“Pronto para ir a votos”. Montenegro exige a demissão do Governo

Manuel Fernando Araújo / Lusa

Luís Montenegro, líder do PSD

Luís Montenegro exige a demissão do Governo, de João Galamba e da secretária-geral do SIRP. O presidente do PSD considera que, perante o atual panorama político, ou o Governo de António Costa se demite ou é demitido.

“As regras da democracia são claras. Com o atual panorama ou o governo se demite ou o governo é demitido”, afirmou hoje Luís Montenegro, numa declaração na sede do PSD, no Porto.

Caso um destes cenários suceda o presidente do PSD diz estar “pronto” para ir a votos e ganhar: “Eu quero dizer ao país que se uma destas duas coisas acontecer o PSD está pronto para ir a votos, para ganhar eleições e para governar Portugal”.

Luís Montenegro pediu também a demissão imediata da secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Maria da Graça Mira Gomes, e do ministro das Infraestruturas, João Galamba.

“Tomei a iniciativa de transmitir ontem da parte da manhã [quinta-feira] ao senhor primeiro-ministro que considero que a senhora secretária-geral do SIRP deve ser substituída”, disse Luís Montenegro, na sede do PSD, no Porto.

Para o social-democrata, a questão é muito grave e não pode passar em claro.

Além disso, o líder do PSD considerou que, para “bem da dignidade e da moralidade da política”, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, também “deve mesmo ser demitido”.

De acordo com Montenegro, António Costa recusou a substituição da secretária-geral do SIRP, posição que, para o PSD, isola o primeiro-ministro, que fica “o único e exclusivo responsável pelas distorções legais e reputacionais” dos serviços de informação.

Para o líder do PSD, a suspeição criada sobre o SIRP diminuiu “de forma irreparável” a confiança subjacente ao “secretismo que a democracia excecionalmente permite”, para a ação dos serviços de informações.

“Transmiti ao primeiro-ministro a minha disponibilidade para reequacionar a forma como o Conselho de Fiscalização deve atuar”, disse Luís Montenegro.

“O PSD não é indiferente à forma como o Conselho se pronunciou sem uma análise feita com contraditório, pelo que proporemos oportunamente medidas de reforço da sua independência”, acrescentou.

Montenegro defendeu que João Galamba não tem condições para continuar em funções, por ter “elevada irresponsabilidade” e não estar “à altura das suas responsabilidades”.

Além disso, o presidente do PSD acusa o ministro das Infraestruturas de estar permanentemente a atualizar a sua versão dos factos e a querer confundir “de forma infantil” o país.

Perante a insistência dos jornalistas, o social-democrata disse que os portugueses percebem bem que não cabe ao PSD assumir responsabilidades que não são suas: “eu não tenho votos suficientes no parlamento para poder demitir o governo, para poder criar um momento eleitoral por minha iniciativa”, vincou.

“Infelizmente temos um líder do governo que não entende que manter o ministro das Infraestruturas enfraquece o Governo e os poderes públicos em Portugal”, lamentou.

João Galamba afirmou na audição parlamentar que quem lhe disse em 26 de abril para contactar os serviços de informações foi o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes.

Galamba acrescentou ainda que reportou ao primeiro-ministro, já perto da uma da manhã de 27 de abril, os acontecimentos no ministério e lhe contou “que tinha sido ligado ao SIS”, chamada que aconteceu horas depois de uma primeira tentativa de contacto em que o chefe do executivo não atendeu.

O caso está relacionado com a exoneração de Frederico Pinheiro, nessa mesma noite, e envolve denúncias contra o ex-adjunto, por violência física no Ministério das Infraestruturas e alegado furto de um computador portátil. O Ministério Público está a investigar.

ZAP // Lusa

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