Os incêndios em Espanha estão a ser um problema para o PP – que tenta “disfarçar”

Juanjo Martin / EPA

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, e o líder do Partido Popular, Alberto Núnez Feijóo

Partido pede meios inéditos ao Governo de Madrid para resolver problemas das regiões que controla há décadas.

A vaga de incêndios que atinge Espanha, a mais grave desde os anos 90, está a provocar um duro confronto político entre o Governo central e o Partido Popular (PP).

A maioria dos fogos concentra-se em comunidades governadas pelos populares há décadas: Galiza, Castela e Leão e Extremadura. Só aqui já provocaram 4 mortos e mais de 30 mil desalojados.

O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, acompanhado pelos presidentes autonómicos do partido, pediu a mobilização inédita do Exército, para além da Unidade Militar de Emergências.

Entre as exigências estão soldados para evacuação de populações, abastecimento de bens essenciais, vigilância de perímetros e utilização de maquinaria pesada.

O Governo central interpretou este pedido como uma tentativa de encobrir falhas na gestão regional da crise, destaca o El País.

Todos os meios estão no terreno desde 2 de agosto”, sublinhou a ministra da Defesa, Margarita Robles, acusando Feijóo de “demagogia” e de “enganar os cidadãos”.

O Ministério do Interior declarou a 12 de agosto a situação de pré-emergência (nível 1) do Plano Estatal Geral de Emergências de Proteção Civil. Esta decisão mantém nas comunidades autónomas a responsabilidade da gestão direta dos incêndios, cabendo ao Estado apenas reforçar coordenação e comunicação.

A passagem para “emergência de interesse nacional”, que transferiria a direção para o Governo central, só se aplicaria em cenários de maior gravidade ou que afetassem várias regiões em simultâneo. Até agora, nem o Executivo nem as autonomias pediram esse nível de intervenção.

Apesar disso, vários dirigentes regionais do PP intensificaram os pedidos de reforço militar.

Alfonso Fernández Mañueco, presidente de Castela e Leão, afirmou inicialmente que os meios eram “suficientes”, mas dias depois reclamou 1000 soldados, 30 helicópteros e 25 bulldozers.

Na Galiza e na Extremadura, os governos regionais seguiram a mesma linha, pedindo mais meios aéreos e maquinaria pesada.

Contudo, a Direção-Geral de Proteção Civil garante que todos os pedidos estão a ser atendidos, embora alguns equipamentos demorem a chegar por razões logísticas.

Do lado socialista, a vice-presidente primeira, María Jesús Montero, acusou o PP de “sacudir responsabilidades” e de culpar o Governo central sempre que enfrenta dificuldades.

O Executivo de Pedro Sánchez recorda que aumentou 16% os fundos para prevenção de incêndios e 29% os destinados a resposta imediata, ao mesmo tempo que critica os cortes regionais aplicados por governos populares nos orçamentos para proteção florestal.

Todo este debate surge poucos meses depois da tragédia em Valência, um dilúvio que matou 228 pessoas – e foi outra catástrofe natural palco de confronto entre PSOE e PP.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.