Documentos sobre roubo de Tancos fechados num cofre e com consulta condicionada

Paulo Cunha / Lusa

Guarita abandonada no complexo militar de Tancos

O chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, foi ouvido na Comissão de Defesa Nacional sob sigilo, no âmbito do roubo de armas em Tancos. As informações prestadas estão classificadas como confidenciais e ficam guardadas num cofre, no Parlamento, com consulta condicionada.

Os documentos do processo de inquérito ao roubo de Tancos, que decorre na Comissão de Defesa Nacional, estão classificados como confidenciais e “encontram-se fechados em envelopes dentro de um cofre”, no Parlamento, avança o Público.

Enviados pelo ministério da Defesa no âmbito da investigação, estes documentos só poderão ser consultados pelo deputados efectivos daquela Comissão que o requeiram, com algumas regras, não podendo levar telemóvel ou copiá-los.

“Nem o próprio presidente da Comissão teve ainda acesso a eles”, apurou o jornal junto de Marco António Costa, deputado do PSD que lidera o inquérito.

O general Rovisco Duarte foi ouvido, esta terça-feira, à porta fechada, durante três horas e meia. “Houve uma total transparência nas explicações que foram dadas“, disse Marco António Costa aos jornalistas, considerando que ficou esclarecido com as justificações dadas pelo chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), na audição sobre o furto de material militar em Tancos.

Marco António Costa disse que o general foi questionado sobre os motivos da classificação como “confidencial” dos documentos enviados pelo ministério da Defesa, relativos às “averiguações que o próprio Exército realizou no âmbito do processo”.

“Tínhamos solicitado essa informação, foi-nos enviada. As justificações parecem-nos adequadas. É a avaliação que eu faço”, disse, escusando-se a revelar mais detalhes.

Marco António Costa considerou que o que fica por esclarecer sobre o caso de Tancos “são matérias do foro criminal e de natureza organizativa“, sublinhando que a audição serviu para que “o Parlamento ficasse dotado de mais informação para trabalho futuro, no que diz respeito a eventuais alterações que possam vir a ser propostas, no âmbito das iniciativas dos grupos parlamentares”.

Segundo fontes presentes na audição, ouvidas pela Lusa, Rovisco Duarte foi questionado sobre a discrepância entre o material militar furtado em Tancos e aquele que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar na Chamusca, que encontrou uma caixa de petardos que não constava na relação inicial.

Rovisco Duarte, acrescentaram as fontes, explicou que se trata de uma caixa com 100 explosivos pequenos, de 200 gramas, e clarificou as suas declarações à imprensa, no passado dia 31 de Outubro, em que considerou a situação “compreensível”.

No Parlamento, o general frisou que considerou que a falha de inventário era compreensível, mas inaceitável e que o Exército está a melhorar o sistema de inventariação.

Rovisco Duarte reiterou a explicação já avançada no passado dia 31 de Outubro, em conferência de imprensa, dizendo que se tratou de material que é retirado do paiol e não é todo usado no mesmo dia, regressando sem registo de entrada.

Segundo as mesmas fontes, o CEME deu ainda explicações pormenorizadas sobre os motivos para a desactivação dos paióis de Tancos e sobre a transferência do material para Santa Margarida e para os paióis da Força Aérea e da Marinha, bem como sobre os planos do Exército para reforçar a segurança das unidades e para melhorar sistemas de inventariação.

O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, vai ser ouvido pela Comissão de Defesa Nacional no próximo dia 28 de Novembro. Não se sabe ainda se a audição será à porta fechada ou aberta à comunicação social.

ZAP // Lusa

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