Neonazis 3.0. Clubes de MMA juntam racistas radicais (com Portugal na lista negra)

Lutadores de MMA - Artes Marciais mistas de calções pretos, sem camisola, e luvas de boxe a treinar.

Há movimentos neonazis que juntam “racistas radicais” em clubes de Artes Marciais Mistas (MMA). Portugal integra uma lista negra de 21 países onde esta realidade é um problema.

Um relatório da organização Projecto Global contra o Ódio e o Extremismo (GPAHE, na sigla inglesa) alerta para o crescimento de grupos neonazis ligados às artes marciais, incluindo Portugal numa lista negra de 21 países.

Estes grupos integram “racistas radicais” e são denominados Clubes Activos, por serem compostos por praticantes de Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla em inglês) e de outras actividades desportivas.

O GPAHE encontrou 149 organizações deste tipo em 21 países, muitas fundadas desde o início de 2022, com a maioria a usar logótipos associados a uma grande cruz celta branca sobre um fundo preto, conhecida por ser um símbolo do neonazismo.

Em Portugal, existiu pelo menos um grupo organizado, “embora não seja claro se ainda está activo ou se fez um esforço para ocultar as suas actividades após a publicação do relatório nacional do GPAHE sobre grupos de ódio e extremistas” no nosso país, como refere a organização não governamental (ONG).

“A sua conta de Instagram, que utilizava para fazer propaganda, foi apagada ou suspensa” e incluía como “símbolo uma cruz vermelha da Ordem de Cristo, comum ao império português e adoptada por grupos de extrema-direita no país, rodeada por duas pequenas cruzes celtas”, lê-se ainda no relatório do GPAHE.

França tem “maior número de filiais fora dos EUA”

Nos EUA, estes grupos desenvolveram várias acções públicas, desde protestos, violência sobre minorias ou “divulgação de propaganda conspiratória segundo a qual os judeus controlam o mundo e os brancos estão a ser alvo de violência por parte dos negros”.

Mas estes grupos também foram identificados por toda a Europa, Austrália e Canadá, “muitos deles com ligações a uma das mais violentas organizações internacionais de “skinheads” racistas, os Hammerskins“.

“Os seus membros têm um historial de violência e de colaboração com outros grupos extremistas”, refere a ONG, salientando que França tem “o maior número de filiais fora dos EUA”, numa “rede transnacional de clubes activos de extrema-direita e supremacia branca que se espalhou pela maior parte do mundo ocidental”.

“Nacionalismo Branco 3.0”

“Esta nova rede de “clubes desportivos” foi inicialmente conceptualizada pelo neonazi americano Robert Rundo e pelo neonazi russo Denis Kapustin, um dos principais organizadores de combates de MMA que está banido dos países da União Europeia pelo seu historial de ódio e violência”, acrescenta o GPAHE.

No final de 2020, “Rundo começou a sonhar com uma irmandade branca internacional descentralizada, chamada “Active Clubs”, que ele descreveu num ensaio de Dezembro de 2020, classificando-a de “Nacionalismo Branco 3.0″”, destaca o relatório do GPAHE.

Rundo falava ainda de um movimento “composto de pequenas células supremacistas brancas trabalhando a nível local”, para serem “mais difíceis de serem identificadas e fechadas pelas autoridades“, refere a organização.

Estes grupos iriam centrar-se “em organizações locais descentralizadas dedicadas ao desporto, ao treino de artes marciais, à propaganda e às acções de rua”.

Os seus membros “acreditam que a raça branca está a enfrentar a extinção e são promotores da teoria da conspiração da “grande substituição“, que alega que as “elites globais”, ou os judeus, estão envolvidos em esforços para eliminar os brancos nas suas pátrias históricas”, salienta o documento do GPAHE.

Por isso, os seus elementos “treinam porque acreditam que a sobrevivência da raça branca pode depender da sua capacidade de resistir a estas tendências, se necessário através da violência física“, refere a ONG, alertando para os riscos inerentes.

“É particularmente preocupante o nível de organização, o recrutamento e o rápido crescimento de uma rede revolucionária tão racista e violenta, tanto “online” como “offline””, bem como a “facilidade com que fazem alianças entre grupos semelhantes” que “reforçam o movimento supremacista branco a nível global”, avisa o GPAHE.

ZAP // Lusa

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