Costa, Ventura, Mortágua… 30 mentiras durante a campanha

2

ZAP // V.A. / Lusa

Presidente do Chega em destaque, Mortágua também, mas há espaço para todos os líderes dos partidos que estão no Parlamento.

Confiança. É uma das características que os eleitores priorizam no momento de votar. Querem ouvir só verdades.

Mas, tal como noutras campanhas eleitorais, os líderes dos partidos foram mentindo diversas vezes ao longo das últimas semanas.

Nos 30 exemplos aqui citados (deixámos uns mais “pequenos” ou enganos de fora), vários saíram da nossa cabeça, dos nossos apontamentos; muitos foram à boleia das verificações de factos dos colegas do Polígrafo.

Comecemos pelo candidato a primeiro-ministro que mais vezes foi apanhado a mentir, na nossa avaliação.

André Ventura

O presidente do Chega cedo se confundiu sobre o programa do próprio partido: alegou num debate que nunca tinha dito que queria taxar os lucros das gasolineiras – mas disse.

Também se confundiu sobre os programas dos outros partidos.

Garantiu que o Chega é o único partido no Parlamento que acha que a imigração deve ser controlada – mas o próprio Ventura admitiu, dois dias antes, que o controlo da imigração também está (e está mesmo) no programa da IL.

Referiu que o BE não se preocupa em construir mais habitação no seu programa – mas essa proposta está no programa do Bloco.

Afirmou que o programa do PS propõe aumento de 50 euros nas deduções do IRS – são 50 euros mas por ano, num total de 200 euros durante a legislatura; e também se enganou quando apresentou esta ideia como a “grande solução do PS para a habitação” – e a proposta nem está no capítulo socialista sobre habitação.

Ventura disse, noutro debate, que no programa do Livre não há uma única vez a palavra “prisão” e acrescentou “O Rui Tavares quer toda a gente à solta” – mas o programa do Livre refere 12 vezes… “estabelecimentos prisionais”.

Voltando ao debate com Pedro Nuno Santos, o presidente do Chega disse que o secretário-geral do PS foi colega de Governo de Manuel Pinho. Mentira. Vários anos separaram os dois Executivos em causa.

Quando falou sobre o IRC ser pago por 20% das empresas, admitiu “se não me engano” – estava mesmo enganado, porque essa percentagem é de 59,4% segundo os dados mais recentes.

Também disse que há 400 milhões de euros do Estado para associações de igualdade de género – mas a maioria dessa verba nem está propriamente destinada para esse (único) fim.

De regresso à imigração, André Ventura sugeriu que Portugal só teve uma vaga tão forte de imigração como a actual nos séculos XV e XVI; mas no pós-25 de Abril e na viragem para o século actual houve grandes fluxos imigratórios.

Por fim, talvez o caso mais popular: André Ventura contou que a campanha do Chega foi recebida com tiros em Famalicão – mas era uma mota da própria comitiva, segundo a polícia.

Mariana Mortágua

Foi talvez o caso mais surpreendente, e o mais mediático, nesta lista. Sobretudo pelas repetições.

Começou pela questão da avó. O já famoso “sobressalto” por causa de um aviso de aumento de rendas e consequente expulsão caso não aceitasse; a avó de Mortágua não poderia ser expulsa porque tinha mais de 65 anos.

Pouco depois, o pai. De novo algum familiar. Contou na televisão que o pai tinha sido condenado a prisão perpétua pela PIDE – impossível em Portugal, no século XX.

Quando se voltou ao tema da avó, revelou que a ‘Lei Cristas’ havia sido considerada inconstitucional – mas só uma alínea da lei é que foi, não foi a lei toda.

Noutro contexto, a coordenadora do BE alegou num debate que os médicos do SNS são obrigados a fazer 250 horas extraordinárias – mas essas 250 horas são o limite máximo por ano, não são uma obrigação.

Pedro Nuno Santos

Os líderes dos dois maiores partidos também não escapam a esta análise. Embora noutra escala.

Pedro Nuno Santos (PS) começou por dizer que Portugal tem a oitava maior reserva de lítio do mundo – era um bocado ao lado, tem a nona maior.

No debate com André Ventura, negou o que o adversário disse: “Portugal já está a ser ultrapassado pela Roménia” – ainda não aconteceu mas as estimativas oficiais apontam para que a economia romena ultrapasse a portuguesa em breve (ou já pode ter acontecido).

Mais recentemente, falou-se sobre a TAP: “Quando disse que os despedimentos não eram inevitáveis, não estava a dizer que não haveria redução no pessoal da TAP” – mas disse, quando anunciou 1.600 despedimentos em 2020, acrescentando “não podemos fazer de outra maneira”.

Luís Montenegro

Fica a ideia de que Montenegro foi apanhado mais vezes a mentir do que Pedro Nuno. Por ordem cronológica.

Num debate interessante com Mariana Mortágua, disse que o BE não tem propostas para baixar os preços das casas – mas tem, várias até, que foram sendo apresentadas constantemente ao longo do último mês.

O presidente do PSD, e líder da AD, afirmou que o PS cortou mil milhões de euros no sistema de pensões em 2022 – mas nem houve corte de pensões nesse ano.

Também acusou os socialistas de bater o recorde de carga fiscal todos os anos – falso, porque houve algumas descidas entre 2015 e 2023.

Também alegou que o PSD reduziu a taxa de IRC em 2014 e, no final desse mesmo ano, a receita desse imposto subiu – reduzir a taxa é verdade, receira maior é falso, porque baixou.

Já nesta semana insistiu que os jovens devem ter o direito de escolher sair de casa dos pais mais cedo porque só saem “aos 34 anos” – falso, é aos 30 anos, segundo os números mais recentes.

Pelo meio, claro, surgiu o assunto polémico do aborto. Paulo Núncio (CDS) falou sobre novo referendo, Montenegro alegou que foi uma opinião individual – mas, no encontro em causa, Núncio avisou que estava a representar a AD e o moderador avisou que as respostas seriam em nome dos partidos.

Nuno Melo

Neste caso surge também uma mentira do líder do CDS, que até falou sobre o assunto antes de Montenegro.

Nuno Melo alegou que Paulo Núncio não disse que defendia um novo referendo sobre o aborto; mas o seu colega de partido disse: “Eu acho que a única forma de nós revertermos a liberalização da lei do aborto, passará por um referendo, por um novo referendo”.

Inês de Sousa Real

A porta-voz do PAN disse algumas coisas que não são verdade. Começou por defender que o PAN tinha sido o partido com mais propostas aprovadas na última legislatura – mas ao longo da campanha corrigiu (e repetiu), acrescentando “partido da oposição”, já que o partido que liderou nesse aspecto foi o PS.

Depois, no debate precisamente com Pedro Nuno Santos, disse que Portugal é o país da OCDE e da Europa com uma maior carga fiscal – mas Portugal não está no topo europeu, nem perto do pódio sequer.

Mais tarde, queixou-se de que as advogadas em Portugal não têm apoio na maternidade e na doença – mas há um “benefício” na maternidade e um seguro para a doença (embora mais fracos do que nas outras classes profissionais).

Três R’s

Rocha, Raimundo e Rui. Um exemplo cada.

Rui Rocha (IL) disse que Portugal não tem crescimento económico com Governos PS – mas houve crescimento económico em diversos anos sob Governos socialistas, e até se prevê novo crescimento para 2024.

Rui Tavares (Livre) alegou que Portugal é um dos países da OCDE que está a investir menos na Educação – mas há 18 países atrás de Portugal no valor que se gasta por aluno. Tavares corrigiu-se mais tarde: “Portugal é dos países da OCDE que menos está a aumentar o investimento em educação”.

Paulo Raimundo (CDU) esqueceu-se de uma correcção de António Costa: disse que a União Europeia condicionou o Estado português no processo de privatização da TAP – mas Costa admitiu o erro na Assembleia da República e explicou que a privatização não era obrigatória no plano europeu.

E… António Costa

O primeiro-ministro apareceu pouco na campanha, como era suposto, mas também mentiu.

Pedro Nuno Santos visitou o novo hospital de Sintra que, segundo António Costa, só foi construído devido ao investimento do seu Governo – mas nunca foi o Governo a assumir o investimento, segundo o Nascer do Sol; foi a Câmara Municipal de Sintra que pagou tudo.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Não abram os olhos não. Os políticos mentem descaradamente. O Montenegro passou o tempo todo a dizer que houve um corte nas pensões e não é de todo verdade! Enfim, quem mente assim sem escrúpulos há -se ser muito sério como primeiro ministro. Não tem a ponta de vergonha!

    1
    2

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.