“Não vai ser fácil” Marques Mendes ser presidente. Anunciado departamento para emigrantes

Manuel de Almeida / LUSA

Luís Marques Mendes durante a apresentação da Comissão de Honra da sua candidatura à Presidência da República

Pinto Balsemão deixa mensagem com diversos avisos. Comissão política do candidato à presidência da República arrancou.

O candidato presidencial Marques Mendes anunciou, esta quarta-feira, que, se for eleito, vai criar um departamento “para contacto permanente com as comunidades portuguesas” e defendeu que os emigrantes possam ter à disposição o voto presencial, postal e eletrónico.

No manifesto intitulado “Comunidades portuguesas – o meu compromisso”, Marques Mendes refere que “Portugal são os milhões de portugueses que vivem no país e aí o ajudam a crescer e a desenvolver-se”.

“Mas também os outros milhões de portugueses que, fora de Portugal, honram o nosso passado, valorizam o nosso presente e fortalecem as nossas perspetivas de futuro”, lê-se no documento.

O candidato recordou iniciativas que tomou na área das comunidades, como a criação da RTP Internacional nos anos 90 do século passado, bem como o seu papel para a consagração na Constituição do direito de voto dos portugueses emigrados nas eleições presidenciais.

Para o futuro, promete criar um departamento para contacto permanente com as comunidades portuguesas, através da qual espera defender causas e respeitar prioridades, como “fazer das comunidades portuguesas um grande ativo estratégico de Portugal”.

Marques Mendes quer “reforçar a aposta na cultura, na língua e no ensino do português” e a participação política dos portugueses que residem no exterior.

Para este aumento da participação política dos emigrantes, Marques Mendes defende que estes tenham três opções de voto: “O voto presencial, postal e eletrónico“.

“Há que criar condições nesse sentido. Para estimular uma maior participação cívica e política. Para reforçar o primado da cidadania”, prosseguiu.

Investir na modernização dos consulados portugueses no exterior, “essenciais para apoiar os portugueses da diáspora”, e a consideração das condições de regresso dos portugueses reformados são outros propósitos deste candidato.

“O país precisa de tomar medidas que evitem que os portugueses que regressem sejam fiscalmente penalizados. Esta questão é essencial também por outra razão: um português aposentado que regressa é um português que pode investir em Portugal, muitas vezes em regiões do interior, fortalecendo a coesão territorial. Portugal passa também por aqui”, lê-se no manifesto.

Marques Mendes promete “valorizar as instituições da diáspora”, como o Conselho da Diáspora Portuguesa e o Conselho das Comunidades Portuguesas.

Avisos de Balsemão

A comissão política à volta da candidatura de Marques Mendes à presidência da República começou a trabalhar nesta terça-feira, a cerca de quatro meses das eleições presidenciais.

Há várias figuras do PSD na lista: Sebastião Bugalho, José Eduardo Martins, Rita Marques Guedes, Teresa Patrício Gouveia, Carlos Encarnação, Miguel Poiares Maduro, Arlindo Cunha e António Pinto Leite.

Diogo Feio, do CDS, também participa. E há vários independentes: Francisco Mendes da Silva, André Sampaio, Tiago Duarte, David Lopes, Carla Quevedo, José Gomes Mendes, Afonso Reis Cabral, Albérico Fernandes, Raquel Vaz Pinto e João Perestrello.

O presidente é Francisco Pinto Balsemão, que tem noção de que vai ser difícil colocar Marques Mendes em Belém.

Por diversos fatores: “Não vai ser fácil a missão que temos pela frente, com eleições autárquicas pelo caminho, a diversidade de candidatos à Presidência da República para todos os gostos e uma população ainda ferida pela calamidade dos incêndios e o brutal acidente em Lisboa com as dolorosas consequências que todos lamentamos”, avisa o histórico fundador do PSD numa mensagem dirigida aos membros da Comissão Política da candidatura presidencial de Marques Mendes, à qual a Lusa teve acesso.

Balsemão não foi ao evento, por motivos de saúde, e deixa outros avisos: é preciso “cerrar fileiras” numa altura em que se prolongam “querelas maldosas provocadas e aproveitadas por interesses políticos obscenos que se alimentam das desgraças alheias”.

O antigo primeiro-ministro teme que os eleitores portugueses, com três idas a votos em poucos meses, fiquem mais descrentes do “valor do voto” e receia “desânimo e cedência à abstenção”.

“Mas é nestes momentos que os ânimos da militância têm que vir ao de cima, ganhar pulso e cerrar fileiras à volta do candidato para fazer passar a mensagem de esperança num futuro melhor, com o doutor Luís Marques Mendes na Presidência da República. Vamos em frente!”, apela.

ZAP // Lusa

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