Debate das rádios: Ventura faltou, PS e PSD unidos contra os “pequenos”

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José Sena Goulão / Lusa

Debate nas rádios entre líderes partidários com assento parlamentar

No debate das rádios – onde não marcaram presença nem André Ventura nem ativistas climáticos – estiveram em cima da mesa vários temas “frescos”, que ainda não tinham feito correr muita tinta, nestes cenários.

Pobreza, justiça, política internacional e o círculo de compensação nacional… – a rádio veio dar espaço a temas que ainda não tinham tido tanto destaque nos debates eleitorais das televisões.

Sem André Ventura – mais uma vez a não marcar presença no debate das rádios, por “motivos de agenda” -, Rui Rocha, da Iniciativa Liberal (IL), não teve papas na língua ao dizer que quem não está “não pode fazer parte da solução”.

O debate descontraído, teve transmissão em direto nas rádios Antena 1, TSF, Renascença e Observador, entre as 10h e as 12h, desta segunda-feira, e começou sem Luís Montenegro, o líder da Aliança Democrática (AD), que chegou atrasado.

Os líderes dos partidos com assento parlamentar apresentaram propostas para melhorar a Segurança Social, falaram sobre política internacional, e PS e PSD mostraram-se unidos na reforma da justiça e – contra os “pequenos” – na recusa de um círculo nacional de compensação nacional; e até houve tempo para um elogia de Pedro Nuno Santos ao antigo Presidente Aníbal Cavaco Silva.

Como acabar com a pobreza?

Pedro Nuno Santos admitiu que a maior derrota das últimas décadas é a pobreza.

O líder do Partido Socialista (PS) defende, por isso, uma reforma estrutural da Segurança Social, sublinhando a necessidade de procurar novas formas de financiamento e diversificar as fontes da segurança social.

Rui Rocha, por seu turno, quer uma reforma mais a fundo da Segurança Social, com a ajuda de uma eventual privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Mariana Mortágua, porta-voz do Bloco de Esquerda, também concordou em diversificar as fontes da segurança social, com foco nos impostos sobre a riqueza.

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, por seu turno, diz que não há nada que indique um problema de sustentabilidade com a Segurança Social, e insiste que a solução para resolver o problema da pobreza garantir estabilidade social é: o aumento dos salários.

Rui Tavares, do Livre, enalteceu a chamada do combate à pobreza para o debate das rádios, sugerindo que é possível erradicar este problema, com as medidas financiadas um imposto sucessório sobre as grandes heranças.

O PAN (Pessoas – Animais – Natureza), liderado por Inês de Sousa Real, continua a defender o regresso das Parcerias Público-Privadas (PPPs), nos mais diversos setores poderá ajudar a diversificar as “novas formas de financiamento”.

Por fim, Luís Montenegro, que chegou cerca de 20 minutos atrasado ao debate admitiu que a Segurança Social é hoje sustentável, mas defendeu, igualmente, a busca por novas fontes de financiamento.

PNS e Montenegro “unidos” na justiça

Pedro Nuno Santos desafiou Luís Montenegro a chegar a um consenso sobre uma reforma na justiça – “precisamos de discutir a justiça e fazer uma reforma da justiça” – e o social-democrata aceitou.

O presidente do PSD defendeu depois que o mais importante é garantir ao país sustentabilidade e durabilidade em matérias que são chave.

Quanto aos recentes casos a envolver o Ministério Público, Luís Montenegro diz que Lucília Gago merece uma nota mais negativa do que positiva, considerando que “o MP não existe para a acusar, ma sim para investigar”. Porém, Montenegro advertiu que, neste momento, do ponto de vista legal, o MP não tem qualquer problema”.

Já Pedro Nuno Santos disse que, neste momento, o clima é de grande dúvida e desconfiança, não admitindo, contudo, fazer uma avaliação à procuradora.

O líder socialista considera que o problema da justiça vai muito para além do MP. Alinhada com Pedro Nuno Santos, esteve Inês de Sousa Real, que referiu que os megaprocessos não vão acabar de um dia para outro.

A líder do PAN considera que são precisos mais recursos/meios – nomeadamente, humanos – e valorização dos profissionais.

Houve espaço para política internacional

No debate das rádios, e ao contrário do que aconteceu nos debates das televisões, houve mais espaço para falar de política internacional.

Numa referência ao PCP, Luís Montenegro espicaçou Pedro Nuno Santos, questionando-o se está disponível a fazer acordos com um partido que não descarta as saídas da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da União Europeia (UE).

Na questão da “dívida” à NATO, Pedro Nuno Santos propôs-se, enquanto primeiro-ministro a cumprir tudo o que está estabelecido.

Por seu turno, o Mariana Mortágua sublinha a importância do Tratado para Portugal, mas recusa subjugar-se aos “interesses económicos dos outros”.

Sem espanto, Paulo Raimundo também criticou a submissão de Portugal aos interesses da NATO, considerando que a prioridade dos orçamentos deve ser a subida dos salários dos militares portugueses.

Sem surpresa e em sentido contrário aos restantes partidos, o secretário-geral do PCP não defendeu a continuidade do apoio militar à Ucrânia, por considerar que não é benéfico para restabelecer a paz: “é o que se tem visto”.

PS e PSD unidos contra os “pequenos”

Os “partidos grandes” não aceitam a ideia da introdução de um mecanismo de compensação nas eleições legislativas, proposto pelo Livre, PAN e Iniciativa Liberal, e visto com bons olhos pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.

Os “pequenos” querem acabar com o desperdício de votos, que se verifica em grande parte do território, onde esses partidos não têm capacidade de eleger, fomentando, assim, o voto útil.

Pedro Nuno Santos argumentou que a “fragmentação parlamentar” também é um problema, e que pode pôr em causa as condições da governabiliade.

Luís Montenegro também não concorda com a posição dos “pequenos”, mas admitiu a introdução de uma majoração para os círculos com menos população.

Rui Tavares apontou o paradoxo eleitoral do método atual, lamentando que a máxima prevista de “um homem um voto” não esteja a ser respeitada.

Outros momentos do debate

O tema da “proibição dos telemóveis nas escolas” também esteve em destaque. A generalidade dos partidos pareceu aberta à ideia, menos a Iniciativa Liberal, que defende que cada escola deve ter liberdade para decidir a própria metodologia.

Quanto à saúde, ficámos a saber que, se Pedro Nuno Santos vencer, Portugal arrisca-se a ter um primeiro-ministro sem médico de família.

Rui Rocha considerou irónico que o “papão” da troika continue a ser trazido para os debates pela esquerda, quando considera que foi o PS a trazê-la para Portugal.

Falando em troika, Luís Montenegro foi questionado sobre se o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho fará parte da campanha da AD ou se vai estar a dar aulas: “Logo vemos…”, respondeu o social-democrata. Por trás, entre risos e num tom irónico, ouviu-se Paulo Raimundo a dizer: “Pode ser que haja um feriadinho e não haja aulas”.

Uma das conclusões do debate foi que Rui Tavares também tem um tabu: não esclareceu se seria ou não o candidato do Livre às eleições europeias de junho.

Até houve tempo para um inesperado elogio de Pedro Nuno Santos a Aníbal Cavaco Silva, quando, em 2015, o então Presidente da República exigiu acordos escritos entre os partidos: “Sempre defendi que os acordos devem ser escritos por razões de transparência e clareza”.

Miguel Esteves, ZAP //

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2 Comments

  1. Ventura faltou e não fez falta.
    A sua ausência permitiu um bom debate, democrático e esclareccedor, até no que concerne aos silêncios etabus do representante da AD.
    Mariana Mortágua e Rui Tavares fizeram as honras do evento.

  2. Como acabar com a Pobreza e melhorar a Segurança Social é Fácil , basta deixarem de pagar subsídios aos que vêm de fora que isso se resolve agora andarem 500 a Descontar para 2000 isso não há sistema que aguente .Segundo a Segurança Social “As obrigações de estrangeiros residentes em Portugal são semelhantes às dos portugueses.” mas segundo a Lei ..”A partir do momento em que obtém rendimentos em Portugal, passa a estar abrangido/a por um conjunto de obrigações fiscais. “, ou seja anteriormente a isso recebem da Segurança Social sem contribuir….

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