Pedro Nuno vs. Ventura: tanto Sócrates na conversa (e tanta confusão)

1

ZAP // Miguel A. Lopes, Manuel Fernando Araújo / Lusa

O debate começou de forma calma – e com um elogio – mas o volume foi crescendo e as trocas de acusações também.

O debate entre Pedro Nuno Santos e André Ventura, um dos mais aguardados entre os 30 encontros programados rumo às eleições legislativas, começou com um momento louvável. Por parte dos dois.

O secretário-geral do PS, o primeiro a falar, utilizou os primeiros segundos para deixar palavras de apoio e de solidariedade com Luís Montenegro, porque no próprio dia tinha sido divulgado o falecimento do seu sogro – um gesto sublinhado pelo líder do Chega.

Mas o volume e a sobreposição (e a confusão) cedo começaram a aumentar, nos estúdios da TVI.

O assunto que mandou no debate foi a corrupção/justiça. Isto porque, poucas horas antes, foi anunciada a saída em liberdade dos três suspeitos de corrupção na Madeira, incluindo o antigo presidente da Câmara Municipal do Funchal, que estavam detidos há três semanas.

Pedro Nuno está preocupado com o tempo que se demoram a decidir processos. Mas acha que a Justiça “está a funcionar” e que não há mais casos de corrupção – o que há é uma maior percepção dos casos, precisamente porque há mais processos a decorrer. Em relação ao caso na Madeira, não acha correcto os suspeitos passarem 21 dias detidos para depois saírem – mas disse que foi o tempo que o juiz precisou para tomar aquela decisão.

Ventura repetiu o desejo de aumentar as penas em casos de corrupção. E falou – várias vezes – sobre José Sócrates para defender uma das suas prioridades para a justiça: diminuir a capacidade de recursos dos arguidos. Classifica o caso de Sócrates, que se prolonga há 10 anos, como um “abuso de direitos” devido a tantos recursos: é uma constante “apresentação de recursos para atrasar a justiça”.

Pedro Nuno lembrou que Ventura já foi condenado por difamação e também recorreu, por isso “as regras têm de ser iguais para todos”. O líder do Chega disse que o PS não faz uma única menção a corrupção no seu programa eleitoral, por isso, alega, não quer combater esse problema.

Este é um resumo de cerca de 15 minutos de debate repletos de palavras por cima de palavras, acusações por cima de acusações. Ventura disse três vezes que o PS “é como o Melhoral, não faz bem nem faz mal”, Pedro Nuno também ia dizendo várias vezes a mesma ideia (acusação de o Chega não ter soluções) em poucos segundos.

Ventura “só mente” e é perito em “enganar pessoas”, segundo o socialista; Pedro Nuno foi o “ministro das trapalhadas” e o “candidato amnésia”, segundo o adversário neste debate. Isto num regime do “Você não faz contas e não é para ser levado a sério” – disse Pedro Nuno – ou “Você não fez nada para melhorar o país e é um candidato impreparado” – atirou Ventura.

Sobre a saúde, o líder do Chega criticou a proposta do PS de colocar os médicos a compensar o Estado antes de saírem para o sector privado: “A ideia era amarrar médicos ao SNS, eles querendo ou não querendo. É uma medida estalinista mas entretanto percebeu que tinha de voltar atrás. Pedro Nuno Santos assegurou que tudo vai ser feito “em negociação com os médicos”.

Na habitação, que passou pelo ex-ministro Pedro Nuno Santos, André Ventura repetiu a ideia de que temos a construção mais baixa do século – foi mais um motivo para Pedro Nuno dizer que o adversário estava a mentir: “Isso é construção privada. Não pode mentir, não pode terminar a mentir que é o que faz sempre, mente e engana”.

Mesmo na parte final, Pedro Nuno Santos perguntou a André Ventura quem é que lhe deu a “garantia total” de que ele vai integrar o próximo Governo. Ventura tinha dito na CNN Portugal: “Se houver maioria parlamentar de direita, tenho a garantia total – não posso revelar de quem – de que haverá governo de direita. Com ou sem Montenegro. E não tem de ser com Passos”. O líder do Chega não esclareceu.

No meio deste debate “inaudível”, como descreve o Diário de Notícias, Pedro Nuno tentou colocar Ventura muito próximo do PSD, refere o Público. E reinou o equilíbrio no meio do caos, num debate que foi claramente mais complicado do que outros para Pedro Nuno Santos.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. Estranho, nenhum Jornal de Esquerda, incluindo este, menciona a percentagem de vitoria neste debate, dizem que nao correu tao bem ao PNS…, porque a percentagem foi de 65% para o Ventura, e 35% para o PNS!!!!!, os Milhoes que o Costa deu a comunicacao Social estao a fazer efeito…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.