Cabrita vê ligação entre Spinumviva e resposta a incêndios – e defende ministra perante Montenegro

Nuno Veiga / Lusa

O antigo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

Antigo ministro da Administração Interna tem “elevadíssima consideração” por Maria Lúcia Amaral – mas noutros domínios.

Eduardo Cabrita considera que esta não é a altura de debater o que tem corrido mal na resposta aos incêndios deste Verão em Portugal. Mas vê algumas falhas centrais.

“Não nos devemos centrar no debate nesta fase de combate, apesar de estarmos há quase um mês com incêndios, alguns deles muito significativos”, começou por dizer o antigo ministro da Administração Interna.

“O mais grave foi o que mudou neste ano – e já tinha alertado no ano passado: a prioridade à prevenção. Intervenções de carácter mais estrutural, mas também a mobilização das populações para a limpeza em torno de aldeias e casas, ou criação de áreas de gestão florestal para cortar zonas de passagem de incêndios”, descreve, na RTP.

Cabrita tem visto um “défice de comando político, uma estratégia de comunicação que praticamente não existiu durante as primeiras três semanas e atrasos graves” nos meios aéreos e no pedido de ajuda à Europa.

Na RTP, o ex-ministro falou sobre “situações que não foram explicadas”, destacando uma pergunta: “Como é que é possível que todos os Canadair tenham ficado inoperacionais?

Eduardo Cabrita vê “sinais errados” no Governo actual, sobretudo uma “grande distância. Não estou a dizer que o Governo tenha de estar no local do incêndio. Mas deve liderar uma estratégia de comunicação, acompanhar o comando operacional”, explicou.

“E, manifestamente, nesse plano tudo correu mal a dois níveis: o primeiro-ministro desvalorizou – e foi até ofensivo, na festa no Pontal – o sentimento de um país a arder e uma comprovada total inexperiência política e operacional da ministra da Administração Interna”.

Cabrita sublinhou que tem uma “elevadíssima consideração” por Maria Lúcia Amaral, ministra da Administração Interna, pela “sua capacidade noutros domínios, mas não neste”.

E defende a actual ministra perante Luís Montenegro: “A ministra da Administração Interna não tem nenhuma responsabilidade pelo abandono da prevenção. Essa responsabilidade é do primeiro-ministro. O Ministério da Agricultura não existiu durante dois anos na estratégia de prevenção, houve programas desqualificados”.

Luís Montenegro lembrou, na terça-feira, que a ministra da Administração Interna só ocupa esse cargo há dois meses e que ainda está a aprender.

Cabrita reage e vê ligação com a Spinumviva. Ou seja, com as eleições antecipadas realizadas em Maio: “Nesta área, a ministra tem uma total inexperiência de gestão… Bom, mas quem inicia funções a dois meses da época de maior risco de incêndios, a responsabilidade política – também aí – é do primeiro-ministro, ao fazer uma opção com este tipo de limitações“.

ZAP //

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