magno Alves, ex-PSD, e João Júlio da Silva, trabalhador da Autoridade Tributária em Portugal que está de licença de longa duração, como disse numa entrevista em Janeiro de 2022.

ZAP //

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10 Comments

  1. Com este artigo, um Milhao e cem Mil Portugueses, que votaram na extrema-Direita, tem o prazer de conhecer os seus novos Deputados, “infelizmente,” o mesmo nao se pode dizer sobre os restantes Partidos…, neste campo, parece que a imprensa se “esqueceu” deles, CHEGA neles, Ventura, a Esquerdalha e a Imprensa ao seu servico estao em panico, e pior que isso…, estao fulos por verem um Deputado de cor negra a defender os valores do CHEGA, o tal Partido que voces dizem ser Racista…

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  2. Um RX magnífico, só dos pontos negativos, muito detalhada, um jornalismo de investigação. Dá uma lista extensa, para 48 deputados, só.
    Segue a edição para os outros partidos?
    Espero e desejo que seja o início de um trabalho colossal e admirável!
    Obrigado

  3. Bem o homem que quer limpar Portugal, vai ter muito trabalho no próprio partido, na Assembleia da Republica vai ser preciso ter cuidado com as carteiras…

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  4. Não é preciso muito para ver logo que os negros do chega são os patetas uteis, que servem para o partido se apresentar como pluralista e tolerante. Só come quem quer!

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  5. ….como vai o jornalismo em Portugal!!!!….está parecendo aquela revista de fofoca, maledicência e discriminação!!!!…haja respeito pelo milhão de portugueses que têm o direito de votarem livremente numa democracia!!!…

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  6. Será que estamos numa democracia?! Porque é que não respeitam a liberdade de voto?! Também tenho o direito de escrever ou falar duas vezes a mesma coisa, ou não?!

  7. A mortágua só não diz onde estava o paizinho dela quando os assassinos do piloto do Santa Maria em 1961 atacaram o navio.
    Também não diz o que fazem tantas LGBT no Boloco

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